Dois meses.

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Essa pôrra e um campo minadoQuantas vezes eu pensei em me jogar daqui,Mas, aí, minha área é tudo o que eu tenhoA minha vida é aqui e eu não preciso sairÉ muito fácil fugir mas eu não vou,Não vou trair quem eu fui, quem eu souEu gosto de onde eu tô...

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Essa pôrra e um campo minado
Quantas vezes eu pensei em me jogar daqui,
Mas, aí, minha área é tudo o que eu tenho
A minha vida é aqui e eu não preciso sair
É muito fácil fugir mas eu não vou,
Não vou trair quem eu fui, quem eu sou
Eu gosto de onde eu tô e de onde eu vim, ensinamento da favela foi muito bom pra mim
Cada lugar um lugar, cada lugar uma lei, cada lei uma razão e eu
sempre respeitei


Ipanema — Rio de Janeiro
25 de março de 2017, Terça-feira
|21h


Cristal point of view



Suspirei ao adentrar em meu apartamento, estava muito cansada e louca para tomar um banho para tirar o cheiro de hospital, mas estava tão feliz ao mesmo tempo com tudo que aconteceu entre eu Victor, e mais feliz ainda por dona Lurdes ter melhorado um pouco hoje. Senti Nala correr em minha direção e cheirar os seus pés, olhei em volta e notei que estava tudo escuro, devido o horário.

Assim que acendi a luz levei um susto ao encontrar meu pai sentando no sofá no escuro — Meu Deus, pai! Que susto — passava a mão no peito achando que isso aliviaria a pressão no peito

— Isso são horas de chegar em casa, Cristal? — questionou-me ríspido. Lógico! Ele não seria carinhoso

— Estava na faculdade! — respondi dando de ombros. Mentir já fazia parte de nosso vocabulário

— Desde quando virou mentirosa, hein? — frisou os olhos rígidos nos meus, engoli a seco — Você acha que eu sou palhaço? Achas que eu não sei sobre o seu romance com um trombadinha...

O interrompi ferozmente — Ele não é trombadinha! — encarou-me incrédulo. Não adiantava mentir, eu conheço o pai que tenho, é o melhor juíz do Rio de Janeiro. Se mentisse ele iria atrás, seria pior

— Já está defendendo esse cara — riu debochado — O que ele já lhe deu por esse ferocidade toda, hein? Acredito que não tem onde cair morto — eu não conseguia acreditar na ganância e preconceito que meu pai tem. Como posso ser filha de alguém assim, mas já estava farta

— Sabe o que ele me deu, papai? — o questionei debochadamente aproximando-me — Ele me deu carinho, atenção, cuidado. Tudo o que você nunca me deu!

Seu olhar vacilou. Eu tenho o atingido, eu não gostava de sentir esse sentimento bom dentro de mim, mas isso era de todas as vezes que me abandonou sozinha nesse apartamento.

— Eu não quero você com esse marginal, Cristal! — mandou firme — Você acha que isso é futuro para você? Acha que esse marginal vai te levar para Paris, Madri, Nova York? Vai lhe dar joias? Esse favelado não tem futuro digno! Não criei filha minha para passar por isso — aproximou-se

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