Capítulo 30 - Sabrina

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   — Não é como se fosse culpa dele. Ele teve um passado traumático — digo olhando para Liz e Max. Perdi a conta de quantos argumentos eu já usei para defender Klaus Mikaelson e ainda assim meus amigos não aceitam ele.

     — E? Ele está ameaçando matar a Elena só por ela ser parecida com uma psicopata louca — Max diz novamente, me olhando como se eu tivesse algum problema de cabeça.

     — Isso é apenas para quebrar a maldição. E pra deixar claro, a Elena é uma chata. Katherine é mil vezes melhor que ela. — Agora os dois estão me olhando boquiabertos como se eu fosse a verdadeira louca, mas é apenas a verdade. Liz já desistiu de discutir comigo. Se é por falta de argumentos ou apenas porque concorda com Max sobre meu estado psicológico, eu não sei.

      É uma noite de quarta, Max veio me perturbar depois do toque de recolher querendo saber o que estava acontecendo comigo e porque estava tão estranha ultimamente. Ele e Liz insistiram em saber o que poderiam fazer para me ajudar e me deixar melhor, e eu os obriguei a assistir The Vampire Diaries comigo. Acontece que eu já estava assistindo pela vigésima vez e coloquei na temporada que eu parei, por isso tive que contar tudo o que aconteceu nas anteriores antes de realmente começarmos a assistir.

      Ainda estou desconfiada em tudo que envolve a escola, não consigo andar por corredores vazios sem olhar para todos os cantos antes, ou até mesmo prestar atenção na aula de algum professor sem questionar se eles também ajudam no tráfico humano, ou se são os caras que andam pela escola depois do toque de recolher falando coisas que não fazem sentido. Por mais que eu saiba que Orion irá cumprir com sua palavra e não deixará ninguém tocar em mim, eu não deixo de temer sempre que saio pela porta do quarto. Até quando estou dentro dele.

      Sempre que olho para as paredes sufocantes dessa escola sinto alguma coisa estranha acontecer com meu ser, como se algo estivesse errado ou simplesmente não se encaixasse, uma energia negativa me consumindo. E o meu sexto sentido sempre foi muito bom.

      Ainda evito Orion o máximo que posso, mas sempre que estamos sozinhos eu não consigo resistir e cedo a tudo que ele queira fazer comigo. Minha promessa já foi por água abaixo e por mais que me sinta mal com isso, Orion me faz esquecer minutos depois.

    — Você tem sérios problemas, Sabrina Fox. Vejo isso agora — Max balança a cabeça negativamente e olha o horário no seu celular. — Vou voltar para o meu quarto agora. Amanhã temos aula e não quero parecer um zumbi dentro da sala.

     Ele coloca a vasilha de pipoca de microondas na mesinha de cabeceira e sai do quarto tomando cuidado para não fazer nenhum barulho. Pipoca essa que invadimos a cozinha para conseguir. Brincando com o perigo, eu sei.

    — Acho que já vou dormir também, você desliga o notebook, Sabrina? — Liz me pergunta dando um bocejo e aceno com a cabeça. — Boa noite.

      — Boa noite, Liz.

      Ela se deita na cama e não demora muito para que caia no seu sono profundo, deixando somente eu com o notebook sozinhos no quarto, a única iluminação sendo a que está vindo pela janela com as cortinas abertas e a do aparelho na minha frente.

     Fecho todas as abas e desligo o computador, logo me levantando para ir ao banheiro fazer xixi e escovar meus dentes. Assim que saio do banheiro, vou até a porta do quarto para trancá-la e tomo o cuidado de deixar a chave deitada na fechadura, para que quem estiver do lado de fora não consiga destrancá-la.

      Vou até a janela, observando a lua cheia por um momento antes de mover minhas mãos para a cortina, pronta para fechá-la. Mas é a sombra na floresta que cerca a Spring School que me faz parar.

O Alvorecer - Anonymous: Livro 1 (Ato I)Onde histórias criam vida. Descubra agora