Sexto capítulo

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DIEGO

O sábado amanheceu com sol e muito calor, o relógio marcava oito horas mas eu sentia que era muito mais. Me levanto e tomo um longo banho, me pego cantando samba no chuveiro e dou gargalhadas ao ver que estava adquirindo os gostos de Amaury. Desligo o chuveiro quando ouço o celular tocar.

— Oi?
— Bom dia, te acordei?
— Não, eu estava no banho. Tudo bem?
— Tudo ótimo, queria saber o que você gosta de sobremesa.
— Qualquer coisa, Amaury. Como de tudo. — Encaro meu reflexo no espelho embaçado.
— Posso fazer uma torta de limão então?
— Pode sim! Você não quer ajuda? Espera eu chegar para fazermos.
— É que demora a firmar, eu ia fazer agora, para comermos a tarde.
— Eu... posso ir agora. Estava pensando em ir mais tarde só para você não acabar me expulsando de tanto que estou ficando ai.
— Eu amo sua presença, Diego. Por mim você pode vir agora.
Só vou me arrumar então, chego em vinte minutos.
— Te espero, o porteiro avisou que é só colocar a digital?
— Avisou sim.
— Ótimo, até já.
— Até, um beijo. — Arregalo os olhos quando percebo o que falei.
— Beijo.

AMAURY

Ouço a campainha assim que termino de bater os biscoitos no mixer. Coloco o pano no ombro e caminho até a porta para encontrar um Diego sorridente com sacolas na mão.

— Trouxe chocolates para fazermos uma ganache na torta de limão.
— Olha, que cozinheiro! — Abro os braços para receber ele em um abraço forte.
— Tudo bem?
— Tudo ótimo e com você?
— Perfeito. Pronto para mais um dia de aula.
— Foi um intensivão culinário.
— E eu amei! — Ele entra.
— Já adiantei algumas coisas, você vai fazer a massa enquanto eu faço o creme.
— Sim, chef!

Diego lava as mãos e se aproxima da bancada, pegando os ingredientes que eu já havia separado.

— Quando você falou torta de limão eu só lembrei da minha avó... — Ele sorri jogando os biscoitos esfarelados na vasilha.
— Sério? Por que?
— Quando eu era criança, e os meus pais estavam em um momento complicado, minha avó me levava para a casa dela e sempre fazia torta de limão. Eu a ajudava a preparar e durante todo aquele momento eu esquecia de tudo o que estava acontecendo em casa. Era só eu, a vovó e a torta.
— Então me ensina a fazer a torta da vovó. — Encaro os olhos dele — Eu vou amar aprender o jeitinho que ela fazia.

Os olhos de Diego ficam vermelhos e ele balança a cabeça algumas vezes concordando.

— Isso aqui era o que ela sempre fazia. Ai meu Deus, será que eu vou lembrar?
— Bom, vai falando o que você lembra, se algo for dar errado eu te aviso e adaptamos, pode ser?
— Sim, vai ser a receita da vovó e do Maury. — Sinto meu peito dar um solavanco com o apelido e o tom dengoso com que ele fala.

Balanço a cabeça concordando e me posiciono ao lado, ajudando ele a despejar a manteiga derretida nos biscoitos.

— Agora ela amassava bem, incorporando os dois, ah, ela colocava uma pitadinha de sal na massa.
— Mas essa manteiga já tem sal.
— Será que vai salgar?
— Podemos colocar bem pouquinho só para mantermos a receita, pode ser?
— Isso! — Diego responde empolgado. — Alexa, toca MPB.
— Tocando a playlist de MPB no Amazon Music.
— Ué, você pedindo MPB?
— Você me deixou feliz, sei que esse estilo te deixa feliz, quis retribuir.
— Mas quem cozinha escolhe a musica, lembra?
— Estamos cozinhando juntos. — Diego pisca um olho e sorri para mim quando Cheiro de Amor, de Maria Bethania ressoa na Alexa.

De repente fico rindo à toa sem saber por quê
E vem a vontade de sonhar, de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente...

Chef - Dimaury 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora