Aquele sobre o adeus - 27/07/2017

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Bendito será o dia em que minha pele já não mais irá desejar seus toques, em que minha boca já não mais terá sede de seus sabores, em que meus olhos já não irão mais brilhar ao te encontrar, em que sua voz já não mais será minha música preferida dentre todos os sons que o mundo me oferece e seu nome e seu sorriso não rodopiarão em looping trocentas vezes a cada minuto em minha mente. Mas, principalmente, eu rezo a quem puder me ouvir para que chegue o dia em que eu poderei te olhar no mais profundo em seus olhos e nada do que um dia eu já senti ao mergulha-los fluirá novamente.

Eu não sinto que resta uma centelha viva do nosso passado, mas eu não consigo sentir outra coisa senão alívio - algo em mim despertou e não voltará a adormecer nesse mesmo sonho, mesmo que ainda exista algo que sinta falta de cada detalhe. Não foi o final que eu desejei - eu não desejei um final. Eu não desejei dores, mágoas, nem esse momento. Mas eles vieram, nada sorrateiros, atacaram de uma vez e deixaram suas marcas, aquelas que jamais irão deixar minha alma. Eu não acredito que fizemos tudo o que podíamos para manter isso vivo, muito menos para consertar quando partimos.

Eu o culpei e o amaldiçoei por isso, eu ignorei o meu lado da culpa, mas agora eu enxergo tudo claramente - nada poderia nos ter salvo. Agora eu sei que isso não quer dizer que não fomos suficientes, mas que apenas não nos encaixamos, não naquele momento, não agora, e não a qualquer futuro próximo em que você for você e eu ser quem sou. Com você eu aprendi que querer algo não é o suficiente para fazê-lo ser, mas isso já não importa mais. Tivemos de ir, e eu precisei chegar aqui para entender que não pode haver nada melhor entre nós que o fim. Eu só precisava entender que não me faltou nada, que eu tive o bastante e fui feliz o suficiente para aceitar que chegou a hora de deixar isso partir, e então só assim eu poderei dizer adeus e seguir em frente, para que não haja mais feridas e meu coração encontre novamente conforto em meu peito.

Eu sinto que se eu largar o que não me faz bem, eu terei espaço para que coisas boas ocupem esse lugar até que me preencham e não reste mais nada de você em mim. E tudo o que eu preciso que você saiba é tudo o que eu gostaria de ouvir de você: obrigada, perdão e adeus.

Bruna Leonne

Narrativas de uma PoetisaOnde histórias criam vida. Descubra agora