19. Jenna

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Entro com Emma na tenda e a puxo de lado rapidamente. Só que ela não é uma mulher fácil de esconder. Estou tipo tentando entrar de fininho em um chá da tarde com um urso enorme. Vem cá, ursinha, coloca esse chapéu, ninguém vai reparar em você!
Sendo que todo mundo repara.

Quando entramos, várias pessoas se viram para a gente, o que significa que temos mais ou menos trinta segundos antes de alguém decidir vir encher o saco e monopolizar o tempo dela. Já tem muita gente aqui, atletas profissionais e celebridades aos montes. É um bufê boca-livre de gente que gosto de acompanhar na internet.

Mas não posso pensar nisso agora.

Dou o braço para Emma, conduzindo-a por dez passos para o canto, perto da entrada, e o faço ficar de costas para todo mundo e
de frente para mim. Espero conseguir alguns segundos longe da atenção alheia. Ela ainda está com um olhar meio vidrado, e as olheiras que vi outro dia pioraram. Não consigo deixar de pensar que não deveríamos estar aqui hoje. Emma está exausta.

— Ei.

Dou um passo para a frente e apoio a mão acima do peito dela, para indicar ao resto da festa que é uma conversa íntima, que não deve ser interrompida. E também porque, oi, eu gosto de tocá-la. Emma
é como mármore sob minha mão.

— Está tudo bem? — pergunto. — Quer ir para casa? Você pode dizer que sim.

Ela olha para minha mão em seu peito firme e a cobre com a mão dela. O contato me dá um choque. Lembra que acabei de beijá-lo. No tapete vermelho. Na frente de todo mundo. Foi tão breve e tão público que mal notei. E aí, no segundo em que me afastei, fiquei decepcionada. Não pela falta de química, mas porque não tive a oportunidade de prestar atenção naquilo. Estava preocupada demais com o ataque de pânico que Emma parecia estar vivenciando e concentrada em nos tirar do tapete vermelho antes que todas as fotos dos sites de fofoca de amanhã fossem do
Emma com olhos arregalados e assustados. Os fofoqueiros se divertiriam horrores inventando mentiras para explicar aquela cara: Emma myers perde batalha contra as drogas!

Ela respira fundo, e sinto seu peito expandir na minha mão.

— Desculpa pelo que rolou lá fora. Já estou bem.

É a cara dela fazer pouco-caso disso.

— Tem certeza? Parecia que você estava tendo um ataque de pânico.

Ela faz uma careta e olha para a esquerda, enfatizando o lado forte e bem marcado da mandíbula.

— Nah... eu não tenho isso.

Eu rio, porque ela está seríssima. Como se ela fosse de uma espécie sobre-humana que não enfrenta problemas de saúde mental. Atenção, ciência, encontramos um mulher que nunca se estressa!

— Não é só o transtorno de ansiedade que causa ataques de pânico. Estresse, ou exaustão, ou...

— Jenna, já falei, estou bem — interrompe Emma, com voz de súplica.

Ela não quer mesmo falar disso agora, e, considerando como ficou corada, acho que está com vergonha.

— Vamos lá — diz. — Vamos nos divertir.

Faço que sim com a cabeça, com pena da vergonha dela. Podemos conversar melhor mais tarde, só nós duas.

— Tá, vamos nessa.

Emma pega minha mão e se vira para o salão. Só então finalmente olho de verdade a multidão, e é minha vez de ficar paralisada. A tenda está lotada de pessoas famosas e importantes.

Táticas do amor - Jemma. Onde histórias criam vida. Descubra agora