3 Indecifrável

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Rebecca Patrícia Armstrong


Ainda estou confusa com o que acabou de acontecer, realmente estou com sono? Estou vendo coisas? Os pensamentos continuam inundando minha mente. Olho pelo retrovisor e me deparo com a figura pelada ainda parada lá atrás. – Será que é uma nova forma de roubo ou até mesmo sequestro? – Questiono a mim mesma. – Tanto faz. – Descido então saber o que está acontecendo, abro a porta do carro e saiu.


Caminho em direção a mulher, quanto mais perto, consigo ver seu real estado, tem uma folha de uma arvore que não consigo identificar qual seja, amarrada em seu braço, pelo jeito ela conseguiu diminuir o fluxo, tem sangue seco em partes de sua pele, ainda assim, não foi o suficiente, pois continua fluindo em pequenas quantidades,  não parece muito animador de todo modo. Consigo constatar nessa pequena analise.


Apresso meu passo para chegar mais perto, quando me aproximo vejo seus lábios machucados, sua boca está ressecada e claramente está apática, provavelmente pela perca de sangue. Nesse momento ela parece me notar, ela olha para mim com uma profundidade absurda, juro que parece que seu  olhar consegue vislumbrar minha alma por completo. Estou um tanto aturdida, mas um passo, eu chego em sua frente.

Ela continua me fitando. – Becca, enfim te encontrei. – Esboça um sorriso e cai em cima de mim, nem consigo raciocinar direito.

- Moça? Consegue me ouvir?- Ela provavelmente desmaiou, penso comigo mesma. - Ela me conhece de onde? - Continuo confusa.

Nossa como ela é pesada, tento arrastar ela com muito esforço para meu carro. Sento ela no banco e por sorte eu tenho um sobretudo na parte traseira, coloco em seu corpo. - Mais que porra. – Esbravejo alto, depois de bater a cabeça com força no teto do carro, ponho o cinto nela.


Com esforço consigo colocar o carro de volta na estrada, volto para o hospital. Quando chego vou até a entrada e peço uma maca e dois enfermeiros para me ajudar.

Chego esbaforida na recepção, com minhas roupas cheias de sangue. – Oi de novo Malee, onde está Kade? – Pergunto a recepcionista, pela médica do plantão.


Ela me olha assustada e em seguida para a pessoa que eu trouxe. – Ela precisou sair rápido, aqui estava calmo e ela recebeu uma ligação. - Falou sem jeito.

Respiro fundo e ignoro isso, não vou tratar disso agora. – Por favor ligue para ela voltar agora. – Me viro e vou direto para o leito da garota.

Peço ajuda a Joana para me ajudar a tirar o sobretudo e colocar a roupa hospitalar. – Obrigada Joana.- Falo, retirando a folha amarrada com um ramal qualquer.


É um ferimento a bala, possui  um orifício de entrada e saída. Isso é bom, começo a limpar. Enfim, o sangramento parou por completo, começo a fazer o curativo, administrei um soro para manter ela hidratada, enquanto retiro uma pequena amostra para teste de tipagem.

Fico preocupada, espero que ela não piore até lá, entrego o frasco para enfermeira levar para o teste. Enquanto isso vou limpando, o rosto e passando algumas pomadas. Fico ao seu lado, depois de muito tempo vejo que Kade chegou.


- O que aconteceu? Você devia está de plantão, essa mulher poderia ter morrido se eu não estivesse aqui. – Falo irritada. – Esse é seu trabalho, se não consegue fazer é melhor sair, você cuida de pessoas, estamos lidando com a vida e a morte. – Continuo em um tom nem um pouco amigável. Ela me encara e continua com um olhar presunçoso.

- Desculpa Rebecca, mas você não é minha chefe. – A olho e sinto minha mandíbula semi cerrada.

- Amanhã reportarei ao RH. – Agora eu estou possessa. Ela me olha assustada.

IncógnitaOnde histórias criam vida. Descubra agora