Love is a Bitch

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Apesar de longo, o voo não foi eterno. Quase seis horas depois, Piper se acomodava no banco do carona ao lado do pai. Se maquiou quando estava chegando ao aeroporto para disfarçar as marcas de choro, mas Bill Chapman não era bobo. 

— Tudo bem, filha? – A analisou enquanto dirigia. — Parece tão desanimada. 

Essa era uma das piores partes de ser filha única, Piper pensou. Seus pais a conheciam como ninguém e era impossível atuar com eles. 

— Tudo bem, sim. – Sorriu. — É que eu dormi o voo inteiro, ainda estou um pouco devagar. 

Bill sorriu. 

— Continua a mesma dorminhoca – brincou.  

Piper riu um pouquinho enquanto admirava o farol ao longe. Já fazia seis meses que não pisava em Ogunquit e só então percebia o quanto sentia falta daquele lugar. Era como se uma parte dela sempre ficasse ali, uma parte que ela não se permitia levar para a bagunça que era sua vida em West Hollywood. 

— Não posso perder o costume – brincou. — A mamãe está em casa? 

Bill assentiu. 

— Está sim, e planejando te encher de comida! – Riu. — Ficou fazendo o almoço. Ah! A Sah vai almoçar com a gente, está ansiosa para te ver! – disse, animado. 

Piper sentiu um aperto no peito ao ouvir aquele apelido e teve de lutar contra as lágrimas. Dessa vez não se tratava de Sarah, é claro, mas de Savannah, sua melhor amiga. Conhecia Savannah desde o primário e só se separaram quando Piper se mudou para Los Angeles. Savannah era o tipo de garota que jamais deixaria o litoral, não tinha intenção alguma de fazer faculdade e vivia realmente feliz ali. Carol costumava dizer que ela era uma versão Hippie de Piper e assim como Bill, tinha a menina como uma filha. 

— Estou doida para ver essa garota! – Se animou um pouquinho. 

Conversaram sobre muitas coisas durante o trajeto. Bill perguntou se estava tudo certo em L.A, se ela estava conseguindo se manter direitinho, mas não perguntou sobre a faculdade; ele nunca perguntava. Continuava reprovando a escolha da filha e apesar de não verbalizar, demonstrava sua insatisfação através de sua completa falta de interesse. Piper não se importava com isso, até preferia que fosse assim; a poupava de muita coisa. 

Assim que entraram no quintal de casa, Charlie, o Border Collie dos pais, correu ao seu encontro. Piper se ajoelhou no gramado, brincando com o cachorro. Logo, Carol apareceu na porta vestida em um avental: 

— Agora veja só, ela fala primeiro com o cachorro! – Riu, a mão na cintura enquanto observava a cena do alto da pequena escada de cinco degraus. 

Piper deu uma olhada na acolhedora residência de madeira e seu coração se aqueceu. Aquela não era uma casa grande, muito menos chique, mas era o seu lar. O lugar onde havia crescido, brincado, vivido por muito tempo. Se levantou, batendo a grama da calça que usava e envolveu a mãe em um abraço demorado. 

— Que saudade! – falou baixinho, sentindo as mãos de Carol lhe acariciarem as costas. 

— Nem me fale, filha! – Abriu um sorriso radiante, desfazendo o abraço para olhá-la melhor. — O que houve? Parece cansada – concluiu em sua análise. 

— A viagem é longa – Piper se justificou. Apesar da maquiagem, tinha certeza de que em seu rosto havia indícios de que andara chorando. 

— É verdade – Carol pareceu satisfeita com a resposta. — Vamos, entre! Seu quarto está arrumadinho e o almoço está quase pronto. – A mulher a puxou para dentro, voltando para a cozinha. 

Young Lady (Temporada 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora