17. Jenna

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Passou um pouco das cinco, e eu estou subindo às pressas a escada grudenta do meu prédio, talvez um pouco ofegante.

Dever ser o efeito de morar tanto tempo em um apartamento mofado.

Quando chego ao meu andar, paro e franzo a testa. Hunter está sentado no chão com tanta coisa em volta que parece que está de
mudança. São cinco malas, além de uma pilha de roupas em capas protetoras. Como ele subiu com isso tudo? Olho para trás, me
perguntando se tem um elevador secreto que todo mundo escondeu de mim. Mas, quando vejo que ele está tão ofegante quanto eu, noto que carregou tudo sozinho.

Coitado.

— Hunter? — pergunto, me aproximando e me perguntando se precisarei ressuscitar ele.

Ele levanta a cabeça e abre um sorriso, apesar da respiração sôfrega.

— Oi, Covinhas! Você está atrasada!

— Desculpa — digo, atordoada por vê-lo ali.

Acho que foi isso que Emma quis dizer com “Deixa comigo”.

— O trânsito estava uma loucura. Deixa eu te ajudar. Olha, não quero te assustar, mas tem boas chances de você ter pegado uma ist só de sentar nesse chão.

Ele solta um gritinho e fica de pé de um pulo, sem minha ajuda.

— Vou precisar queimar essas roupas?

— Acho que seria uma boa.

— Minha nossa. E por que você mora aqui?

Ele olha ao redor como se tivesse baratas correndo por todos os lados. Na verdade, não seria uma surpresa tão grande se isso
acontecesse.

Eu rio e me viro para abrir a porta do meu apartamento.

— É por um detalhezinho básico: grana. É que não tenho.

— Hum, mas você basicamente namora um banco. É capaz até de ela ter mais dinheiro que um banco. Vai morar com ela, mulher!
Eu te ajudo. A gente pode fazer suas malas e começar a mudança agorinha.

Está na ponta da língua dizer que Emma é só minha amiga e que não quero a ajuda financeira dela, mas sou interrompida ao ver meu apartamento ao ver meu apartamento. Hunter entra atrás de mim, puxando duas das malas, e arqueja.

— Santas flores, Batman! Suponho, srta. Não-Tenho-Dinheiro, que não foi você quem saiu para comprar esses buquês todos...

Balanço a cabeça devagar, sem palavras. Tem dezenas de buquês na minha sala. Flores enormes, maravilhosas, cor-de-rosa e verdes por todo lado. Não tenho uma flor favorita, porque é difícil escolher só uma, mas tenho uma combinação de cores favorita para flores. E eu devo ter dito isso para Emma em algum momento. E
ela lembrou. Verde e cor-de-rosa. Sinto um aperto na barriga.

— Tem um bilhete aqui.

Hunter pegou o cartão e abriu, como se a gente fosse melhores amigos há anos e não escondesse segredos um do outro. Pego o
bilhete da mão enxerida dele com um olhar de bronca e me viro para ler com privacidade.

Espero que você não se importe, mas dei um jeito do seu apartamento ficar mais cheiroso. Te pego às sete.

— Emma.

Meu coração bate forte, mal consigo me conter para não guinchar que nem um porquinho agitado na sala. O que está acontecendo comigo? O que está acontecendo com a gente? Emma e eu somos amigas há um milhão de anos e ela nunca me comprou flores... muito menos uma floricultura inteira. Minha cabeça está a mil tentando entender.

Táticas do amor - Jemma. Onde histórias criam vida. Descubra agora