capítulo 1

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O cantar dos pardais atraiu meu olhar para a saída da garagem

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O cantar dos pardais atraiu meu olhar para a saída da garagem. Mais uma vez, passei a noite toda no meu projeto de engenharia mecânica e acabei me empolgando e esquecendo totalmente do principal objetivo.

Dormir!

São seis da manhã e eu tenho que estar na universidade às oito, e olha só… estou cheia de óleo e graxa. Soltei uma risada sincera e me levantei, indo em direção à saída. Fechei a oficina e, em seguida, entrei em casa, sentindo o aroma do café da manhã que vovó estava fazendo.

— De novo, não é mocinha? — Ela se virou para mim e eu acabei dando uma risada.

— Me empolguei — dei de ombros e ela suspirou.

— Queria muito saber de onde veio seu amor por motores. Uma moça tão bela deveria estar arrumando um marido, e não montando uma moto — disse impaciente e eu a olhei com carinho.

Minha mãe morreu há alguns meses de câncer, e meu pai… Nunca conheci, na verdade, eu conheci, mas não lembro dele.

— Eu só não abraço a senhora, porque estou suja — coloco a mão na cintura e ela nega com a cabeça.

— Vá tomar um banho, menina, para tirar toda essa sujeira.

Vou em direção às escadas e, em seguida, ouço ela gritar.

— E VENHA TOMAR CAFÉEEEEE!!!!!

— A Senhora vai acordar os vizinhos desse jeito — a olhei da ponta da escada e, em seguida, ela jogou uma colher de madeira em mim, mas me abaixei a tempo.

— QUE SE FODA ESSES VIZINHOS FOFOQUEIROS.

— A senhora precisa urgentemente de um novo marido — cruzei o braço e, em seguida, corri para o andar de cima para tomar banho.

Meu reflexo no espelho estava deplorável, os cabelos sujos, com as pontas grudentas por conta do suor e um pouco de óleo. Meu rosto estava sujo, assim como todo meu corpo, mas era assim que eu gostava. Me sentia em paz todas às vezes que parava e ia mexer na moto.

Tomei um banho demorado, já que precisa tirar todo aquele grude e, por fim, desci arrumada, cheirosa e impecável para tomar café.

Nem parece aquela garota de antes, meu cabelo brilhava como a noite, o preto dos fios era tão belo e brilhante e eu nunca joguei uma única gota de tinta, assim como meus cílios e sobrancelhas, que também eram negras como a noite e por fim a cor dos meus olhos.

Os médicos ficam até assustados, por ser de um preto tão raro que eles não conseguem ver a pupila e às vezes isso é um problema.

Me sentei na mesa e vovó me olhou orgulhosa.

— A noite flutua.
E as rosas dormem mimosas.
Aos beijos da lua. — Vovó diz e eu a encaro. 

— A senhora está mais calma? — Sorrio — tomou seu chá?

— Não começa, Shiori! — ela rebateu e eu acabei gargalhando enquanto tomava o café.

Vovó me observava por alguns instantes, e após o café me despedi dela, pegando minhas coisas para então poder ir à universidade. Faço faculdade de engenharia mecânica, minha paixão por motos me fez seguir essa profissão. Um dia terei minha própria loja de personalização e serei conhecida pelo Japão inteiro.

Coloquei meus fones de ouvido e comecei meu trajeto até a universidade. Infelizmente, não estava com minha moto pronta, então eu tinha que ir à caminhada mesmo.

Parei no semáforo e esperei o sinal ficar verde para pedestres. Enquanto isso, estava mexendo no celular, vendo o que tinha de bom, além das últimas notícias sobre o número de assassinatos crescentes e sobre o número de corpos, nada fora do normal.

Assim que o sinal ficou verde, comecei a atravessar a rua, junto das demais pessoas, mas minha distração me fez esbarrar em alguém que estava vindo na direção contrária. 

Me virei no mesmo instante, encarando aqueles olhos violetas, os cabelos levemente ondulados e um par de brincos Hanafuda.

— Me desculpe — murmuro. 

— Não se preocupe. — A voz dele foi fria, mas, ao mesmo tempo, não tinha o mínimo de irritabilidade ou indignação em seu tom. — Eu estava distraído também. — A fala dele foi seca. — Você está bem?

Cabelos negros como a noite, olhos no mesmo tom, ele ficou momentaneamente surpreso, já que essas características não eram comuns…

— Estou, sim, mais uma vez, me perdoe, sabe como é! Universitária sempre está com pressa — ela sorriu de forma descontraída.

Ao ouvir suas palavras e vê-la sorrir, uma leve sensação de alívio tomou conta dele. 

— Sim — respondeu com um tom de voz levemente mais amigável — eu sei. 

A expressão no rosto dele ficou levemente mais relaxada.

O sinal estava prestes a fechar novamente e a garota se virou e andou em passos rápidos para chegar ao outro lado da rua, voltando a mexer no celular e seguir seu percurso.

O sinal estava prestes a fechar novamente e a garota se virou e andou em passos rápidos para chegar ao outro lado da rua, voltando a mexer no celular e seguir seu percurso

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Futuro tenjiku

violeta como Glicinias - Izana Kurokawa Onde histórias criam vida. Descubra agora