10 Pendências

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Rebecca Patrícia Armstrong

Algumas horas antes


Entro em meu carro e me encaminho direto para o hospital. – Parece ter passado anos em apenas um único dia, meu bebê contando cada história. – Falo enquanto tateio o envelope em cima do banco carona. – Será mesmo que tudo que ele falou é verdade? O fato é que ele falou a idade da Freen e a data de nascimento dela. - Caio em percepção que estou sempre usando o apelido que Oliver mencionou ser de Sarocha. – Digo que duvido do meu bebê e ao mesmo tempo uso o apelido que ele menciona? Que inacreditável. – Repreendo a mim mesma, negando com a cabeça.

Chegando ao hospital, dou bom dia a todos que tenho acesso, durante o meu percurso. Chego em minha sala e dou de cara com Charlie. – Ai que susto, logo pela manhã. – Finjo que realmente aquilo me abalou e coloco a mão sobre o peito. – Bom dia bonitão.

- Muito engraçada você, demorou mais apareceu né? Bela adormecida. – Revirou os olhos. – Acabei de ficar sabendo de uma fofoca quentíssima bicha. – Bate de leve no meu braço.

- Tu é né? – Sorrio para ele. – Sério que nem meu deu bom dia? – Faço biquinho.

Charlie arqueia uma sobrancelha e cruza os braços. – Rebecca Patrícia Armstrong, você está apaixonada? – Ele me olha sério. – Eu te conheço a três anos e nunca te vi fazendo biquinho. Quem é o cara? Me conta. – Falou bufando.

- Precisava falar meu nome completo? Meu coração até doeu. – Passei a mão de leve sobre o coração, geralmente acho que é algo ruim, quando o ouço dessa maneira. – Não estou apaixonada por ninguém. – Dou de ombros e coloco minha bolsa e o casaco sobre o cabideiro.

- Ei espera ai, eu não sou gay. – Ele fecha a cara no mesmo segundo que percebe o que falei a instantes.

- Depois de minutos só percebeu isso agora? – Ri alto de sua cara. – Sério, tua cara é a melhor, estou brincando com você, só relaxa. – Dou batidinhas de leve em seus ombros.


Sento em minha cadeira. – Você está de folga esses dias e saiu de casa essa hora para fofocar? – Falo cinicamente. – Não tem nada melhor para fazer não? – Sorrio maliciosamente.

- Claro que fofoca é o melhor prato do dia. Larga de show que tu nunca presta atenção em nada, só faz teu trabalho e segue a vida. – Charlie fica mal humorado novamente. – Posso contar a fofoca ou não? – Continua em pé com o rosto virado para qualquer lado, que não seja olhando para mim, fingindo irritação.

- Prossiga, você saiu da sua humilde residência, as que horas são mesmo? – Olho meu relógio e constato a hora. – As 8:30 da manhã para fofocar, nossa quase de madrugada. – Falo rindo.

- Desse jeito dona rabugenta? – Pois não conto mais. – Charlie caminha para a porta. – Tenha um dia agradável doutora poderosa. – Fez aspas no doutora poderosa.

- Deixa de drama e fala logo o que tu tem pra dizer, tô curiosa já. – Reviro os olhos.

- Não era você que não queria saber? – Deu uma risada estridente.

- Sabia que se para mulher é feio fofocar, imagina para um homem? – Falo entre dentes.

Charlie deu de ombros. – Fofoca é agro, fofoca é TEC, fofoca e tudo. – Falou em uma naturalidade.

IncógnitaOnde histórias criam vida. Descubra agora