violeta como Glicinias - Izana Kurokawa

capítulo 6

Izana vinha para minha casa todos os dias, ficávamos horas dentro daquela pequena garagem, ele me mostrou coisas que eu não sabia, sendo paciente e até mesmo me fazendo dar boas risadas enquanto montavamos a moto.

Em um desses dias ele trouxe Kakucho Hitto, e nós três juntos pintamos a moto para deixar ela pronta pra quando montar tudo. Por alguma razão eu quis deixar ela inteiramente preta com cromado,  e ao ver o meu desenho criando vida, não contive a emoção de ter os olhos cobertos de lágrimas.

Dez dias se passaram...

E a moto estava pronta!

Fiquei sentada olhando para ela, Izana já havia ido embora a algum tempo, e eu ainda não acreditava no que estava acontecendo.

— Não vai dormir? — Vovó sussurrou ao entrar na garagem.

— Eu...não tenho sono — Sussurrei observando a moto.

Vovó me olhou e então respirou fundo se aproximando de mim, ouvi um breve barulho de chaves e a olhei. Havia um manto preto em suas mãos, parecia um pouco velho, mas conservado, levantei uma das sobrancelhas e a olhei.

— Vá da uma volta — ela sussurrou ao sentar ao meu lado — Isso era da sua mãe....ela ganhou do seu pai.

Peguei o manto e de fato era masculino, longo devia me cobrir inteira, a pessoa que o usou deveria ser alta. Mas havia algo, letras brancas bordas.

— Black dragons...— Sussurrei e olhei para Vovó.

— Apenas não fique a noite toda na rua, Shiori — Vovó se levantou e saiu da garagem.

Coloquei a chave na ignição, e meu corpo todo arrepiou ao ouvir aquele som. O chão sobre meus pés tremiam, e meu corpo todo estava arrepiado.

Respirei fundo, e abri as portas da garagem, em seguida coloquei aquele manto em meus ombros, e uma sensação de calmaria me tomou. Os fios negros caíam sobre a marca do dragão negro, e deixei meus olhos fechados por uns instantes, até começar a pilotar.

E ela me respondia de forma natural.

A minha Cb250T. Quando cheguei na rua, apenas acelerei sentindo o vento em meus cabelos.

Algumas luzes ascenderam dentro das casas, mas eu não liguei, assim que peguei a rodovia eu acelerei com vontade, deixando o som ecoar como o rugido de um dragão.

E era a melhor sensação do mundo, sentir o vento, sentir a rua. Não contive a vontade de gargalhar, finalmente....finalmente....graças a Izana eu consegui.

— o que foi? Inupi! — Kokonoi o olhou assim que notou que Seishu paralisou.

— está ouvindo? — Inui o olhou com os olhos arregalados.

— o que? — Kokonoi perguntou.

Inui olhou para o céu.

— Shinichiro.....

Kokonoi ficou em silêncio, pois no momento seguinte Seishu pegou a própria moto e saiu em pensar duas vezes.

Não era diferente com Wakasa, que estava com Benkei, ambos paralisaram naquela madrugada silenciosa.

— impossível....— Benkei sussurrou

— Tem certeza que não é o Mikey? — Wakasa sussurrou trêmulo.

— Esse ronco...— Takeomi disse ao se aproximar — Jamais seria a 250T do Mikey.

Os três saíram no mesmo instante.

Em questão de minutos, as ruas foram tomadas por motos, cada um em busca para saberem se era um delírio ou apenas um sonho coletivo.

Mas então, na avenida, onde nenhum carro estava presente, os cabelos negros balançavam com o vento, o manto da primeira geração de Black dragons sobre seus ombros, e o motor que rugiu como um dragão por essas ruas.

Fazendo zig zag com a moto, a pessoa parecia apenas curtir o momento, e tomados por aquela energia, cada um dos curiosos fizeram a mesma coisa.

Shiori percebeu a multidão de motoqueiros e se assustou.

— parece que hoje é algum evento de motos — sussurrou para si mesma.

Ela continuou a pilotar, até parar em um posto de gasolina, e ao fazer isso, descendo da moto.

Cada um dos que a seguiam, viram os cabelos negros como a noite, a pele clara como porcelana e os olhos negros como obsidianas.

A garota os encarou e sorriu, um sorriso gentil.

— Todo mundo resolveu passear né, que incrível — Shiori curvou os olhos com ternura — amigos motoqueiros, boa noite.

— Boa noite!

Responderam uníssono, fazendo Shiori arrepiar e ao mesmo tempo sorrir.

— Você...— Wakasa foi o primeiro a falar, fazendo shiori o olhar — como se chama?

— Shinazugawa Shiori — Ela sorriu — e essa? — ela deu alguns tapinhas na moto — é o meu vendaval.

Shiori...significava "guia, guiar"

Wakasa sorriu com os olhos brilhantes pelas lágrimas que se formaram.

— me acompanham? — Shiori sorriu ao subir na moto mais uma vez — Hoje a rua é nossa amigos motoqueiros.

Sua gargalhada era algo gostoso de se ouvir, era como se ele estivesse ali.

Mas ele estava ali.

Estava nela.

Sua herdeira.

Sua filha.

A autora está chorando.

E vai fazer uma fic do Shinichiro....tô triste.