Se alguém me dissesse que um dia eu estaria em cima de um telhado, eu chamaria a pessoa de louca. Meus olhos piscam de cansaço. Estamos aqui desde do fim da aula, três horas rondando o Queens e nada.
— Fala sério eu já disse pro Senhor Stark tantas vezes que estou pronto pra outras missões.
— Stark. Tony Stark? Eu vi ele nas suas memórias. Muita admiração envolvida.
Peter fica de pé em cima do telhado.
— Vamos patrulhar mais um vez e depois podemos ir pra casa.
— Patrulha número 16 — digo.
Ouço um barulho como se fosse um pequeno foguete. Olho e vejo uma armadura. Reconheço como a armadura de Tony Stark. A armadura começa a falar.
— Pode começar a se explicar garoto
— Explicar?
— O que ela está fazendo aqui? O Happy me disse que você estava com uma parceira que ele não conhecia.
— É uma longa história. Mas eu juro ela não vai atrapalhar.
O rosto da armadura olha pra mim. Tento encostar nela. Mas o braço se afasta.
— Ele tem razão não estou aqui pra causar problemas — falo.
— Ah é, e como vou ter certeza disso?
— Palavra de confiança o que acha. Aperto de mãos contrato em papel ?
— Pra começo de conversa eu não estou exatamente aqui. É só a armadura — diz Tony.
— Que falta de educação — digo.
— Pera aí. Como é que é.
Me afasto dele e fico perto de Peter.
— Quero explicações. Pelo visto ela tem os mesmos poderes que você. Posso saber o que é isso?
— Eu não sou uma coisa pra você me chamar de "isso"— digo irritada.
— Ela absorveu meus poderes. Foi isso. Eu não sei como, ela me explicou mas eu ainda não entendo como é possível. Eu estou tentando achar o pai dela é isso ! — Peter diz.
— Eu acho que isso você precisa me explicar pessoalmente — Tony fala.
— Desculpa Persy. — diz Peter olhando pra mim.
— Está tudo bem — digo. — Eu vou e volto.
— Ele pode ajudar, melhor do que eu posso.
Sei que Peter confia em Tony. Talvez eu não confie, mas ainda há uma ponta da confiança que Peter tem nele em mim. As memórias dele são como um borrão colorido. Mas as cores vão se apagando com o tempo. Eu sempre agradeci por não ficar com todas as memórias por tanto tempo. Apenas as mais importantes ficam. Mas eu quero todas as memórias de Peter em mim, as boas, as ruins e as horríveis.
Abraço ele e fico perto da armadura.
— Eu disse que Persy soa bem.
— Eu ainda não acho um bom apelido. Preciso mudar isso — diz ele.
— Te vejo mais tarde.
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Uma torre. Eu fui levada pra uma torre. Me sinto como a Rapunzel, no filme Enrolados. Se ele decidir me prender, eu com certeza vou derrubar tudo isso, mesmo eu estando aqui dentro.
— Bela torre, aconchegante — digo.
— Vamos mudar, daqui uns dias — diz ele. — mas você não precisa saber disso.
Tony é alto, mas não tão alto. É como nas memórias de Peter mas um pouco mais " real". Ele aponta para uma cadeira. Eu me sento e ele se senta na minha frente atrás da mesa. Ele está usando uma camiseta do Black Sabbath. Me seguro pra não começar a falar sobre a banda. Minha mãe costumava encher a casa com música. Heavy Metal pra ser mais específica. Eu ainda escuto as mesmas bandas que escutávamos na época.
— Você pode começar a contar tudo.
— Depende, preciso ser específica em alguma coisa ?
— Sim seja específica em tudo!
— É difícil contar uma coisa que você quer esquecer.
Conto toda a história. Desde da minha infância com minha mãe, até eu ser presa. Conto sobre as torturas enquanto seguro as lágrimas. Falo sobre como cheguei até aqui. E até sobre como encontrei Peter. E explico como meus poderes funcionam.
— Tá legal eu vou fingir que isso tudo não é estranho pra caramba — diz Tony.
Ele se levanta e fica de pé em frente a mim. Eu me levanto prontamente.
— Nunca pensei que fosse fazer isso — ele estende o braço.
— Tem certeza que é uma boa ideia eu absorver memórias da sua exímia vida?
— Chega de piadas. É o único jeito de eu saber se você está falando a verdade.
— Tudo bem então.
Seguro o braço de Tony. Respiro fundo e... Nada. Como assim nada? Me concentro mais uma vez e novamente nada acontece.
Me afasto assustada, com vontade de chorar.
— Conseguiu?
— Não aconteceu nada — digo com lágrimas escorrendo pelas bochechas.
Tony olha com repreensão pra mim.
— Era o que eu tinha pensado.
— Pode não acreditar em mim mas funcionou com todos. Pelo menos até hoje...
— Eu não sei o que você fez com o coitado do Peter. Mas não vou mais deixar você chegar perto de um garoto como ele.
— Se tivesse outra pessoa aqui e eu pudesse fazer de novo talvez você acreditasse.
— Mas não tem ninguém aqui.
— Talvez não funcione com você.
— E por que não funcionária comigo? — pergunta ele.
— Talvez não funcione com babacas.
O rosto dele adquire uma expressão de raiva.
— Agora você me ofendeu.
Ando até a porta com Tony gritando para eu não sair. Antes de abrir a porta falo uma coisa que queria dizer desde que vi ele.
— Mais uma coisa. Eu gostei da camiseta do Black Sabbath.
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MAIS QUE MIL MILHÕES
FanficTony Stark tem uma filha que ele não sabe da existência. Uma adolescente foi feita prisioneira por sua própria avó, por conta de seu poder único. Até que um dia um grupo muito peculiar a tira de trás das grades e a leva à Terra. Persephone terá qu...