CAPÍTULO NOVE

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Seguro a xícara com as duas mãos. Respiro fundo. Sinto o calor saindo de minhas mãos e aquecendo ela. Saio da cozinha e vou direto pra sala.
— Maldita gripe — resmunga Tony.
— Eu já disse eu posso tentar curar você — proponho de novo. Pela sétima vez no dia.
— Não. Você ainda não controla 100% isso tudo — ele diz. Logo após espirra.
Desde que contei a Tony sobre as descobertas que fiz a respeito dos meus poderes, ele anda apreensivo. Sempre cuidando se vou bem em todos os treinos. E começou a monitorar minhas notas na escola. O que é patético. Apesar de tudo Tony tem ajudado muito a controlar tudo isso. Eu falei a ele sobre tudo. Exceto sobre a pedra...
— Tá legal não vou mais insistir.
Tony se aninha na coberta. Entrego a xícara a ele e sento ao seu lado no sofá.
— Eu preciso me ocupar. Preciso esquecer que estou morrendo — fala ele.
— Dramático.
— Calada criança — ele murmura. — Me conte alguma coisa que me faça esquecer da droga dessa gripe.
Paro e penso alguns segundos. Penso em algo estranho o suficiente.
— Sonhei que estava fazendo churrasco com o James Hetfield — conto.
— Que coisa estranha.
— Eu tenho a imaginação fértil — digo.
Ouço mais espirros chegando. Happy aparece de terno com um lenço na mão. Pepper aparece vestida de azul e de salto alto. Ela parece perfeitamente impecável e bem.
— Ah como é que você não ficou doente? — pergunta Tony desacreditado.
— Não importa — Pepper diz.
Happy dá um espirro e começa a tossir.
— Persephone, querida — começa Pepper. — Não precisa ficar o dia todo aqui com Tony. Pode estudar ou ir treinar.
— Já estamos quase no fim do ano letivo não preciso estudar — falo.
— Mas precisa treinar — diz Tony. — Eu explico depois.
Ele pisca pra mim.
— Tá legal — levanto do sofá e vou em direção a porta automática.
— Melhoras pra vocês dois.
Passo por Happy paro em frente a ele.
— Tem certeza que não quer que eu...
— Não — ele diz assustado. — Não quero correr o risco de ficar com a cara verde ou algo do tipo.
Saio da sala rindo do medo de Happy.
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Termino de encher a garrafa de água. Meu olhos estão praticamente fechados. Não há luz alguma por perto ligada. Tive que dar um jeito de criar luz que atravessam pelos meus pés para chegar aqui. Ando pelo corredor. Ouço um barulho como de uma serra, fico alerta. Sigo o barulho e vejo de onde ele vem. Uma sala aberta. Entro na sala, cautelosamente. Me coloco em prontidão para atacar. Mas não faz sentido atacar, afinal quem está fazendo o barulho é o Tony.
— Não deveria estar dormindo — digo.
Ele se vira e aponta a mão com a luva da armadura pra mim. Estava quase prestes a atirar.
— Meu Deus. Quase me mata de susto — ele fala um pouco alto demais. 
— Se eu não me engano uma pessoa estava reclamando por estar com gripe — falo.
— Eu tive uma ideia por isso estou aqui — diz ele.
— Tá bem — sussurro. — Eu vou dormir.
— Espera, preciso de ajuda — pede ele.
— O que foi ? — resmungo.
— Só preciso que segure uma coisa pra mim.
— Um robô não pode fazer isso ?
— Pode. Mas você é aprendiz aqui. Não custa ajudar — Ele sorri.
Seguro o pedaço de ferro que Tony pede. Fecho os olhos e só abro-os de novo quando paro de ouvir o barulho da cerra.
— Persy — diz ele. — Precisamos conversar.
— Que legal. Depois do café da manhã que tal ?
— Eu falei hoje de manhã que iríamos conversar.
— Deveria ter falado comigo a tarde — falo.
— Eu vou explicar rapidamente o que é.
Tony explica sobre a separação dos vingadores. Sobre as burocracias do governo. Sobre revelar as identidades e sobre como os super-heróis deveriam ser monitorados pelo governo. Ele explica que acha que o monitoramento seria certo. Sinto uma pontada de preocupação quando ouço isso. Ele explica o plano. Depois ele fala sobre a Alemanha. E eu aceito sem questionar. Fecho os olhos tentado assimilar as palavras dele.
— Eu acho que vou dormir — digo.
— Está tudo bem ?
— Sim — digo.
— Pepper está pesquisando sobre o paradeiro do seu pai — ele diz.
Isso me faz sorrir e me anima.
— Acharam algo?
— Nada até agora. Mas talvez em um ou dois anos encontremos algo. Isso leva tempo, ainda mais na sua situação.
— Obrigada Tony.
—  Imagina — ele sussurra. — Está segura aqui Persy.
— Eu sei — digo. E espero realmente estar segura.
Me espreguiço.
— Eu vou dormir.
— Boa noite — diz ele.
— Não deixa essa cerra ligada. Parece que tem um serial killer aqui dentro — reclamo.
— Persy, vai dormir.
Saio da sala. E ando pelos corredores. Me jogo na cama assim que entro no quarto. Eu me sinto relativamente segura. E não vou me importar de ajudar Tony, sei disso. Ele está me fazendo um favor. Tusso um pouco. Imagino que estou bem afastando a ideia de ficar com gripe.

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