Capítulo 28
A semana inteira passou como uma névoa, e o sábado já tinha
chegado.
No momento, nós, meninas, estávamos dirigindo para os arredores da
cidade para o carnaval de outono, que foi lançado no terreno à beira do
lago. Era organizado anualmente e durava cerca de três semanas.
Certamente, minha vida social ganhou um grande impulso em
Bradford. Sempre havia algo novo para fazer nos fins de semana.
O carnaval havia começado apenas alguns dias atrás, e tínhamos
planejado uma visita o mais cedo possível, antes que todas as coisas boas
se esgotassem.
Hoje, eu estava de jeans skinny e jaqueta jeans com uma camiseta
amarela por baixo.
Quando eu me olhei no espelho em casa, minha mente
imediatamente percebeu como minhas coxas pareciam largas com o
jeans que eu evitava usar.
No entanto, desta vez, eu esmaguei minhas inseguranças e saí de casa
com elas. O fato das garotas terem elogiado minha roupa também
ajudou.
Addison usava um vestido de verão e acrescentara um cardigã marrom
claro por cima. Sadhvi estava de jeans e uma jaqueta preta, e Lola estava
com um suéter laranja e uma saia jeans no meio da coxa.
Todos eles pareciam lindos e preparados.
— A cobertura do telefone celular não é boa nessa área, então tente
não se afastar muito do grupo, — disse Addison.
Ela estava ao volante de seu Volkswagen. Sadhvi estava andando de
espingarda, e Lola e eu estávamos na parte detrás.
— Sim, da última vez que estivemos aqui com o time, — Sadhvi disse,
— Cindy e Emma se separaram de nós. Levamos horas para encontrá-las.
Voltamos tarde naquela noite, e minha mãe estava muito brava.
— Que tal desta vez ficarmos de mãos dadas como boas meninas? —
Lola ergueu os olhos do telefone e sorriu provocativamente. — Tenho certeza de que vocês não vão se importar.
— Oh, haverá mãos dadas, mas uma pena que não faremos parte
disso, Lola, — acrescentei, sorrindo para o rosto tímido de Sadhvi com
nossos comentários sugestivos. Era divertido provocá-las às vezes.
Addison revirou os olhos. — Não admira que os gays tenham medo de
se assumir.
— Todo casal tem de lidar com as piadas desagradáveis de seus
amigos, — murmurou Lola, com os olhos fixos no celular e os dedos
digitando.
— Lembro-me de cada uma de vocês zombando de Matt e de mim.
Portanto, não atribua isso à opressão gay.
— Vou colocar isso no que eu quiser. Vá importunar seu namorado
nerd. — Eu vi Addison mostrar a língua no espelho retrovisor e rir. Lola
nem olhou para cima, ocupada demais olhando para a tela.
— Agora que estamos falando sobre amor..., — Sadhvi falou
lentamente, voltando-se para olhar para mim. — Keily, o que está
acontecendo entre você e James?
Minhas bochechas ficaram ligeiramente tingidas quando senti a
atenção mudar para mim. Os dedos de Lola pararam, com os olhos de
Addison me espiaram pelo retrovisor e Sadhvi apenas me olhou com
curiosidade.
Eu não tinha discutido muito sobre James com eles. Não era como se
eu não quisesse, mas estava meio com medo. Eu estava com medo de
seus julgamentos.
James não tinha sido tão gentil comigo no início, então era esperado
que as meninas criticassem o que quer que estivesse florescendo entre
nós.
Eu já tinha visto a prévia na semana passada, quando Addison brigou
comigo depois que eu beijei James na festa.
Certo, ela estava lidando com suas próprias coisas e descontou em
mim, mas o julgamento ainda estava lá.
Outra razão era que eu não sabia o que estava acontecendo entre
James e eu. Eu sabia que ele estava tentando me atrair ou algo assim.
Eu também sabia que já estava cortejada; ele não precisaria se esforçar muito. No entanto, eu estava com medo de levar as coisas adiante. Eu
ainda era cética em relação a ele e a tudo entre nós.
— Somos meio que amigos, — respondi.
— Amigos? — Addison repetiu, com suas sobrancelhas levantadas no
espelho.
— Sim, eu acho, — eu murmurei, insegura. — O comportamento dele
mudou muito nos últimos dias. Ele admitiu estar errado e lamentou isso.
Portanto, não vejo razão para guardar rancor.
— E hora de ele se desculpar com você por ser um idiota.
— Eu concordo, — Sadhvi entrou na conversa, — mas sinceramente,
todos nós meio que previmos isso. Todos podem ver que ele é louco por
você.
— Mas não pare de guardar rancor, Keily. Faça-o se arrepender mais.
— Addison bufou.
— É difícil guardar rancor quando ele está sendo tão doce, — eu disse,
corando. Fiquei aliviada por elas não estarem sendo muito duras com
James ou comigo. — Ele pode ser muito gentil e atencioso quando quer.
— Doce? Gentil? Atencioso? Estamos realmente usando esses
adjetivos para aquele desgraçado?
Sadhvi balançou a cabeça. — Ah, vai; ele não é tão ruim.
— Eu concordo, — disse Lola finalmente. — Se ele fosse uma pessoa
tão má, ele não teria Matt e outros caras como seus amigos. Ele tem de
ter algumas qualidades redentoras para os meninos ficarem com ele.
— Sim, sim, — Addison murmurou mal-humorada. — Ele é ótimo!
— Você é difícil de agradar, Addy. — Sadhvi suspirou antes de olhar
para mim.
— Não pense que não percebi que você e James trocaram olhares
pegajosos. Já sabíamos que ele gostava de você, e parece que você está
prestando muita atenção nele também. Vocês são definitivamente mais
do que amigos.
Eu corei muito. Ela estava certa. James e eu éramos mais do que
amigos. Nos últimos dias, estivemos trocando mensagens de texto aqui e
ali, e as mensagens eram bastante sedutoras.
Nesta quarta-feira, James também visitou minha casa para trabalhar em nosso site. Nada drástico havia acontecido; ele manteve distância, e
eu também.
Embora eu não pudesse negar a tensão crepitante entre nós sempre
que estávamos próximos, nós dois estávamos nos acorrentando para não
agirmos de acordo com nossos impulsos por causa de nossa situação
frágil.
— Não sei o que somos, — respondi honestamente, — mas não somos
namorado e namorada, se é isso que você está sugerindo.
— Você quer ser namorado e namorada? — Lola perguntou.
Olhei para fora, vendo a longa trilha de árvores passando. — Eu não
sei. — Prendi minha respiração.
— Quer dizer, eu gosto dele, e ele meio que admitiu que gosta de mim
também. Mas não quero ceder tão facilmente.
— Não quero dar a ele a impressão de que, se me insultar ou
desrespeitar, vou deixar passar sem pensar duas vezes.
— Isso aí, garota, — Addison aplaudiu.
— Então, por enquanto, vocês estão indo devagar? — Lola perguntou.
— Ou talvez estejamos parados. — Eu dei de ombros e dei a ela um
meio sorriso.
— Está tudo bem. As pessoas têm seu próprio ritmo quando se trata
de relacionamentos.
— Não sei se chegaremos ao ponto em que teremos um
relacionamento. — Dizer isso em voz alta realmente machuca.
Talvez fosse meu eu adolescente hormonal, mas eu não gostava da
imagem do meu futuro sem James. — Às vezes, fico assustada com a
intensidade dessa atração.
— Mas está tudo bem. Ele passou de xingar-me para me tratar como
uma pessoa real com sentimentos, e isso é o suficiente por ora. — Era
apenas o suficiente, mas eu queria mais, e parecia que ele também.
Lola sorriu antes de lançar os olhos para o celular quando ele pingou.
Seu sorriso caiu e ela olhou para cima.
— Então você não se importaria se eu dissesse que Matt convidou ele
e os outros caras para nos encontrar no carnaval? Certo?
Fiquei boquiaberta. Ugh...Sadhvi deu uma risadinha. — Isso vai ser divertido.
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Barracas coloridas, brinquedos diferentes e uma grande multidão de
pessoas saudaram nossos olhos enquanto caminhávamos pela entrada do
festival de outono da cidade. Ele ocupava uma área bem grande.
A festa e a alegria nos cercavam, o que era o suficiente para levantar o
ânimo de qualquer pessoa.
Crianças e adultos caminhavam com brinquedos de pelúcia ou
grandes doces nas mãos, gritos altos reverberavam nos brinquedos e o
cheiro de comida quente pairava no ar.
— Matt disse para esperá-los perto da entrada principal, — Lola nos
disse enquanto nos movíamos para o lado para evitar esbarrar nos outros
que estivessem entrando. Ficamos perto de uma barraca de cachorro-
quente.
— Nós dirigimos por cerca de uma hora, — disse Addison, olhando o
menu exibido na tenda. — Eu só comi o café da manhã. Eu pulei o
almoço porque tive de correr para pegar vocês todas.
— Pare de se explicar; apenas compre o que quiser comer. — Sadhvi
revirou os olhos. — E pegue algo para mim também.
Addison comprou cachorros-quentes para Sadhvi e ela mesma. O
fornecedor tinha muitos clientes, por isso demorou muito para consegui-
los. Eu já estava cheia do meu almoço, então não pedi nada; nem Lola.
— Esses cachorros-quentes não estão tão deliciosos quanto da última
vez, — queixou-se Sadhvi, dando outra grande mordida em seu pão.
— Eu posso te dar um cachorro-quente melhor, querida, — alguém
comentou. Um grupo de quatro caras estava olhando para nós parados
na barraca. Eles pareciam estar na casa dos trinta.
— Tem um gosto ainda melhor, — o loiro entre eles disse e apontou
para sua virilha. Seus amigos riram como hienas.
— Cheguem mais; prometo que vai ser bom, — acrescentou outro. —
Vocês vão gritar por mais. — Minha pele se arrepiou com seus olhares
lascivos passando por nossos corpos. Esses caras eram nojentos.
— Que tal eu prometer a você meu joelho em seus minúsculos paus se
você não cair fora agora?! — Addison soltou e olhou para eles.— Ou talvez uma boa noite na prisão por solicitar favores sexuais de
menores, — Lola ameaçou, apontando o queixo para os policiais que
estavam patrulhando a área. Lola e Sadhvi ainda não tinham dezoito
anos.
As pessoas começaram a olhar para nós por causa da voz alta de
Addison.
Os homens perceberam a atenção que estavam recebendo, então com
olhares — que retratavam sua masculinidade ferida — eles saíram sem
fazer mais barulho.
— Esses merdas arruinaram minha comida. — Sadhvi franziu o rosto
para o cachorro-quente. Ela se afastou para jogá-lo no lixo.
Eu finalmente saí do meu estado de congelamento. Eu odiava o quão
petrificada ficava durante esses confrontos.
Claro, agora eu podia enfrentar James, mas outra coisa era confrontar
estranhos que você não tinha ideia do que eles eram capazes. O assédio
sexual é uma droga.
Se não fosse por Addison e as meninas, provavelmente não as teria
chamado para fora e teria apenas procurado uma saída fácil.
— Eu quero esfaquear aqueles idiotas! — Addison mastigou seu
cachorro-quente agressivamente.
— Não vamos estragar nosso humor por causa deles, — Lola a
acalmou. — Estamos aqui para nos divertir.
Sadhvi voltou com uma carranca no rosto. Eu cutuquei seu ombro e
prometi pegar algodão doce para ela mais tarde. Ela riu e disse que isso
apenas a faria lembrar de pentelhos.
Oh, Deus! Ela estragou tudo para mim também.
Nossa companhia finalmente chegou dez minutos depois.
Meus olhos instantaneamente encontraram James entre eles. Ele
estava com uma camiseta preta e jeans pretos, complementando com
uma jaqueta de couro marrom escuro e parecendo um pecador celestial.
Tive consciência de minhas roupas e coxas grandes quando ele olhou
para mim.
— Vocês demoraram, — disse Lola quando eles chegaram até nós.
Matt veio junto com James, Lucas, Keith e Axel.— Desculpe por fazer você esperar. — Matt jogou o braço em volta do
ombro da namorada e a beijou.
— Vocês nem sabem merda maluca aconteceu.
Alguns idiotas... — Addison começou a narrar todo o incidente que
acontecera com os pervertidos. Nós nove percorremos grande parte do
caminho enquanto caminhávamos.
James se moveu para perto de mim. e nossos dedos se roçaram
enquanto caminhávamos. Um leve rubor cobriu minhas bochechas
enquanto eu me perguntava se poderia apenas segurar sua mão.
Ele estava tão perto. Eu podia sentir o calor de seu corpo envolvendo
meu lado.
— Por que você não deu um soco neles, Addison? Keith perguntou
assim que Addison e Sadhvi terminaram sua história. — Você tem um
soco maldoso. — Não parecia que ele estava brincando.
— Eu teria, mas eles foram embora antes que eu tivesse a chance. Eles
eram fracos.
— Esses pobres coitados foram poupados, — disse Lucas.
Nós rimos. Ele estava certo.
— Você está bem? — James me perguntou baixinho. Sua respiração
acariciou minhas bochechas e eu senti um frio na barriga. — Eles não
disseram ou fizeram mais nada, não é?
— Não. E eu estou bem, — eu sussurrei de volta. Por dentro, eu me
derreti com sua preocupação por mim.
Eu olhei para ele e o encontrei já olhando para trás. Ele era de tirar o
fôlego. Faíscas chiaram entre nós e eu deixei de lado a restrição que me
segurava.
Não me impedi de estender a mão para segurar sua mão. Nossos
dedos se enrolaram uns nos outros. Meu corpo inteiro formigou com seu
toque simples.
Logo, os outros perceberam. Addison revirou os olhos. Sadhvi jorrou.
Lola sorriu. Lucas sorriu. Keith, Axel e Matt pareciam se divertir. Mas
não importava.
Continuamos segurando a mão um do outro e caminhamos por entre
a multidão de pessoas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Keily Gordinha e Fabulosa-Manjari.
RomansKeily sempre foi corpulenta e, embora tivesse suas inseguranças, nunca deixou que isso a atrapalhasse. Isto é, até ela se mudar para uma nova escola onde conheceu o maior idiota de todos os tempos: James Haynes. Ele nunca perdia a chance de zombar d...