Gritos
Fumaça
Fogo
SangueGiovanni limpou o sangue do seu rosto e entrou no carro, como se não houvesse causado o caos atrás de si.
Ele ajeitou a gravata azul e atendeu o telefone que tocava. Sua secretária, Anne estava o ligando na pior hora possível.
"Senhor Mancini, estou ligando para informar que a última babá se despediu. Estamos ficando sem opções. Não sei quem contratar se nem a as mulheres treinadas do nosso meio estão sendo o suficiente."
"Não me importa, Anne. Esse é o seu dever de resolver. As crianças tem que aceitar alguém. Não tempo para lidar com elas."
"Há uma última opção senhor mas, eu acho que o desejo de seus filhos é..."
"Então traga essa última opção e não me perturbe mais por hoje." - ele disse desligando o celular sem ao menos se despedir.
Enquanto o carro deixava o rastro de destruição para trás, alguém acordava ofegante em meio ao frio da noite.
As imagens ainda estavam frescas em sua mente, gritos, fumaça, fogo, sangue, morte.
Tudo parecia recente, como se não houvesse se passado 12 anos.
O rosto de seus pais sorrindo , Cassandra gritando de dor e ela fazendo todo o possível para se mover com a perna presa.
"Aria."
A voz de Cassandra a tirou de seu transe.
"O que foi? Você está bem?" - ela perguntou para a irmã.
"Teve mais um pesadelo, eu posso atender a porta de você preferir."
"A porta?" - ela disse confusa ao perceber que estavam mesmo batendo na porta.
Aria correu para entender, deixando os cabelos negros cobrirem sua camisola.
"Olá?" - disse para o outro lado.
Ela se arrepiou ao notar o senhor Biancci, seu senhorio, do outro lado da porta.
"Buongiorno , senhor Biancci. Como posso ajudá-lo?"
"Buongiorno, Ária. Podemos conversar mais tarde?"
"Claro, senhor. Estarei lá."
Quando ele se foi, Aria sentia o temor preencher seus ossos.
"Está nervosa, Aria. Não me diga que foi despedida de novo." - ela deu um suspiro, cansado. "Sinto muito, talvez eu devesse tentar..."
"Você tem um dever que é terminar o ensino médio, Cass. Eu me viro do jeito que posso, tudo bem? Se o senhor Biancci não me expulsar."
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Ela saiu, com os papéis de currículo já tão conhecidos em mãos. Subiu o elevador da companhia mais prestigiada de padarias da região. La spezia dolce.Aria não fazia ideia da relação entre doces e tempero mas, o que importava era conseguir um emprego para não perder o aluguel.
A mulher do RH a olhou com uma expressão de desdém quando ela chegou e simplesmente disse :
"Você não."
"Como assim?" - Aria perguntou exasperada.
"Todos sabem do caos que a você causa, senhorita Ricci. Não queremos esse tipo de funcionário aqui."
"Mas, isso é uma mentira. Aquilo não foi minha culpa. Foi um cliente..."
"Não há vagas, senhorita Ricci."
Aria saiu frustrada e com raiva. Haviam sujado a imagem dela. O que seria dela e de Clarice agora? Ela não se importava em pedir por comida mas, a irmã não podia viver nas ruas.
Ela passou por uma sala onde vários homens de terno, inclusive Giovanni estava. O homem observou o corpo dela por alguns breves segundos, ele não deixaria uma beleza dessa passar sem ser apreciada.
Ao chegar em casa, Aria se jogou na cama se perguntando o que seria dela.
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Há alguns quilômetros dali, em uma das mansões mais afastadas da região, uma garotinha loira chorava.
"Ele não apareceu por estar ocupado, Laura." - Seu irmão mais velho a abraçou.
"Ele vai enviar uma babá novamente, eu não quero uma babá boba. Eu quero o papai." - ela disse saindo correndo até o quarto.
"Laura." - Lorenzo tentou ir até ela mas, a criança já havia se trancado no quarto.
Ele suspirou, frustrado. Por que seu maldito pai não podia passar algumas horas em casa? Bem, eles não iriam desistir. Nenhuma babá ficaria ali até que seu pai voltasse para casa.
Lorenzo as vezes se achava meio infantil por isso. Porém, não havia outra maneira de enfrentar seu pai. Ninguém conseguia lidar com o Don da máfia, nem mesmo ele.
"Senhor Mancini. Essa é senhorita Rossi, ela cuidará de vocês a partir de hoje." - Giulia, a governanta informou, esperançosa de que essa fosse a certa.
"Acho que não, senhora Romano. Quer uma prostituta em nossa casa? Que exemplo ela será para Laura?" - ele sorriu, mostrando fotos em seu computador da mulher em trages comprometedores.
A senhorita Rossi corou de raiva e vergonha.
"Seu... Seu pestinha. Como ousa? Precisamos nos disfarçar no nosso trabalho, seu pai não te ensinou nada sobre os nossos métodos?"
"Melhor ir embora, senhorita. Ou vazo essas fotos para o seu novo namorado, o que acha disso?"
A mulher saiu enfurecida, batendo a porta.
"Eu era a última chance dessa família, se alguma mulher insana aceitar esse emprego eu desejo boa sorte a ela."
Lorenzo sorriu, seus olhos brilhando de satisfação.
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Aria não evitou tremer ao se encontrar com o senhor Biancci. Porém, ela abriu a porta da loja do exército com segurança.
" Olá, bambina, entre. " - o senhor Biancci a convidou para ir até os fundos.
Ela se sentou na cadeira abaixo da mesinha redonda e tomou um gole de café oferecido, com certa angústia.
"Serei vem direto, Aria. Sei que é uma jovem boa e inteligente mas, que não consegue se manter em nenhum emprego. Porém, O aluguel está atrasado e..."
Aria engoliu em seco naquele momento.
"Tenho um emprego para você, de babá de meu filho de consideração, Giovanni. Você aceitaria? As crianças são um pouco difíceis mas, acho que você pode lidar com elas."
"Sim , senhor. Sei lidar com crianças. Vou dar o meu melhor. Muito obrigada."
Biancci sorriu. Aquela garota merecia após tudo o que passou.
"Temos uma vaga na dia frente. Porém, pelo meu conhecimento, eu duvido que irá se manter mais que algumas horas."
Aria se surpreendeu naquele momento. Apenas algumas horas? Bem, ela tinha que enfrentar esse desafio.
"Aqui está o endereço, consegue chegar às 6:00 da manhã.?"
"Sim, senhor. Eu consigo. Pode deixar. Obrigada novamente."- ela saiu sorridente e agradecendo.
Ao sair, ela se cruzou com Giovanni. Eles não viram um ao outro mas, o destino já havia trançado os seus caminhos. Aria agora trabalharia para o homem mais perigoso da Itália.
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Babá por acaso
RomantizmAria é a pessoa mais azarada desde há morte de seus pais há 15 anos atrás. Com uma irmã doente e quase sendo despejada de casa, sua única chance é ser babá dos filhos do dono da maior empresa da Itália, Giovanni Mancini. No entanto, o que ela não im...