James. James. James.
Ele era tudo o que tinha dentro da minha mente, beirando a obsessão.
Era saudável pensar em uma pessoa a cada cinco minutos?
Provavelmente não. Mas eu não pude evitar.
A bomba que ele jogou em mim esta manhã me deixou inquieta e
animada.
— Eu te quero.
Ele me quer.
Cada vez que eu repassava sua confissão em minha mente, borboletas
explodiram do meu peito até a minha barriga. Eu me sentia como se
estivesse nas nuvens...
Mas então seus insultos e palavras cruéis me invadiram para me trazer
de volta à realidade, e me lembrei de como nossa situação era
complicada. Eu não poderia simplesmente me levantar e esquecer seu
comportamento horrível.
Ele me degradou, me machucou. E uma parte de mim — uma parte
não tão pequena — era cética sobre ele e essa coisa entre nós.
— O treinador está nos matando para essa temporada, — Lucas
resmungou. — Eu sei que o cara respira futebol, mas caramba, ele precisa
relaxar.
Lucas me encontrou a caminho para a aula de cálculo, enquanto eu
sonhava acordada com seu amigo. Agora estávamos caminhando juntos
para a sala de aula. Eu estava tão ansiosa quanto temendo ver James ali.
Eu concordei com as palavras de Lucas. — Já existe muita pressão
sobre vocês para vencer.
Faltavam apenas algumas semanas para a temporada de futebol
americano, e como o jogo era uma religião aqui, eu podia imaginar o
peso da expectativa de todos no time, principalmente do Lucas, já que ele
era o capitão.
Mas, novamente, o treinador também pode ter sua parte justa da
carga para liderar a equipe.Eu me perguntei como James se sentia sobre isso. Depois de Lucas, era
ele que todos admiravam.
— E desta vez é mais uma merda, porque os olheiros virão nos ver.
Minha bolsa de estudos depende desta temporada. — Lucas exalou
pesadamente.
— Martin joga isso na minha cara toda vez, como se eu já não
estivesse perdendo o sono por causa disso.
— É normal ficar nervoso, mas tente não se estressar, — eu disse,
tentando acalmar nosso quarterback. — O treinador provavelmente está
perdendo o sono por sua causa também. Você é o favorito dele.
Ele sorriu antes de brincar com os dedos, um hábito que fazia quando
ele estava agitado. — Eu só estou com medo. Meu futuro está em jogo
aqui. — Eu não sabia como responder. Já era enervante tocar com tantos
olhos em você, e ter seu futuro decidido por como você atuou sob toda
aquela pressão definitivamente poderia ser doloroso.
Eu tinha feito parte da torcida e estava ciente das expectativas que eu,
uma pessoa que não estava nem aí para o jogo turbulento, havia colocado
para o nosso time no jogo de sexta-feira.
— Eu não quero estragar tudo. Uma bolsa de futebol é meu único
ingresso para o ensino superior. — Lucas olhou para mim, ansiedade e
incerteza transbordando em seus olhos.
— É a única coisa em que sou bom. Não consigo me imaginar fazendo
outra coisa. Se eu não conseguir, não tenho outros planos.
Foi a primeira vez que vi Lucas tão vulnerável.
Eu não tinha percebido que tínhamos chegado tão perto para ele
compartilhar suas inseguranças. Ele sempre agiu tão suave e amigável.
Essa coisa de olheiro estava realmente o deixando nervoso.
As faculdades eram importantes para mim também, então eu poderia
pelo menos ter empatia com ele nisso.
— Você não pode controlar o resultado, mas pode controlar suas
ações, — eu disse.
— Concentre-se apenas em seus treinos e jogos. Eu sei que é mais fácil
falar do que fazer, mas não se perca na preocupação. Isso vai consumir
sua energia.Eu me senti tão hipócrita dizendo isso quando eu mesmo era a grande
bola escorrendo de ansiedade e pensamento excessivo. Alguém disse com
razão, é mais fácil pregar do que seguir.
— Estou dizendo isso por experiência própria.
Quanto mais você dá importância a algo, mais opressor ele se toma, —
acrescentei, insinuando que não era um santo.
— Você está certa, mas...
— Mas não é fácil de seguir em frente, — eu terminei com um bufo.
Sua risada seguiu.
— Lamento não estar ajudando muito. Mas se minha opinião pouco
profissional importa, acho você muito bom no futebol. Você vai ficar
bem.
— Obrigado. Sua opinião pouco profissional é muito importante para
mim. — Ele sorriu com orgulho, e eu me senti bem por fazê-lo se sentir
um pouquinho melhor.
— E você está ajudando ao me deixar desabafar. Quando estou
estressado, é disso que preciso. — Eu concordei. Ele não precisava de
conselhos, apenas de um ouvido para ouvi-lo.
— Caras são idiotas demais para levar meus problemas a sério. James
está meio que certo a esse respeito.
— Normalmente é ele quem eu incomodo, mas agora você faz o papel
de uma boa terapeuta de faz de conta também. — Ele bateu no meu
ombro de brincadeira enquanto nos aproximávamos de nossa sala de
aula.
Meu estômago embrulhou com a menção de James.
— Obrigada pela honra de me chamar de terapeuta que não posso
cumprir. — Eu dei a Lucas um olhar zombeteiro.
— Mas o que estou ouvindo é que sou o substituto de James. Quando
vocês vão terminar essa briga? — Eu notei a tensão entre os dois desde
segunda-feira.
— Não estamos brigando mesmo; simplesmente não estamos
conversando. — Ele bufou.
Suspirei. — Eu não quero nenhum problema entre vocês por minha
causa. — Eu me senti péssima por ser o motivo de Lucas estar ressentido com seu amigo, especialmente agora que eu estava descobrindo o quão
próximos eles eram.
— Não seja tão boazinha, Keily. Deixe-o sofrer um pouco.
— E você? — Entramos na sala de aula e meu coração acelerou,
encontrando James em seu assento. Seu olhar feroz travou com o meu,
roubando meu fôlego e me esquentando.
— Não se preocupe comigo; eu já te tenho. — Lucas jogou seu braço
em volta dos meus ombros, puxando-me para um abraço de lado, e eu vi
os olhos de James escurecerem.
A maneira como aquelas fendas estreitas focaram em nós, eu
finalmente descobri o significado por trás delas.
Ciúme.
Minhas inseguranças, suas provocações e zombarias me impediram de
chegar à conclusão de que ele poderia estar com ciúmes de outra pessoa
me tocando. Mas agora eu tinha mais contexto.
Eu te quero. Se eu seguir suas palavras, é claro.
Eu estava alegre, assustada, emocionada, amarga, desejando-o,
odiando-o, tudo ao mesmo tempo, sem ter ideia de o que escolher. — Ele
está com ciúmes de mim. Apenas me mate agora.
O braço de Lucas em mim não durou nem um minuto antes de ele me
soltar e nós caminhamos para nossas mesas. Percebi um sorriso
triunfante em seus lábios quando consegui tirar meus olhos de James.
Percebi que Lucas tinha ficado deliberadamente melindroso comigo
na frente de James para incitá-lo. Eu não sabia se devia bater no idiota ou
agradecê-lo por exigir minha vingança.
— Graças a Deus hoje não tem treino, — Lucas disse depois que nos
acomodamos em nossos assentos. — Amanhã, Martin vai nos matar com
treinamento, mas por ora, mal posso esperar para chegar em casa.
Ele bocejou e esticou os membros antes de me olhar com um sorriso
malicioso. — Você deveria vir à minha casa comigo às vezes, Keily. Eu
adoraria te mostrar para minha mãe.
— Embora ela geralmente esteja no trabalho neste momento,
podemos nos divertir até que ela volte. — Sua declaração sugestiva foi
alta o suficiente para alguém ouvir.Sem piscar, meus olhos se moveram para James, que estava olhando
para os buracos em sua mesa. Seus dentes estavam fechados e seus dedos
cravavam dolorosamente a madeira.
O que quer que Lucas tenha pretendido, ele conseguiu. E eu,
vergonhosamente, gostei.
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— Seu site parece bom. — A Sra. Green estava acessando o site no
computador no qual James e eu estávamos trabalhando.
Nosso pen drive foi conectado ao sistema de James, e ele se levantou
para deixá-la se sentar.
— Bem, estou impressionada, — ela comentou assim que terminou,
trazendo um sorriso ao meu rosto. Ela se levantou e, antes de sair,
comentou casualmente: — Vocês dois formam uma boa equipe.
— Sim, formamos. — James se deixou cair em sua cadeira. Notei que
seus lábios se contraíram um pouco antes de voltarem para baixo.
Durante a aula, ele estava carrancudo, o que eu suspeitei ter a ver com
Lucas o provocando na aula de cálculo. Eu também não era inocente,
porque não o impedi.
Quando o sinal tocou, pulei da cadeira e saí do laboratório. Passar um
tempo na proximidade daquele demônio estava deixando meu cérebro
meio funcional.
— Keily. — Meus pés pararam quando ouvi ele chamar meu nome.
Estávamos no corredor.
Eu me virei para encontrar James vindo em minha direção. Sua
carranca zangada estava intacta.
Minhas entranhas doeram de medo.
Quando James me alcançou, minhas defesas aumentaram,
imaginando seu — antigo eu — em sua postura ameaçadora e o olhar
carrancudo que ele estava me lançando.
— Venha comigo, — ele pediu — não, exigiu. Eu encarei seu rosto
endurecido, com medo de dizer qualquer coisa.
Eu não queria ir a lugar nenhum com ele quando ele estava daquele
jeito, mas seus olhos escuros me fizeram suspeitar que, se eu dissesse não, ele não teria nenhum problema em me jogar por cima do ombro
para me tirar daqui.
Eu não deveria ter deixado Lucas provocá-lo na aula. Ele só veio para
me importunar.
James suspirou, suas feições suavizando ligeiramente enquanto ele
estudava meu rosto.
— Por favor, — ele disse, uma única palavra tomando todas as suas
forças, — eu quero conversar. Não me importarei de fazer isso aqui, mas
pensei que você não gostasse de outros bisbilhotando nossa vida.
Olhei para os outros alunos ao redor, lançando olhares curiosos para
nós. Ele pensou certo.
— Ok. — Não tive coragem de recusar quando ele disse por favor. Eu
era uma bagunça para ele.
Eu o segui para uma sala de aula vazia e duvidei da minha decisão
quando ele estava diante de mim. me encarando com aqueles olhos
brilhantes.
A luz do sol entrava pelas janelas atrás dele, iluminando metade de
seu rosto.
Ele parecia celestial.
— O que você quer...
— Lucas está apenas brincando com você, — ele anunciou. — Ele está
flertando com você para obter uma reação de mim. Não se envolva nisso.
— Ele parecia com ciúme.
— Nem tudo é sobre você, James. — Eu fiz uma careta, embora por
dentro, eu sabia que ele estava certo.
— Eu sei, mas agora é sobre você. Eu não quero que você se
machuque.
Ele não quer que eu me machuque. Minha carranca se aprofundou. — E
engraçado isso vir do cara que me machuca todos os dias.
— Não vou fazer agora! — James se defendeu antes de respirar fundo
para se recompor.
— Estou tentando consertar as coisas e não quero que ninguém as
piore. Não seja ingênua ao pensar que Lucas gosta de você.
Até parece!Eu olhei para ele. — Eu não sou ingênua. Eu sei o que ele está fazendo.
E também sei que você não está preocupado comigo, apenas com ciúme.
— Estou preocupado com você, — afirmou James, então seus olhos se
aguçaram.
— Mas você não é tão inocente quanto parece, é? Você sabe o que ele
está fazendo e não o está impedindo. Então, Lucas não é o único que
quer uma reação minha.
Minhas bochechas coraram e ele sorriu.
— Você tem razão; eu também estou com ciúme.
Eu fico com ciúmes quando Lucas te toca. Eu não quero ninguém te
tocando além de mim.
— Você não tem o direito. — Minha voz era minúscula. Ele estava tão
perto que eu podia sentir o calor de nosso corpo se engrenando.
— Eu sei. Mas não é fácil raciocinar quando Lucas está com o braço à
sua volta e eu quero... — ele fez uma pausa, franzindo as sobrancelhas
com raiva.
— Você quer? — Eu insisti.
Seu olhar caiu sobre meus lábios, e antes que eu percebesse, eles
foram esmagados nos dele.
Ele me beijou agressivamente, como se tivesse morrido de fome. Meus
dedos se enrolaram em tomo de seu cabelo macio, tentando acompanhar
o ritmo dele.
Sua mão serpenteou em volta da minha cintura para me empurrar
mais para ele, enquanto a outra dirigiu meu pescoço para aprofundar o
beijo e deixá-lo mergulhar sua língua dentro de mim. Ele estava me
arrebatando sem escrúpulos.
Quando ele me soltou, eu estava vermelha, ofegante e olhando para
ele atordoada.
James olhou para mim. — Porra, — ele gemeu, e mais uma vez, meus
lábios foram capturados pelos dele. Desta vez ele foi lento, gentil,
saboreando nosso gosto juntos.
Continuamos o máximo que pudemos, sem perder o fôlego.
Depois que nos afastamos, James sorriu e eu era um caso perdido. Ele
enrolou uma mecha do meu cabelo bagunçado em torno do seu dedo.— Eu quero te arrastar para longe dele e beijar você para mostrar a
todos que você pertence a mim.
Espere, o quê?... Oh.
Ele beijou minhas bochechas, poupando meus lábios inchados. —
Beijar você na realidade é muito melhor do que eu jamais poderia
imaginar. — Ele se imagina me beijando. Ele deu outro beijinho no meu
queixo.
— Eu juro, depois daquela noite, foi tão difícil de controlar depois que
eu te experimentei. Foi uma tortura ver você todos os dias pavoneando-
se e não te beijando.
Seu nariz roçou minha orelha enquanto ele beijava meu pescoço.
Eu choraminguei, inclinando-me para ele.
— Porra. — Senti que ele segurava minha cintura com mais força. —
Você está me destruindo, Keily Harris. — Ele relutantemente recuou,
mas me manteve em seus braços e me olhou com saudade. Lentamente,
vozes irritantes dentro da minha cabeça ficaram mais altas, me dizendo
que isso estava errado. Eu estava sendo fraca ao cair na dele assim. Eu
tinha de manter alguma dignidade.
Então vieram as inseguranças sobre meu corpo que ele estava tocando.
Eu me senti gorda e imaginei a flacidez me cobrindo.
Percebi as dobras na minha barriga, onde os dedos de James
desenhavam círculos. Seus insultos — porquinha, baleia, gorda,
vagabunda — atacaram minha mente.
Eu me afastei dele, com as lágrimas pinicando meus olhos. Eu não
queria ver seu rosto de nojo quando ele mudasse de ideia sobre mim e
decidisse que eu era muito feia para ele.
A culpa acompanhou meus pensamentos de ódio a mim mesma, e as
lágrimas rolaram pelo meu rosto. Eu era patética.
— Merda! — James praguejou. — Que merda eu fiz agora? — Eu teria
rido de seus olhos arregalados e rosto assustado se não fosse pelo meu
estado.
Ele colocou as mãos nos meus ombros, parecendo triste ao me ver
chorando. — Keily, sinto muito. — Ele não sabia do que estava se
desculpando.Eu balancei minha cabeça, tentando controlar meus soluços.
— Eu sinto muito.
Eu solucei mais forte. — Ele já pode parar de ser tão doce?!
— Eu não deveria ter feito tão forte. Me desculpa.
— N-não, — eu finalmente disse, encontrando minha voz. — E que
não deveríamos ser assim. Está errado.
— Por favor, não diga que é um erro. — Havia medo e dor em seu
tom.
— Ou então você vai me jogar de lado e me chamar de 'baleia
desesperada'. — Eu funguei. Eu estava atacando minha dor nele.
A culpa revestiu suas feições. — Eu não quis dizer isso. Você não é
nada disso. Eu fui estúpido. Eu sinto muito. — Ele se inclinou e segurou
minhas bochechas. — Você é linda.
Eu queria acreditar nele, mas não consegui. Não confiei nele para não
voltar aos velhos tempos.
Suas palavras doces me derreteram, mas não foram o suficiente.
Minhas inseguranças estavam vencendo. Elas eram opressoras.
James largou meu rosto. Ele percebeu que não poderia entrar em
contato comigo agora. — Eu prometo que vou consertar tudo. — Ele
esfregou os olhos com os dedos. Ótimo! Eu o fiz chorar também. — Eu
prometo.
Nós dois fungamos, com os narizes vermelhos. Desejei que nossas
sessões de amassos não terminassem em choro.
— Deixe-me te levar para casa, — ele ofereceu, quando nossos olhos
secaram.
Eu concordei. Eu não queria nada mais do que me enrolar dentro dos
meus cobertores.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Keily Gordinha e Fabulosa-Manjari.
RomansaKeily sempre foi corpulenta e, embora tivesse suas inseguranças, nunca deixou que isso a atrapalhasse. Isto é, até ela se mudar para uma nova escola onde conheceu o maior idiota de todos os tempos: James Haynes. Ele nunca perdia a chance de zombar d...