12. Emma

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– Ainda não está bom! – grito, com a boca cheia de pipoca e os pés descalços apoiados na mesinha de centro.

É tarde da noite de sexta feira, e as minas do time estão aqui faz tempo.

Joy olha para trás, com a caneta no quadro branco que eu comprei há alguns meses e que mantenho guardado em um armário, de onde tiro apenas nas reuniões de planejamento e para o que estamos fazendo neste exato momento. No topo do quadro, em letras garrafais, escrevemos DA AMIZADE AO AMOR. O título não é muito atraente. Ainda estamos tentando melhorar.

No segundo em que contei para Joy sobre a conversa de ontem com Jenna e Catherine, ela enviou uma mensagem no grupo da gente mandando todo mundo vir aqui em casa depois do treino para uma reunião de planejamento. Não é a primeira vez que usamos o quadro branco assim. Da última vez foi para planejar como fazer Joy voltar com o namorado depois de ela agir que nem imbecil no casamento da irmã dela. (O plano deu errado. Eles não voltaram.)

A vez anterior foi para descobrir como deixar a namorada da Naomi longe da mãe dela. As duas se odiavam. Na real, esse plano também não deu certo. Vamos torcer Lara essa terceira vez ser certeira.

– Como assim? Por quê? Estou falando, vai funcionar – declara Joy, dando um passo para trás e analisando o plano de ataque de cornerback que ela montou. – Cara, você não sacou ainda? Só precisa acertar o timing, aparecer pelo ponto cego e, bum, pegar ela. Surpresa!

Não acho que ela quis dizer "pegar ela" do jeito que da a entender. Pelo menos, é melhor não. Elas já aprenderam, do jeito mais difícil, a não falar assim da Jenna nem de outras mulheres na minha frente.

Estreito os olhos, como se não entendesse aquela jogada óbvia, porque é sempre divertido zoar a cara da Joy. Mas, na real, o sentido metafórico ainda está meio confuso.

– Mas quem é a Jenna nessa jogada? O quarterback ou a bola?

– O quarterback, óbvio.

– E a bola representa o quê? – Pergunta Watson, apoiando os braços no joelho, se juntando à diversão.

Joy nos olha como se não tivéssemos cérebro.

– O relacionamento.

– E Emy é...

– O cornerback – responde, desenhando um coração ao redor de um dos "xs", e sua nova pulseira de diamante cintila na luz.

– Cara, é óbvio. Não preciso explicar.

Watson faz uma careta. É muito exagerada, mas Joy cai na dela.

– Não saquei ainda. Se a Emys é quarterback, ela não cai saber jogar na defesa.

Joy prestaneja umas vinte vezes e suspira.

– É só uma metáfora!

Balanço a cabeça, derrotada.

– Mas ela está certa, eu sou uma merda na defesa. E se metaforicamente eu também for ruim?

– Não é a mesma coisa!

Ela aperta a caneta como se espremesse um limão.

– E quem são as outras linebackers na jogada?

– Eu e Naomi. É óbvio que você vai precisar da nossa ajuda, já que somos as mais experientes aqui quando o assunto é sexo. Sem ofensa a Watson e Mickey.

– Fiquei ofendida, sim – diz Mickey, se levantando.

Ela anda até Joy, exibindo sua altura, e arranca a caneta da mão dela.

Táticas do amor - Jemma. Onde histórias criam vida. Descubra agora