Preciso confessar que estou enjoada e perdida nos passos dessa dança inconstante. Já não sei se a mão lisa e maleável me segura de um lado a outro e nos giros ou se já estou só há muito tempo e prestes a cair no momento em que eu decidir parar de rodopiar.
Sinto golpes dentro de mim, uma tentativa bruta e constante da minha alma em acordar-me desse sono sem rumo e mostrar-me as verdades irrefragáveis que me impedi de enxergar. Ela me diz que me deixei enfraquecer, esquecer e desfalecer e a culpa foi minha.
Mas eu tento dizer a ela que eu só preciso que ela me preencha sem fissuras para que eu não a perca novamente. Porque eu confesso que estou pronta para fincar os meus pés no chão com todas as minhas forças, para acordar desse sono frio, para sentir o calor que ainda há em mim e compreender que a mão gelada jamais esteve me mantendo em pé, para perder essa inconstância da presença e do espaço vazio onde eu mesma me coloquei. Eu estou pronta para a dor de cair, quebrar e estar só, porque eu mal posso esperar para tentar de novo, para levantar e recomeçar, porque toda a gentileza que eu sinto que preciso, está dentro de mim, pronta para me acolher na chama que nunca apaguei em meu coração.
Bruna Leonne
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Narrativas de uma Poetisa
Short StoryNão há uma memória que eu guarde sobre quem sou que não inclua a escrita como a minha maior paixão desde que eu me entendo por gente. No decorrer dos anos pude notar a minha evolução e a minha fome voraz por escrever sobre qualquer coisa que me fize...