Conselho

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Pov Freen

Cheguei na clínica onde minha mãe estava, lá não havia horários de visita, éramos liberados a qualquer hora... Afinal, a maioria eram idosos e já estavam no final de suas vidas. Fui direto ao quarto de minha mãe, mas antes de abrir a porta um dos médicos daquela Ala me chamou

-Freen querida, quanto tempo. - Estendeu a mão em minha direção sorridente

- Olá Dr Simon, desculpe não estar vindo com frequência, mas o trabalho está me tomando muito tempo, algo sobre minha mãe que eu precise estar preparada? - Perguntei já que sei que eu poderia ter qualquer tipo de surpresa ao entrar naquele quarto

- Não se preocupe... - Com essa pausa já sabia que teria algo a ser dito - Na verdade tem sim Freen, sua mãe está muito fraca, tivemos que passar uma sonda de alimentação, seus banhos agora são na cama... Mas tudo isso já era esperado

-Sim DR, compreendo... Foi conversado comigo a respeito para que eu pudesse me preparar- Falei tristemente, por mais que eu já tivesse sido informada não deixava de me magoar

- Bem... Mas o que tenho pra te falar, é que aparentemente sua mãe está tendo uma melhora súbita na parte mental, ela vem perguntando de você com mais frequência e realmente parece se lembrar - Eu fiquei estática com aquela notícia - Mas acho que você sabe o que isso significa, não sabe?

Eu olhei para meus próprios pés com uma tristeza sem igual, eu sabia o que aquilo significava... Ela estava chegando próximo de seu fim. Eu apenas acenei com a cabeça e ele entendeu que eu não teria forças pra falar mais nada, então me deu um sorriso gentil e se retirou, e eu fiquei ali encarando aquela porta do quarto me preparando para vê-la.

Entrei no quarto lentamente, ao perceber que ela estava dormindo caminhei o mais silenciosamente possível para seu lado, e me sentei na poltrona. Fiquei ali admirando cada traço seu, guardando na memória cada pedacinho, estava tão bem cuidada, eu realmente não poderia estar fazendo melhor! seus cabelos cortados alinhadamente, brilhosos e cheirosos, roupas limpas com um cheiro agradável de amaciante, um colchão embaixo de suas costas próprio para que seu corpo não tivesse feridas de ficar muito tempo na mesma posição, perdi tanto a noção do tempo que nem havia notado que ela havia acordado e estava ali também me analisando

- Oohh, Olá mamãe - Tratei logo de enxugar as lágrimas que eu já havia derrubado - Como a senhora está?

- Oi minha querida, como você mesmo pode ver, não estou em minha melhor fase - Falou apontando para seu próprio corpo magro e rindo - Mas estou sendo bem cuidada, não se preocupe.

- Mamãe, quero te pedir perdão por ter te trazido pra cá, eu poderia estar cuidado da senhora em casa - Lágrimas silenciosas ainda desciam por minha face

-Ohh filha não chore, está tudo bem- Ela levou uma mão trêmula e com um pouco de dificuldade para meu rosto me acariciando - Eu deveria é ser eternamente grata, você fez o que era melhor pra nós duas, sei que não teria capacidade de cuidar tão bem de mim quanto aqui, aqui são pessoas 24 horas, me medicam e não me deixam sentir nenhum tipo de dor, e você está fazendo sua vida e não poderia estar me deixando mais orgulhosa.

Nesse momento não consegui me conter e me entreguei de vez as lágrimas, e abracei seu corpo frágil sentindo suas mãos acariciar minhas costas, sua lucidez estava realmente me impressionando, mas eu jamais questionaria, só Deus sabe o quanto pedi por um momento assim antes de sua partida.

- Mamãe, eu te amo tanto - Falavam entre soluços

- Eu também te amo meu amor, e quero que me prometa sempre pensar em você - Levantei meu olhar analisando seu rosto, eu já sabia que nesses momentos eram os que mais eles gostavam de aconselhar, e eu nunca que me recusaria de ouvi-la.

Doce ódio - FreenBeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora