Táticas do amor - Jemma.

2. Jenna

Emma entra na sala sem camisa, só com uma bermuda preta de academia e um top de academia também. O peito esculpido e bronzeado, que só poderia ser de uma atleta profissional, está todo á amostra, e aquela entradinha em V do abdômen parece estar me provocando, querendo me fazer corar. O cabelo dela está todo molhado e reluzente e os ombros ficaram um pouco avermelhado por causa da água quente do chuveiro. É o luck pós-banho dela e por mais que eu já tenha visto ela assim inúmeras vezes, ainda perco o fôlego.

Ela está com uma toalhinha, que esfrega pelo cabelo loiro. Essa toalha sortuda, deve estar gargalhando de prazer. O cabelo dela é meio ondulado e tão macio que ela até conseguiu um patrocínio de cinco milhões de dólares de uma marca de produtos de luxo para cabelo feminino. Quando o primeiro anúncio foi ao ar - Emma saindo do chuveiro do vestiário com a toalha amarrada na cintura, um top maravilhoso, góticas de água salpicadas nos músculos e aquele frasco de xampu na mão -, homens de todo país correram para o mercado para comprar, na esperança de magicamente transformar as suas namoradas na Emma. No mínimo, queria que elas tivessem o cheiro dela. Mas eis outro segredo que só eu sei: o cheiro do cabelo da Emma não é desse xampu, porque ela prefere uma marca genérica barata que vem num frasco verde e que ela usa desde os dezoito anos.

- achei que você tivesse precisando - digo, entregando a ela o copo quente de café da nossa lojinha preferida, que fica a pouca quadras daqui. Em seguida, abro a caixa com os donuts como se fosse um baú do tesouro. Eles brilham na luz. Bling!

Emma suspira e inclina a cabeça de lado, com um sorriso fofo de canto de boca depois de jogar a toalhinha na bancada.

- Achei que fosse minha vez de comprar.

Ela pega um donuts coberto de calda de caramelo e se abaixa para me dar um beijinho rápido na bochecha, como sempre faz.
Completamente platônico. Um beijo de irmão.

- É, mas acabei acordando super cedo com câimbra na panturrilha e não consegui voltar a dormir, então achei melhor comprar de uma vez.

Espero que ela acredite na mentira.

Na verdade, não consegui dormir porque ontem terminei com minha namorada, e estou morta de medo de contar para Emma. Por que? Porque ela vai me encher de perguntas e descobrir a razão. E ela não pode saber que terminei com a Bree porque a Bree não é a Emma.

Talvez, se eu apertasse os olhos, tampasse os ouvidos e chacoalhasse a cabeça de um lado para o outro, eu conseguisse me enganar e acreditar que era ela. Mas quem quer viver assim?? Não seria justo comigo e nem com a Bree. Então, agora, o objetivo é encontrar uma mulher que me atraia mais que a Emma. Vou precisar de uma verdadeira armadilha em forma de mulher. E dessa vez não aceitarei nada além do arrebatamento total e completo.

Emma levanta a sobrancelha.

-Deveria ter comido uma banana ontem antes de dormir.

Reviro os olhos.

- É, eu sei, mas a resposta continua a mesma: eu odeio banana. É molenga e tem gosto de... banana.

- E daí?? Obviamente seu nível de potássio...

Kelly pigarreia, e só então notamos sua cara feia.

- Licença. Não é estranho ela vir assim, as seis e meia da manhã, com café e tal, sendo que sua namorada está aqui?

De novo essa palavra... E, tá, ok, talvez devesse ter imaginado que Kelly estaria aqui hoje e esperado Emma ir me buscar em casa com o café e os donuts. Foi engano meu. Às vezes esqueço que ela e eu não temos uma amizade tão normal.

Emma pigarrei de leve.

-Desculpa, Kelly, achei que você lembrasse que terça é o dia que eu corro com a Jenna.