Aquele sobre os rodopios - 22/04/2017

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Preciso confessar que estou enjoada e perdida nos passos dessa dança inconstante. Já não sei se a mão lisa e maleável me segura de um lado a outro e nos giros ou se já estou só há muito tempo e prestes a cair no momento em que eu decidir parar de rodopiar.

Sinto golpes dentro de mim, uma tentativa bruta e constante da minha alma em acordar-me desse sono sem rumo e mostrar-me as verdades irrefragáveis que me impedi de enxergar. Ela me diz que me deixei enfraquecer, esquecer e desfalecer e a culpa foi minha.

Mas eu tento dizer a ela que eu só preciso que ela me preencha sem fissuras para que eu não a perca novamente. Porque eu confesso que estou pronta para fincar os meus pés no chão com todas as minhas forças, para acordar desse sono frio, para sentir o calor que ainda há em mim e compreender que a mão gelada jamais esteve me mantendo em pé, para perder essa inconstância da presença e do espaço vazio onde eu mesma me coloquei. Eu estou pronta para a dor de cair, quebrar e estar só, porque eu mal posso esperar para tentar de novo, para levantar e recomeçar, porque toda a gentileza que eu sinto que preciso, está dentro de mim, pronta para me acolher na chama que nunca apaguei em meu coração. 

Bruna Leonne

Narrativas de uma PoetisaOnde histórias criam vida. Descubra agora