31. Jenna

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— Vou me casar, vou me casar, vou me casar — repito umas quinze vezes diante do espelho do banheiro do hotel.

Por sorte, eu já estava de vestido branco no jogo. Tirei a camisa do time e, pronto, noiva instantânea! Falando assim, pareço até uma sopa.

Inclino a cabeça para meu reflexo. Espero não estar com cara de sopa.

Mia para atrás de mim e põe as mãos nos meus braços.

— Está em dúvida? Se quiser, arranjo um carro para te tirar daqui em cinco minutos.

— Se você tentar me fazer mudar de ideia, vou te enfiar nesse carro e te mandar para a Austrália! Estou tão pronta que chega a
doer.

Mia sorri.

— Eu sei. Estou tão feliz por poder estar aqui nesse momento.

Já ligamos para nossos pais e, apesar de eles não estarem alegres de perder o casamento da filha, são viciados em comédias românticas e admiram a intensidade da situação. Eles estarão presentes por chamada de vídeo, e suponho que os pais de Emma também.

Os trinta minutos seguintes são dedicados à arrumação, mas, já que nem eu nem Mia temos experiência com sombra de olho e grampo de cabelo, ligamos para o mestre.

— Penteia o lado direito para trás, que nem uma bela onda chegando à praia no pôr do sol — diz Hunter, na tela do meu celular.

Mia faz uma careta e puxa meu cabelo com força com a mão desajeitada. Meu coro cabeludo chega a arder.

— O que isso quer dizer, Hunter?

— uma bela onda no pôr do sol, Mia! Não é para parecer uma vovozinha mão de vaca no Natal.

Minha irmã murcha, então cochicha:

— Não entendi nada.

— Nem eu. Faz o possível.

Mia acaba agradando o mestre e seguimos para a maquiagem. O pincel treme na mão dela ao se aproximar da minha pálpebra, e ela vai repetindo as instruções de Hunter.

— Um pássaro voando pelo cânion, com asas de pó dourado... consegui.

Só vejo o olho enorme dele na tela, de tanto que está grudado.

Quando acabam de me arrumar, me olho no espelho. Humter e Mia suspiram ao me ver, o que me faz lacrimejar.

— Não acredito que é verdade. Vou me casar com minha melhor amiga.

Mia funga e apoia a cabeça no meu ombro.
Hunter seca uma lágrima e acena com a cabeça.

— É isso aí, gata. Agora enfia a mão nesse sutiã e puxa esses patinhos para a superfície.

Ótimo. Uma solução necessária para acabar logo com as lágrimas.

                                    * * *

Emma manda o cronograma atualizado para Mia por mensagem a cada instante, alegando que é nosso casamento e eu não deveria me preocupar com a logística.

Agora são onze da noite, uma hora
depois do fim do jogo, e Mia me conduz pelo saguão do hotel noite afora. O ar frio sopra nos meus braços e, como se fosse o sequestro mais bem planejado do mundo, uma suv blindada para no meio-fio.

Mia abre a porta e me enfia no carro. A porta fecha com força e, por um minuto, temo que ela não tenha conseguido entrar.

Ufa. Entrou,

Táticas do amor - Jemma. Onde histórias criam vida. Descubra agora