Senti seus olhos no segundo em que cheguei ao lugar ao lado dele.
Altamente consciente de cada movimento meu, sentei-me e comecei a
tirar coisas para a aula da minha bolsa, não ousando encontrar seu olhar.
— Por que está tão tímida agora, porquinha? — James disse, me
fazendo parar e olhar para ele timidamente. Minhas bochechas
aqueceram quando nossos olhos se encontraram. Seu olhar era feroz e
acusador e, como sempre, me prendendo à submissão.
— O que aconteceu com a vagabunda que não conseguia manter as
mãos longe do Lucas na outra noite?
Lá estava ele de novo. — Vagabunda.
— Pare de me chamar assim. Não é...
— Por que não? Não foi você quem disse que pode transar com
qualquer um? — Ele me interrompeu, encostando-se nas costas da
cadeira. Seus olhos percorreram toda a minha forma e eu me contorci de
autoconsciência.
Eu estava usando um top listrado rosa e branco enfiado dentro da
minha saia jeans azul simples, que chegava logo acima dos meus joelhos.
Eu nunca pensei que a roupa fosse ruim, mas sob o olhar escrutinador
de James, eu esperava que não me fizesse parecer muito gorda.
— Olhe para você. — Seu olhar perfurou-me novamente. — Não é à
toa que você está tão desesperada para tirar vantagem do meu amigo
bêbado.
Suas palavras pareceram um soco.
— Pare, — eu implorei. — Eu não queria tirar vantagem de ninguém.
Não é o que você pensa.
— Então, o que é?
Minha boca se fechou. Não achei uma boa ideia contar a ele o que
Lucas e eu planejamos.
James zombou quando eu não disse nada. — Se você quer tanto, por
que ir atrás do Lucas? — Ele se sentou, com um sorriso arrogante
aparecendo em seus lábios, antes de se inclinar para mim. Ele não parou até que nossos rostos estivessem a apenas alguns
centímetros de distância.
Meu corpo congelou, mas meus sentidos ficaram hiperativos com sua
proximidade. Um traço de uma rica colônia misturada com seu próprio
perfume almiscarado me cercou.
Eu vi as pupilas em seus olhos escuros dilatarem quando eles se
moveram para escanear meu rosto — assim como da última vez na festa.
Seu sorriso se desfez um pouco quando seu olhar desceu para os meus
lábios, demorando-se lá por mais tempo.
Percebi que sua arrogância estava se esvaindo e algo mais a substituiu
por algo intenso.
Um maldito zoológico estava vibrando em minha barriga,
provavelmente por medo. Devia ser medo. Minha pele queimava sob seus
olhos, arrepios aparecendo por toda parte. Eu não tinha dúvidas de que
meu rosto estava totalmente vermelho.
— James? — Eu sussurrei, assustada.
Uma palavra, e foi o suficiente para limpar o olhar atordoado de seu
rosto. Em um instante, o olhar provocador estava de volta, junto com
aquele sorriso maroto.
Vendo isso, eu finalmente reagi e me afastei um pouco, mas James
agarrou uma mecha do meu cabelo no meu ombro e me puxou para ele
novamente. Eu sabia que algo malicioso estava por vir.
— Se minha porquinha quer tanto, — James começou, com seu hálito
mentolado acariciando meu rosto, — ela pode vir até mim. Vou dar a
você o que quer por muito tempo e com muita força, do jeito que uma
vagabunda gorda como você quer.
Com um último olhar, ele me soltou e recostou-se em sua cadeira
confortavelmente, agindo como se não tivesse apenas me insultado.
Ele é doente!
Eu queria esbofeteá-lo com força ou enfiar seu rosto na própria mesa e
vê-lo se contorcer. Qualquer coisa para machucá-lo de volta como ele
tinha feito comigo agora há pouco.
Foi horrível e minha autoestima sentiu a dor. Mas tudo que pude fazer
foi impedir que um choramingo patético me escapasse com seu comentário degradante. Eu sou uma covarde.
Abatida e derrotada, voltei para minhas coisas na minha mesa. Abri
meu livro e continuei lendo a mesma frase várias vezes para conter as
lágrimas até que o Sr. Crones chegasse.
Fiz o meu melhor para prestar atenção ao nosso professor e esquecer
o que James havia dito, mas não consegui.
Meu bully, como sempre, conseguiu com seus modos cruéis entrar na
minha mente, me fazendo repetir seu insulto sem parar.
E o formigamento que percorreu meu corpo toda vez que ele olhou
para mim na aula também não ajudou.
Eu o odeio muito.
— Você deveria vir para a seletiva esta tarde, — Lucas me disse. — E
melhor do que ficar sozinha na biblioteca. Além disso, você pode ver
Addison sacudindo os pompons.
Ele deu um sorriso provocador para Addison, que estava do meu outro
lado.
Minha prima olhou para ele. — Com a maneira como vocês nos
olham no campo, achei que vocês notaram que não estamos usando
pompons nesta temporada.
— Não! — Lucas franziu a testa. — Mas é mais divertido com eles.
Vocês deveriam usá-los.
Addison revirou os olhos.
Era almoço, e Addison e eu estávamos caminhando para o refeitório
quando Lucas se juntou a nós.
Eu não o tinha visto esta manhã toda, mas isso era principalmente
porque na segunda-feira, a aula de cálculo que tínhamos era depois do
almoço.
Fiquei um pouco apreensiva em vê-lo devido aos incidentes na festa,
mas Lucas, agindo como se nada estivesse fora do normal, tirou toda a
estranheza da nossa conversa.
Ele não mencionou a festa, e nem eu. Mas eu tinha a impressão de que
Addison estava morrendo de vontade de falar sobre isso, se os olhares
sugestivos que ela estava lançando em minha direção fossem alguma
indicação.Hoje, depois da escola, haveria a seletiva de futebol para quem
quisesse estar no time.
Lucas me disse que eles eram conduzidos no início de cada ano, e o
jogo que viria na próxima semana seria um bom aquecimento para os
novos jogadores antes da temporada.
Ele estava insistindo para que eu fosse assistir aos testes, já que eu
estaria aqui de qualquer maneira porque Addison tinha seu treino de
líder de torcida depois da escola também, e era ela quem me deixava em
casa.
Sempre que Addison ficava até tarde, eu ia à biblioteca para esperar
por ela e, enquanto isso, fazia meu dever de casa.
Não tive problemas com esse arranjo, pois economizava meu tempo
para ir para casa e me permitia trabalhar com meu pai em seus projetos
de webdesign.
No entanto, agora que Lucas estava falando tão animadamente sobre
o jogo, pensei que adoraria ver ele e Addison fazendo suas coisas no
campo de futebol.
Mas, infelizmente, com eles também haveria uma pessoa que eu
desprezava. Eu não queria ver o rosto de James depois do que aconteceu
na aula de inglês.
E eu tive a sensação de que ele também não gostaria de me ver lá e,
dado seu histórico, ele me deixou saber pisoteando-me com seus insultos
cruéis.
Eu estava até com medo da nossa próxima aula, cálculo, juntos.
— Vejo você no treino, Keily, certo? — Lucas se virou para mim, com
suas sobrancelhas levantadas, esperando pela minha resposta.
— Sim. — Eu concordei.
Mesmo que a ideia de ver James ali não fosse agradável, eu não queria
decepcionar Lucas, principalmente quando ele era tão carinhoso e
sempre tentava me fazer sentir incluída.
Além disso, Addison provavelmente me mataria se eu recusasse.
Ele sorriu, e Addison sorriu ainda mais. Oh, Deus!
Quando chegamos ao refeitório, a primeira pessoa a chamar minha
atenção foi, claro, James. Ele estava sentado em sua mesa com os outros caras, e seus olhos brilhantes já me observando.
Quase pude ver a escuridão pairando sobre seu rosto ao encontrar
Lucas ao meu lado.
Fiquei chocada com sua ousadia. Ele não tinha o direito de me encarar
assim depois de como ele agiu, e com uma explosão repentina de minha
própria raiva, eu queria mostrar isso a ele.
— Lucas, por que você não se senta com a gente hoje? — Perguntei a
Lucas com um sorriso brilhante, sentindo o olhar de um certo idiota se
intensificar.
— Os caras estão esperando... — Ele olhou para sua mesa normal,
onde James também estava sentado.
— Sabe de uma coisa? Vamos lá. Tenho a reputação de quarterback
para manter, e isso significa me cercar de garotas bonitas.
— Você é tão desprezível, — disse Addison, mas seu rosto estava se
iluminando com um sorriso largo. Ela estava olhando para mim e ele,
nem um pouco tentando ser discreta ao imaginar o nome do nosso bebê.
— Na verdade, sou, — Lucas brincou de volta.
— Então, você vai pagar meu almoço?
— Não se preocupe, eu vou pagar, — ofereci. Era o mínimo que eu
podia fazer depois que ele tinha sido tão bom comigo.
— E ela é a rainha. — Lucas jogou o braço em volta do meu ombro e
abaixou a cabeça, me fazendo rir.
Mas isso parou quando meus olhos se voltaram para James, que estava
fervendo e segurando o garfo com força. Eu estaria mentindo se dissesse
que não estava com medo.
Lucas me soltou quando nos mudamos para entrar na fila para o
nosso almoço e, depois, ele se sentou conosco — Addison, Sadhvi, Lola e
eu.
Eu estaria me deleitando com minha pequena vitória se não fosse por
meu nêmeses, cujos olhos furiosos me prometeram retribuição. — Estou
morta.
Eu visivelmente engoli em seco quando James entrou em nossa aula
de cálculo e ferozmente olhou para mim pelo meu crime de existir.
Lucas, que estava logo atrás dele, me lançou um sorriso com um aceno de cabeça.
Eu queria desaparecer.
— Estou tão animado com a seletiva, — Lucas disse enquanto se
sentava ao meu lado. Eu vi James ficando em seu outro lado.
— Eu também, — disse James, olhando para mim.
— Sabe de uma coisa, Keily? — Lucas parecia animado, fazendo-me
desviar o olhar de James.
— Acabamos de falar com o treinador, e ele quer que James e eu
demonstremos jogadas para os novatos. Não é grande coisa, mas adoro
derrubar esses novatos.
— E divertido ouvir seus grunhidos dolorosos quando recebem o
primeiro choque de suas vidas.
— Você parece muito animado em machucar os outros? — Eu
questionei, tentando ignorar os olhos penetrantes de James.
— Juro que sou uma pessoa boa, mas quando se trata de futebol, sou
um sádico.
Eu balancei a cabeça, tentando encontrar seu entusiasmo e falhando.
— Você ainda vem para ver a seletiva? — Lucas perguntou.
Meus olhos dispararam para James, e percebi um olhar de surpresa em
seu rosto antes de se transformar em algo sinistro. Tive um mau
pressentimento sobre isso.
— Sim, estarei lá. — Eu queria desesperadamente gritar, — Não.
— Certifique-se de não amassar nossas arquibancadas; acabamos de
pintá-las. — James acrescentou, como de hábito. — Idiota.
Corei e olhei para a minha mesa, também como um hábito.
— James, simplesmente não faça isso. — Eu ouvi Lucas suspirar.
Surpreendentemente, o resto da aula transcorreu sem problemas,
exceto as provocações habituais de James sempre que Lucas tentava me
incluir em sua conversa.
No entanto, tive a sensação de que essa era a calmaria antes da
tempestade. Ok, talvez eu estivesse exagerando, mas eu sabia que ele iria
se vingar de alguma forma.
Eu tinha me rebelado contra James no almoço, propositalmente indo atrás de Lucas, e ele percebeu isso.
Algo me dizia que ele não aceitou bem minha rebelião e que eu
pagaria.
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Keily Gordinha e Fabulosa-Manjari.
RomansaKeily sempre foi corpulenta e, embora tivesse suas inseguranças, nunca deixou que isso a atrapalhasse. Isto é, até ela se mudar para uma nova escola onde conheceu o maior idiota de todos os tempos: James Haynes. Ele nunca perdia a chance de zombar d...