O Alvorecer - Anonymous: Livro 1 (Ato I)

Capítulo 28 - Sabrina

   Todos os meus planos de manter distância de Orion vão oficialmente por água abaixo assim que adentramos a porta do quarto de Max. Estou mal por descumprir minha promessa em menos de 24 horas, mas não posso fazer nada com ele me perseguindo. E me encurralando. E me beijando. Dizer que perco minha racionalidade quando ele faz qualquer uma dessas coisas seria um eufemismo.

     — Finalmente! Pensei que eu fosse ter que te buscar… — Max se interrompe assim que eu passo pelo batente da porta do seu quarto e Orion segue atrás de mim.

    Ele e Liz me olham confusos e abaixo minha cabeça, sem coragem de olhar em seus olhos. Sem dizer uma palavra sequer, Max liga o notebook no seu colo e coloca o filme. Quando estou indo me sentar do seu lado, Orion toma o lugar e fica entre eu e Max, sem disfarçar a raiva que sente pelo meu amigo. O ciúmes possessivo.

    O desconforto no ambiente é palpável e consigo sentir a dúvida pairando no ar. Nenhum de nós três consegue prestar atenção no filme de comédia bobo que Liz e Max escolheram com Orion em toda a sua altura sentado entre nós. Ele é o único que presta atenção. E se não presta, ele finge muito bem.

    Quando o filme acaba, sou a primeira a me levantar da cama. Se me perguntassem o que aconteceu em qualquer uma das cenas eu não saberia responder. Vendo que vou sair do quarto, Orion também se levanta e vai na minha frente, abrindo a porta e me esperando do lado de fora.

     Pela primeira vez em que eu entrei no quarto, olho para meus amigos. Liz franze as sobrancelhas em questionamento e Max levanta as dele, em uma pergunta silenciosa. Não querendo que o poste do lado de fora ouça, faço movimentos de mensagens com os dedos, dizendo sem palavras que explicarei por mensagem.

   Liz fica no quarto, provavelmente para não esbarrar com o garoto enorme que me espera.

    — Qual é a necessidade? — Pergunto assim que fecho a porta atrás de mim e Orion começa a andar, acelero meus passos para acompanhá-lo.

     — Não sei do que está falando.

     — Não sabe do que eu estou falando? — Elevo meu tom de voz. — Você simplesmente não deixou eu ver um filme sozinha com os meus amigos. — Ele dá de ombros.

      Ele simplesmente dá de ombros.

      Bufo e sinto todo o meu rosto esquentar com a raiva. Acelero meus passos e passo por ele, interrompendo o caminho que percorre na direção da saída do dormitório masculino. Ele provavelmente quer me acompanhar até meu quarto, mas se ele pensa que as coisas vão simplesmente ser do jeito dele, ele está muito enganado.

      — Como e por que você invadiu minha casa? — É a primeira coisa que pergunto.

      — Não sei porque está perguntando sobre isso hoje. Como eu já disse, você não parecia interessada em saber meus motivos ontem.

      — Responda minha pergunta, Orion.

    — Eu estava com saudades — diz simplesmente e volta a andar. Agora estamos perto da saída, tendo apenas mais um corredor.

      — E você fala isso como se fosse normal? — Interrompo seus passos novamente. — Minha casa tem câmeras e sistema de segurança. Como você passou despercebido pelos dois?

      — Sou bom no que faço.

     Olho para ele incrédula, minha boca entreaberta com o quão absurdo ele consegue ser. Um sorriso malicioso se forma em seus lábios.

      — Ficou impressionada, monstrinha? Cuidado, se continuar com a boca aberta desse jeito vou pensar que é um convite.

       Fecho minha boca imediatamente.