9. Jenna

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Graças a dlasxx postei cap hj KKKK, se pá, lançarei mais um...

Ah, não.

Acho que alguem confundiu minha cabeça com uma estrada esburacada e ligou uma britadeira para os reparos. Por que as meninas me deixaram beber tanto ontem? Devo ter ficado completamente bêbada, porque antes mesmo de abrir os olhos já sei que estou no apartamento da Emma. Tudo tem o cheiro dela, e esses lençóis macios só podem ser do quarto de hóspedes. Para ela nem me deixar ir para casa, eu devia estar fora de mim. Que vergonha.

Lembranças flutuam pela minha mente, e tento prestar atenção em casa uma delas. Parte de mim não sabe se quer lembrar. E se eu tiver tirado a blusa no restaurante? Não. Emma não me deixaria fazer isso. Mas já sei muito bem que fazer serenatas para quem estiver por perto não é tão impossível.

Ainda bem que não me lembro de nada desse tipo. Só me lembro vagamente de derrubar bebida na roupa e correr para lavar no banheiro. Acho que me lembro de tagarelar sem parar com uma coitada, e depois... ah, é, Emma foi me resgatar. Ela sempre faz isso. Talvez seja parte do motivo de ela não se sentir atraído por mim - Emma quer uma mulher mais normal.

Chuto o ededrom pata longe, para desespero da minha enxaqueca, e o olho para baixa: estou completamente vestida, ainda com as roupas de ontem, e fico estranhamente decepcionada. Nos filmes, quando a melhor amiga enche a cara e o mocinho a leva para casa em segurança, ele oferece uma camiseta larga e a ajuda a trocar de roupa (mas fica de costas o tempo todo, claro, por cavalheirismo), então ela acorda envolta no perfume dele. Enquanto isso, eu estou fedendo a cerveja. E a esmalte, parece.

Não tenho tempo para ficar aqui deitada lamentando. Eu me obrigo a me sentar e pegar o celular. O sol já saiu, então sei que Emma também. Ela tem que manter o ritmo absurdo por causa do time, e em geral começa a treinar as seis e meia ou sete da manhã. Hoje isso é um alívio, porque acho que não conseguiria encará-la depois de dizer que ela é tãããão cheirosa. Pois é, dessa parte eu me lembro bem, e me arrependo profundamente (mesmo que seja verdade).

No celular, vejo que são oito da manhã e que - puts! - tenho 32 novos e-mails! Como pode? Também reparo que minha irmã me ligou várias vezes, além de ter mandado um milhão de mensagens. Um pressentimento ruim toma conta de mim.

Abro minha lista de contatos e ligo para ela.

O telefone chama algumas vezes, mas duvido que ela esteja dormindo. Primeiro, porque ela me ligou tantas vezes que minha operadora deve ter sentido vontade de fechar e sumir no mundo. Segundo, porque Mia tem três filhos com menos de seis anos, então a coitada sempre acorda cedo. Ela merece um prêmio.

- Oi, querida! - diz ela, numa voz alta e alegre que perfura meu crânio. - CASHHHH, NÃO, LARGA ESSA FACA!

Croramingo e afasto o celular da orelha. Ughhhh é minha única resposta à faca de Cash.

- Hum... você tá bem? - pergunta Mia. - Espera aí, eu vou... AMOR, CUIDA DAS CRIANÇAS, VOU SUBIR PARA FALAR COM A J!

Começo a similar com um gato furioso, e ela ri. Escuro alguns ruídos e imagino que ela esteja vestindo um roupão cor-de-rosa felpudo antes de abrir a porta e se sentar na entrada da linda casinha suburbana dela. Uma casa branca, com janelas pretas e roseiras no jardim, bem tradicional. Enquanto isso, a vista do meu apartamento é uma loja de conveniência com grades nas janelas, uns grafites apavorantes nos muros e um monte de lixo voando pela calçada. Los Angeles é uma doideira, porque, seguindo cinco quadras até o apartamento da Emma, na beira da praia, a gente passa do meu prédio amerelo-desidratado cim chão grudento para o dela, que custa três milhões de dólares, tem manobrista no estacionamento e arbustos perfeitamente esculpidos.

Táticas do amor - Jemma. Onde histórias criam vida. Descubra agora