26. Emma

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Estou quase chegando à casa da irmã da Jenna, mas com duas horas de atraso.

Eu já esperava me atrasar uma hora por causa do treino, mas acabei me atrasando mais uma por causa do trânsito na estrada. Estou exausta. Atordoada. E quero muito bater na minivan que está na minha frente para ver se ela acelera, mesmo acreditando que o adesivo de uma família de bonecos de palito com orelhinhas de rato no vidro traseiro tente me dissuadir.

Não funciona.

Eu deveria ter pedido para o motorista me trazer, mas... sei lá. Às vezes, quando estou cansada e acho que uma soneca cairia bem,
sinto a necessidade de me forçar mais. Além disso, odeio ir com a suv para eventos pessoais. Parece que estou carregando um
letreiro luminoso que diz: olha como sou especial!

Solto o volante e esfrego o peito. Estou tensa, o coração ainda acelerado por causa do treino. Jenna provavelmente estava certa: eu deveria ter ficado em casa. Só que não consegui. As coisas parecem estar avançando entre nós, e quero mostrar que sou capaz de fazer companhia a ela e ter uma carreira na nfl. Não quero que ela se sinta desprezada ou ignorada. Sei que ela valoriza a família e esse tipo de evento, então quis aparecer. Talvez seja só por estar delirando de exaustão, mas, durante aquele breve beijo no meu sofá (e aquele do corredor, no qual não paro de pensar), eu soube que ela desejava aquilo tanto quanto eu.

Me desejava.

Nem acredito que meu charme está funcionando. Que essas idiotices todas que os caras me mandaram fazer estão dando certo.

Jenna e eu estamos... nem posso me permitir pensar nisso ainda. Até
ouvir as palavras “Emma, não te vejo mais apenas como amiga” da sua boca, não vou conseguir aceitar.

Finalmente, lá pelas oito, paro na frente da casa da Mia. Já escureceu, mas as janelas da casa estão iluminadas e, vez ou outra, uma sombra passa correndo.

Quando abro a porta da caminhonete, ouço o caos absoluto lá dentro. Sorrio, porque, como sou filha única, minha casa era sempre silenciosa. E eu amo essa bagunça.

É o que quero.

Bato na porta, mas não tenho resposta, então entro mesmo assim. O alvoroço me atinge que nem uma inundação.

Crianças. Por. Todo. Lado.

São tantas crianças de tamanhos e formatos diferentes, rindo e gritando, correndo pela casa com arminhas de brinquedo, atirando
bolas de espuma. Encontrei os filhos de Mia algumas vezes, e Jenna já levou a família toda para alguns dos meus jogos, então os
sobrinhos me reconhecem na hora. O aniversariante, Levi, me vê primeiro e vem correndo. Eu me preparo para o impacto, mas ele para bem na minha frente e abre o sorriso desdentado.

— Emma! Olha minha arminha nova!

Ele está muito animado, e finjo nunca ter visto nada tão legal na vida.

Não sabia o que comprar de presente, então pedi uns favores e a maioria das minas do time assinaram uma bola de futebol.

Quando a tiro da sacola, fica óbvio que errei feio, mas ele se esforça para fingir
estar impressionado.

— Ah. Uma bola. Legal! Valeu.

É um lixo. Ele odeia. Mas gosto de saber que alguns adultos venderiam um rim por essa bola, e esse menininho a joga com desprezo no sofá. Nem liga.

Aí eles gritam:

— Ataque ao quarterback!

Imediatamente sou atacado por dez pestinhas, que não me largam. Apesar de não estar no clima, decido acelerar pelo corredor principal estreito, que nem um urso feroz, até a cozinha, porque sei que gostam desse tipo de brincadeira.

Táticas do amor - Jemma. Onde histórias criam vida. Descubra agora