28. Jenna

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Convenço Emma a me deixar dirigir, e ela combina de um funcionário ir buscar meu carro e levá-lo para minha casa mais tarde.

Vantagens da fama.

Vamos embora na mesma hora, apesar de Emma morrer de medo de chatear todo mundo.

- Deixa eu cuidar de você - digo, diante da sua expressão hesitante. - Por favor?

Ela cede e me entrega as chaves.

- Obrigada.

Ganho um beijo na bochecha, e queria fazer aquele truque de virar a cara bem rápido para levar um beijo na boca, mas não é um bom momento.

No caminho para casa, estamos as duas física e emocionalmente exaustas. Emma põe uma música relaxante para tocar, pega minha mão e entrelaça nossos dedos. Ela beija minha mão com uma ternura dolorida que acaba comigo.

Não dizemos uma palavra sequer durante as duas horas de viagem, e só ouvimos música em um silêncio confortável.

- Dorme aqui em casa hoje? - pergunta, quando paro na garagem do prédio dela.

Já dormi na casa dela umas cem vezes, então a pergunta não deveria ter esse peso nem importância. Mas ela tem, porque nunca recebi esse convite de mãos dadas com ela, com as palavras "eu te amo" pairando no ar. Mesmo assim, é fácil dizer que sim. É natural.

Quando entramos no apartamento, ela larga as chaves na mesinha. Tiro os sapatos e vou à cozinha pegar água para nós. É
tudo normal, mas com uma leve diferença. A gente não fala nada, porque ninguém sabe que palavras seriam adequadas para a
montanha-russa emocional que percorremos juntas. Por isso, levamos nossos copos de água pelo corredor comprido que dá nos quartos. Eu me preparo para me despedir e entrar no meu quarto, como sempre faço, mas Emma pega minha mão e me vira. Um pouco de água escorre para o chão.

- Fica comigo?

Ela não pergunta como se fizesse uma proposta, mas como uma dúvida mesmo, sem defesas. Como necessidade. Como esperança aflita. Essa noite escancarou tudo que eu achava saber sobre ela, e
agora vejo uma mulher tão apavorada quanto eu. Eu a amo ainda mais.

Concordo e entro no quarto dela. Emma fecha a porta devagar, e meu coração galopa quando ouço o trinco. A janela, que vai do chão ao teto, está a dez passos de mim, e avanço com calma controlada
para admirar a vista do oceano, sem nada para obstruir a vastidão escura da água e a crista das ondas quebrando na areia. A vista é pacífica, mas perigosa. É o mesmo que sinto aqui dentro.

- Jenna? - pergunta ele atrás de mim, e eu me viro de repente, igual a um tornado que perdeu direção.

- Estou nervosa - confesso.

Emma levanta as sobrancelhas e suspira, sorrindo um pouco.

- Eu também.

- Jura? Ah, que bom. Porque, pela lógica, sei que somos eu e você - digo, e uma risada desanimada me escapa. - É um sonho, na verdade! Eu nem deveria ficar nervosa... deveria me atirar em cima de você, te derrubar.

- Já te aviso que fazer isso é mais difícil do que você imagina - comenta ela, com uma piada que alivia o aperto no meu peito na
hora.

- Mas o que me deixa mais nervosa... quer dizer, meu maior medo é ter falado que te amo e você só ter dito o mesmo para não
me deixar chateada.

Meus olhos estão arregalados que nem os de um desenho animado, consigo sentir.
Nathan sorri, mostrando que mal contém uma risada.

- Para não te deixar chateada? -pergunta, dando um passo nervoso para trás e passando a mão pelo cabelo, sem jeito. - Você acha mesmo que eu diria que te amo só para não deixar você chateada?

Táticas do amor - Jemma. Onde histórias criam vida. Descubra agora