capitulo 23

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Eu imediatamente girei para trás, colocando meu traseiro longe de
sua vista.
James estava olhando para mim, com os olhos arregalados e a boca
aberta. Ele tinha visto tudo.
Meu Deus!
Eu poderia garantir que meu rosto está em seu vermelho mais
brilhante. Mas não mais vermelho do que minhas calças pelo olhar no
rosto de James. Minhas mãos e pés estavam frios, apesar de todo o meu
corpo queimar, e não de um jeito bom.
O nível de constrangimento que eu sentia agora poderia facilmente
competir com o dia em que meu maiô se rasgou no parque aquático
quando eu tinha dez anos.
Ele vai me destruir.
Quando vi os olhos de James deslizando para a área da minha virilha,
balancei para fora do meu estado de congelamento e me forcei até a
maçaneta da porta atrás de mim.
— Você...
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, abri a porta do banheiro,
tropecei para dentro e bati com força.
Pressionei minhas costas contra a porta para recuperar o fôlego, que
estava saindo em baforadas, mas rapidamente me afastei, lembrando do
meu problema lá embaixo.
Eu não queria sujar um banheiro tão limpo e bonito. Meus lábios
tremiam e eu estava a segundos de chorar.
Eu me senti tão envergonhada e nojenta, e pensar em James me
deixou ainda mais nervosa.
Não é um bom momento para chorar, Keily.
Após vários minutos hiperventilando, finalmente me recompus.
Arrastei minhas pernas para a frente do espelho e verifiquei meu traseiro.
Não!
Minhas calças brancas estavam arruinadas. Elas se foram. A área ao
redor da minha virilha estava manchada de vermelho. Essas manchas de
sangue não iriam sair na próxima década.
Corri para o assento do vaso sanitário e comecei a desenrolar o papel
higiênico freneticamente para encharcar o sangue da minha calça e
calcinha.
Não estava funcionando, mas eu continuei. Eu não tinha ideia do que
mais fazer.
E James, meu bully e testemunha em primeira mão da minha situação
mortificante, estava a apenas uma porta de distância. — Caramba.
Em algum lugar entre o papel higiênico arrancado, minha visão ficou
turva e me ouvi fungando.
Não chore. Uma lágrima caiu. Por favor, não faça isso. Outra veio.
Ótimo!
Agora eu estava soluçando e esfregando papel nas minhas roupas
encharcadas simultaneamente.
Uma batida veio do outro lado, interrompendo meus movimentos. —
Keily. — James. Devo ter ficado dentro de casa por muito tempo. Ele
bateu novamente quando nenhuma resposta veio do meu lado.
— Keily, você está bem aí? — Sua voz era gentil, me surpreendendo.
Ele não ia tirar sarro de mim?
— Sim, — eu respondi reflexivamente. Eu parecia uma criança
pequena.
— Tem certeza? — Ele perguntou novamente. — Você precisa de algo?
Sim, uma máquina de perfuração para cavar um buraco e rastejar para
dentro dele.
— Você tem seus absorventes higiênicos ou qualquer outra coisa que
você usa? — Ele continuou. — Além disso, posso emprestar minhas
calças, se você quiser trocar as suas.
Esse cara é o James? Olhei para a porta, confusa. Ele estava agindo tão
fora de seu personagem, ou pelo menos não como eu esperava que ele
fizesse, assim como na festa.
Meus olhos desceram para inspecionar minha bagunça. Quaisquer
que fossem suas intenções, eu não tinha o luxo de meditar sobre elas em meu estado atual.
Então me levantei e ajustei minhas calças para conseguir a única ajuda
que tinha no momento.
— Eu posso te deixar em casa...
Abri a porta apenas o suficiente para espiar minha cabeça para fora.
James estava a dois passos de distância, nenhum indício de desgosto
ou zombaria em seu rosto, apenas uma suavidade estranha enquanto ele
olhava para trás, mais uma vez desafiando minha horrenda imaginação
sobre ele.
— Você estava chorando? — Ele questionou, franzindo as
sobrancelhas.
Eu balancei minha cabeça, evitando seus olhos e me sentindo como
uma criança de cinco anos mentirosa. Eu deveria ter lavado meu rosto
antes de vê-lo.
— Você não é uma boa mentirosa. — James suspirou. — Por que você
estava chorando, hein? Cólicas são tão ruins assim? — Ele perguntou
sério.
Seus olhos se estreitaram como se estivessem pensando em algo. —
Espere, esta é a primeira vez que você está menstruando...
— Não! — Eu corei com a suposição. — De jeito nenhum. E só que
minhas calças estão arruinadas e você viu... — Eu me mexi e olhei para
baixo, me sentindo desconfortável.
— Keily, é apenas uma menstruação, — ele disse.
— Nós aprendemos essa merda quando tínhamos doze anos na
educação sexual.
— Além disso, minha mãe é médica, então aprendi sobre anatomia
humana muito antes das outras crianças, e deixe-me te dizer, a
menstruação não era algo que eu achava repulsivo. — Ele bufou.
— Não tenha vergonha.
— Mas você olhou para mim...
— Fiquei um pouco surpreso, é isso. Suas calças estavam... realmente
arruinadas, — ele esclareceu e pigarreou. — Como eu disse, você pode
pegar minhas calças emprestadas.
— Eu vou manchá-las também. — Eu funguei.— Então podemos lavá-las. — Ele imitou minha voz chorona. Ele riu
quando eu fiz uma careta. Este homem está lidando com a situação de
maneira mais madura do que eu. — O que mais você precisa?
— Eu— eu não tenho absorventes internos comigo, e — meu rubor
voltou — e minha calcinha também está suja. Eu preciso dela. Portanto,
não me empreste suas roupas; elas ficarão sujas. E não é como se eu
pudesse caber em suas calças...
— É isso? — ele me cortou.
— Uh—sim.
— Dê-me um minuto, — James pegou seu telefone celular. — Vou
pegar suas coisas. — Ele deu um passo para trás, colocando o telefone no
ouvido.
— O que você está fazendo?
— Ligando para minha mãe, — respondeu ele apressadamente,
afastando-se, — porque ela também é mulher, sabe.
— Mas... — Antes que eu pudesse continuar, ele saiu do quarto,
deixando minha cabeça espiando confusa e sozinha.
Depois de algum tempo, eu estava prestes a fechar a porta do
banheiro quando James voltou.
Ele tinha dois pacotes de absorventes internos em seu punho. Em vez
de vir até mim, ele acelerou direto para outra porta, que levava ao que eu
assumi ser seu armário.
Ele saiu. — Aqui. — Ele me entregou um pano dobrado azul marinho
e colocou os absorventes internos sobre ele. — Vista isso.
— Mas...
— Vai caber. Pare de ser uma criança. — Fui repreendida.
Eu olhei para baixo. — Ok, mas minha calcinha...
— São absorventes internos; você não vai precisar dela. E se você
quiser, posso pedir a alguém para ligar a máquina para lavar suas roupas.
— Não, — eu disse imediatamente, com a vermelhidão em minhas
bochechas intacta. Eu ainda estava surpresa com o quão casualmente ele
estava falando sobre essas coisas. — Eu posso lavar minhas roupas. Não
há necessidade de incomodar outra pessoa.
James me encarou, tempo suficiente para eu me encolher novamente,antes que ele suspirasse. — Como quiser... Só uma dica, use o líquido
para lavar as mãos para tirar as manchas de sangue. Isso vai tirá-las de lá.
Eu balancei a cabeça e fechei a porta, finalmente capaz de respirar
novamente. Receber tanta generosidade dele fez meu cérebro parar de
funcionar. Eu tinha de respirar.
As calças de James não eram basicamente justas, mas ficavam bem na
minha bunda, e também eram muito longas, então eu tive de dobrá-las
até os tornozelos. De modo geral, eu não era grande demais para elas.
Embora eu me sentisse estranha ao vestir a calça sem calcinha. Ele
estava certo sobre o líquido para lavar as mãos também; funcionou como
um encanto para remover manchas de sangue de minhas calças e
calcinha.
Enquanto eu saía do banheiro, James ergueu os olhos do celular.
Quando seus olhos se moveram sobre minha figura, me senti mil
vezes mais constrangida em usar suas calças do que no banheiro.
Adicione o fato de que nós dois sabíamos que eu estava sem nada por
baixo.
— Obrigada. — Eu fiquei sem jeito diante dele. Ele estava sentado na
cama. — Obrigada por suas calças e... por tudo. — Eu ainda estava muito
envergonhada.
Ele encolheu os ombros. — Você quer ir para casa ou trabalhar?
— Eu posso trabalhar. — Minhas cólicas já haviam diminuído, então,
no momento, eu não estava em condições de morrer.
Além disso, não parecia certo abandonar James depois que ele me
ajudou, embora rastejar para o meu quarto para reviver essa situação
humilhante fosse muito atraente.
Ele se mexeu, deixando metade da cama. — Venha aqui, — ele
ordenou, dando um tapinha no espaço vazio quando me viu hesitando
em me juntar a ele na cama.
Eu estava com medo de deixar uma mancha na cama porque — bem,
porque eu não estava de calcinha. Eu sempre estava acostumada a usá-la
nas minhas menstruações.
Sentei-me ao lado dele, esticando minhas pernas, copiando sua
posição, mas apertando minhas coxas fechadas.James mais uma vez colocou o laptop em seu colo. Ele se aproximou, e
meu batimento cardíaco aumentou quando nossas coxas roçaram uma
na outra.
— Temos de começar com o preenchimento de menus. — Ele
pigarreou e olhou para mim.
— Ok. — Eu concordei.
Antes que pudéssemos começar, alguém bateu à porta. Uma senhora
de meia-idade de avental entrou, carregando uma bandeja.
— Obrigado, Charlie, — disse James a ela. — Coloque na cama.
Charlie colocou a bandeja na nossa frente. — Diga-me se precisar de
mais alguma coisa. — Seus olhos se moveram para mim e ela sorriu.
Tentei retribuir o gesto o melhor que pude, enquanto ela avaliava a
mim e meu estado de roupas atual. Eu queria me esconder.
— Sim, senhora. — James acenou com a cabeça e ela saiu.
Na bandeja, havia duas xícaras de chá e croissants. — Pedi a ela que
fizesse um chá de gengibre; é bom para cólicas, — James me disse.
Minhas entranhas derreteram.
— Você não precisava fazer isso. — Esse cara não é o James.
— Mas eu fiz. Então tome. Eu estou com fome também; são quase
cinco. — Ele pegou um croissant e deu uma mordida.
— Por que você está sendo tão legal? — Eu não pude evitar de
perguntar. Só na segunda-feira esse cara tinha me chamado de — baleia.
O movimento de suas mandíbulas parou. — Porque eu posso, — disse
ele depois de engolir. — Não é muito agradável ter uma menina
chorando no seu banheiro. Eu não sou um monstro.
— Mas você agiu como um para mim.
— É por isso que você me odeia.
— Eu não posso te odiar, mesmo se eu quisesse. — Minha boca se
moveu sem minha permissão. Os olhos de James se aguçaram.
Meus olhos se arregalaram com o meu deslize. Isso estava se tomando
um padrão. Eu estava perdendo muito meu filtro na presença desse
demônio. Um longo silêncio se seguiu enquanto nos encaramos.
Minhas bochechas esquentaram sob seu olhar ardente.— Então você não me odeia. Isso é estranho.
— Não perca a parte 'se eu quisesse'.
— Então talvez eu deva intensificar meu jogo. — Ele sorriu, e meu
coração bateu forte. — James está de volta.
— Então você vai me intimidar de novo? Desta vez, não serei um alvo
fácil. — Eu olhei para ele, tentando seguir o conselho de Addison. No
entanto, eu sabia que tinha falhado quando seus lábios apenas se
curvaram ainda mais.
— Oh, tenho algo melhor em mente. — Ele sorriu maldosamente e eu
engoli em seco. Ele gostou da minha apreensão. — Beba seu chá, Keily,
antes que esfrie.
Ele se afastou, me fazendo perceber que nossos rostos estavam mais
perto, e deu outra mordida em seu croissant.

Keily Gordinha e Fabulosa-Manjari.Onde histórias criam vida. Descubra agora