Quarto capítulo

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DIEGO

FLASHBACK ON
UM DIA ANTES

Diego? O senhor Rogério solicitou a sua presença na sala de reuniões. — Beatriz fala baixo próximo a minha mesa.

Ricardo me encara e sinto meu corpo congelar.

— Claro, estou indo.
— Agora, Diego.

Balanço a cabeça e acompanho Beatriz até a sala do coordenador de assistência do programa.

— Diego, boa tarde.
— Olá, boa tarde.
— Diego, serei direto para economizar o nosso tempo, gostaria de saber o motivo do seu interesse em dados pessoais dos participantes do programa.
— Não entendi, como assim? — Pergunto confuso.
— Você não solicitou o endereço e o telefone de um dos participantes?
— Sim... mas...
— Você sabe o que é a Lei LGPD? — A voz dura me arrepia.
— Sei, sim senhor.
— Bom, nossos técnicos em TI verificaram que a funcionária — Ele checa um papel — Jennifer estava acessando as informações pessoais de um dos participantes. Eu sei que você sabe de quem.

Balanço a cabeça com os olhos baixos.

— Primeiro eu preciso saber o motivo de você solicitar que ela acesse informações protegidas pela lei LGPD.
— Eu... eu sou amigo do Amaury.
— Se fosse, ela não precisaria passar esses dados.
— É que eu ainda não era.
— Diego, você perseguiu um participante?
— Não! — Falo assustado — Pelo amor de Deus, não! Eu... eu só não tinha o telefone, ele foi eliminado daquele jeito. A fala do Jeremiah. — Me embolo — Ele saiu daqui muito abalado, eu fiquei preocupado.
— E resolveu perseguir um participante? Diego você é um membro do programa, deveria ser imparcial!
— E eu sou!
— Claramente não é. Nós tivemos que dispensar uma funcionária como a Jennifer e agora teremos que dispensar você.
— Não, pelo amor de Deus. Eu assumo toda a culpa, não faz isso com a Jennifer não. — Peço apavorado.
— Já foi feito, ela quebrou uma das cláusulas da Lei Geral de Proteção de Dados.
— Mas eu que pedi, eu assumo, me demite mas não faz isso com ela, por favor!
— Não podemos, Amaury poderia processar a emissora, e ganharia, por causa dessa atitude.
— Mas ele não vai.
— Não sabemos, se você indicar a ele para fazer isso, ele poderá fazer e você será testemunha.
— Não faremos nada, eu prometo.
— Sua promessa não vale de nada, Diego. Pode arrumar as suas coisas e ir para casa, o RH vai entrar em contato para organizar o trâmite final.

Abro a boca algumas vezes mas não consigo falar nada. Antes que eu pudesse sair da sala ele complementa.

— Ah, vimos você retirando um dolmã e um toque blanche do armário de caracterização, espero que tenha devolvido para que a sua dispensa não acarrete um boletim de ocorrência.
— Já foi devolvido. — Falo de cabeça baixa.
— Ótimo, tudo de bom, Diego.

As lágrimas lavavam meu rosto durante todo o trajeto até o vestiário. Me vejo em Amaury, saindo desse ambiente carregando dores por atitudes erradas e palavras duras.

Procuro Jennifer pelos corredores mas não a encontro, ligo e ela não me atende, também não encontro Ricardo. O sentimento de culpa e dor me envolvem completamente. Se fosse só o meu emprego, talvez não doeria tanto, mas, envolver Jennifer nisso me machucava muito.

Chego em casa rapidamente e tento pensar em algo que eu poderia fazer para consertar essa confusão. Ouço o toque ressoar algumas vezes e a voz de Alice do outro lado.

Chef - Dimaury 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora