11. Jenna

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Abro a porta e a agente da Emma, Catherine, entra apressada. Ela está vestindo um terno cinza lindo e mantém uma bolsa de couro grande no ombro e uma placa de isopor grande debaixo do braço.

- Ah, que bom. Você já está aqui - comenta ao passar por mim.

Os sapatos pretos de salto treze batem no chão de madeira fazendo barulho, e eu não faço ideia de como ela consegue andar tão rápido naquilo. Eu cairia de cara se tentasse me movimentar assim nesses sapatos. Catherine, não. Ela desliza. Flutua. Ninguém mexe com ela. Acho que tenho um crush nela.

Catherine é agente da Emma desde o começo da carreira dela, e é maravilhosa. Uma mulher poderosa, que não leva desaforo para casa e que ficou famosa por negociar os contratos mais difíceis da NFL. Catherine tomou as rédeas da carreira da Emma e a levou a lugares inacreditáveis.

Quero uma Catherine para mim. Já ofereci abraços e elogios em troca de ela tocar minha carreira também, mas, não sei por quê, ela recusou, voltando tida a atenção dela na hora para o celular, marcando compromissos para Emma. Ela é fiel - eu respeito isso. Além do mais, estou bem sozinha. Quer dizer, tirando a parte que Emma está me sustentando a séculos sem eu saber. E eu ainda não consegui me candidatar à vaga da The Good Factory, mesmo já tendo preenchido cinco vezes a ficha de inscrição. É, estou superbem.

Assim que Catherine larga a placa de isopor (espero que seja um projeto que envolva purpurina), Emma aparece. Não quero nem pensar no que ela estava se preparando para me dizer no quarto. Nunca fiquei tão feliz por ser interrompida. Parecia que ela estava prestes a me dar um fora gentil. Escuta, o que você disse no vídeo... Estou muito lisonjeada mas quero confirmar se a gente está sintonizando, e se você sabe que seremos sempre só amigas.

Estremeço e volto minha atenção para Emma e Catherine.

- Oi, Emma. Desculpa incomodar essa hora. Tentei ligar, mas você não atendeu. Claramente estava ocupada - diz Catherine, e vira os olhos com malícia para mim, e depois para ela.

Nós duas começamos a responder uma besteira qualquer, gaguejando.

- Ah, a gente só...
- Lasanha!
- E manchou minha blusa.
- Jantar de desculpas, e eu ia logo para casa!

Catherine levanta uma mão como se quisesse fazer uma turma de jardim de infância calar a boca.

- Me poupem. Não ligo.

Ela sorri e aperta o rabo de cavalo loiro impecável, que faz até aquela voltinha linda na ponta, igual a Barbie.

- Vim porque tenho uma proposta urgente para discutir com vocês duas - começa.

- Nós duas? - dizemos Emma e eu ao mesmo tempo, e quero dar um chutão na nossa própria bunda por essa sintonia irritante.

Emma se aproxima de mim quando Catherine ajeita a placa de isopor na mesinha do centro. Dessa vez, Emma e eu soltamos suspiro de pavor. Ah, Catherine. Coitada. A expressão do trabalho nitidamente foi demais para a cabeça dela.

A apresentação sem dúvidas tem purpurina. Também tem um monte de fotos minhas com a Emma, arrancadas das estranhas do Google. São fotos de paparazzi, mostrando a gente indo juntas tomar café, ou fotos individuais recortadas e coladas para ficarmos juntas. Muitas foram roubadas do meu Instagram. É chocante, mas o pior é a quantidade de corações carona que ela desenhou ao redor das fotos... fora a lista de nomes que podemos escolher para o nosso futuro e inexistente filho.

- Catherine... - começa Emma, mas ela não sabe o que dizer.

Ela nos olha e vê nosso pavor.

- Nossa, vocês acham que eu fiz isso?! Assim vou ficar ofendida. Não fui eu, mas é esse o motivo da minha visita. Uma fã fez isso para vocês e largou na agência. Tem outros parecidos lá também.

Táticas do amor - Jemma. Onde histórias criam vida. Descubra agora