CAPÍTULO DOZE

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Não houve um só momento em que eu pensasse sobre o nosso primeiro beijo e tivesse receio
de que não fosse bom, nós fomos destinados um ao outro e isso nem mesmo Josh poderia
negar. Não quando ele passou todo o tempo em que estávamos juntos alisando o meu
cabelo e iniciando uma nova série de beijos, como se não pudesse durar para sempre, como se
este momento simplesmente desapareceria com o nascer do sol
E eu entendo, por que todas as vezes em que nossos lábios se distanciavam eu sentia a
necessidade de aproximá-los de novo, como se aquilo fosse tudo que tivesse faltado durante toda
a minha vida. Josh se tornou o ar que eu respiro, nunca imaginei que pudesse amar alguém desta
forma, éramos criança quando nos conhecemos.. pelo menos eu era uma
Eu sabia que o amava, que estava apaixonada, mas eu era tão nova para saber que a intensidade
do amor que eu sentia não era nada comparada com o que se pode sentir estando pele com pele,
lábios com lábios, é com certeza algo magnífico e ter esperado por isso todos esses anos só fez
com que toda a experiência se tornasse ainda mais desejosa e satisfatória
O tempo não destrói, ele mantém firme o que antes parecia instável
Ficamos assentados na beira daquele prédio, dentre as suas pernas eu me apoiei contra o seu
peito e junto a ele admirei a vista de uma noite mágica para mim.
-Você conseguiu
Inclinei a cabeça para encará-lo, o mesmo apoiou a mão em meu maxilar e selou um beijo
rápido antes de continuar
-Me conquistou
Abri um sorriso convencido antes de respondê-lo
-Eu conquistei você a anos Josh, só precisávamos estar no mesmo plano para começarmos isso -
O mesmo sorriu erguendo a cabeça e escondendo as bochechas pouco ruborizadas, mas nada
escapava de mim, principalmente a maneira como eu sei que o deixo -Três anos na história do
amor... o que são três anos?
Perguntei retoricamente, não achei que ele responderia
-Encontraram pegadas de homens das cavernas, um homem e uma mulher, não sabiam a idade
deles só que eles estavam de mãos dadas, sabe por quê? -Continuou sem me dar a chance de
resposta -Por que só isso era importante
-Lembra disso?
-Como eu poderia esquecer? -Recostou a bochecha no alto de minha cabeça -Eu presto atenção em tudo que você faz senhorita Maya Hart
-É mesmo? -Assentiu -Então prove
-O que?
-Prova que você presta atenção em mim, eu quero palavras, descrições.. nada mais justo
-Está bem
Me afastei o encarando, não achei mesmo que ele fosse listar tudo o que nota em mim,
encarando em seus olhos eu o esperei dizer aquele conjunto de palavras que fariam da minha
noite a mais inesquecível de todo o universo que existe em minha mente e que eu claramente não
tenho poder nenhum sobre ele. No entanto, esses dias, ele tem me dado tudo aquilo que eu
preciso e agradeço imensamente por isso
Deus tem ótimos projetos, e o da minha vida começou a brilhar tão intensamente que eu esqueci
o momento em que eu fui triste
-Eu sei tudo sobre você..
-Não sabe
Perguntei semicerrando os olhos, o provocando
-Então eu não sei que quando você está pintando, você sente como se recebesse uma descarga de
adrenalina, sua respiração se intensifica e as pupilas dilatam tornando sua arte a única droga no
qual um dia irá provar
Fiquei em silêncio, apenas o escutando e sentindo o impacto de suas palavras sobre mim
-Eu não sei que faria de tudo pelo bem das pessoas que amam você, como quando se afastou de
mim naquela sala, eu sou muito observador Maya.. eu sei o quanto queria que eu a tocasse na
escuridão daquele lugar, mas não deixou que acontecesse, por que sabia o quanto magoaria o
Zay
Uma ardência atingiu os meus olhos e a necessidade de chorar em mim cresceu, mas eu não
poderia, não..
-E eu vejo o seu jeito com a Riley, a enxergando como uma irmã mais nova e a protegendo de
tudo que poderia facilmente magoá-la. Também sei que estão um pouco afastadas
-Ela..
-Não, ela não me contou nada -Me interrompeu -Eu vejo isso, e eu absorvo isso.. por que tudo
sobre você me mantém vivo, eu sou uma plantinha e você é o meu raio de sol Maya
-Você não disse isso
Abri um sorriso e ele fez o mesmo
-Eu ficaria feliz se ficasse entre nós
-Nãao..
Estiquei a palavra enquanto ria e me afastava a fim de esconder o meu sorriso travesso, assim
que me recompus eu o encarei sentindo toda aquela intensidade aumentar. Me aproximei outra
vez selando os nossos lábios, quando me afastei uma segunda vez alguém abaixo de nós gritou
chamando nossa atenção, encarei o guarda pançudinho com uma rosquinha em uma mão
enquanto a outra estava apoiada na cintura
Desta vez ele não correu, e nós também não, descemos saindo de encontro ao mesmo.
Atravessamos a grade e assim que estava próxima a ele eu passei meus braços por sua cintura
redondinha e o apertei, provavelmente surpresos os dois ficaram em silêncio
-Muito obrigada por correr atrás da gente
-Hamm.. de nada?
-Você foi incrível, deveria fazer mais vezes, vai juntar muitos casais
-Está bem.. eu acho
-Tudo bem Maya, agora vamos lá.. -Falou Josh segurando os meus braços e me afastando do
homem pouco maior que eu -Desculpe senhor -Hesitou -Outra vez..
-Tudo bem crianças, agora voltem para a faculdade por favor, não quero perder o meu emprego
-Você não vai, eu vou elogiar você!
Falei ainda com um sorriso, o moreno ao meu lado também sorriu pouco envergonhado e
segurou em minha mão me puxando para longe de lá. Durante o caminho ele me encarou com o
semblante duvidoso e eu sorri passando o cabelo para detrás da orelha
-O que foi?
-Por que fez aquilo?
-Eu estava agradecendo, por causa dele a gente teve um reencontro incrível
-Por minha causa, você quis dizer
-Como se ele correr atrás da gente tivesse sido uma ideia sua, até parece -Desviei meu olhar do
seu enquanto caminhava pelo campus -Eu não tenho ideia de como os meus amigos vão reagir a
isso, ou o senhor Matthews! -Coloquei a mão sobre os lábios e parei de andar -Meu Deus..
-O que?!
Perguntou preocupado
-Eu sou cunhada do pai da minha melhor amiga -Abri um sorriso e desviei meu olhar do seu -
Espera.. eu sou, não sou?
Com um sorriso sem mostrar os dentes ele ficou em silêncio virando as costas e caminhando
em direção aos dormitórios, apressei meu passo dizendo ainda um pouco atrás do mesmo
-Sabe o que isso significa?
-Não sei..
-Namorado e namorada agora! -Meu sorriso se alargou com o seu silêncio -Você não estava
dizendo não, você tem que dizer alguma coisa
Josh parou me permitindo entrar na sua frente, com as mãos nas costas ele aproximou o rosto
do meu
-Namorado e namorada agora? -Perguntou retoricamente -Parece perfeito para mim..
Peguei em sua mão voltando a caminhar, seria claramente impossível viver esse momento sem
relembrar tudo o que vivemos ao longo dos anos. E eu sinto como se esta estrada, esta estrada bem estreita, como ela se fosse apenas o começo da história que por um tempo paramos de
escrever e como qualquer recomeço, teremos o trabalho de dar ao público aquilo que também
almejamos por anos e anos
Um final digno, que cumpra todas as diretrizes do nosso jogo e que os vencedores ganhem o
seu prêmio por finalizá-lo depois de tanto tempo jogando os dados e pulando as casas.
Pela primeira vez eu estou conseguindo enxergar a linha de chegada
-Está com fome?
-Um pouco..
-Vamos à lanchonete -Esticou o sorriso -Eu adoraria que a garçonete me visse com a minha
namorada, agora de verdade
-Desde que ela não seja louca como aquelas garotas, ainda não acredito que bateram na Bianca..
Aliás! -O encarei enquanto caminhávamos -Obrigada por defendê-la
-Ela é uma garota legal, gosto de pensar que ela saiu de um filme do Charles Chaplin -Falou me
fazendo gargalhar e pensar em como ela reagiria se descobrisse este fato extremamente
interessante sobre o que Josh pensa sobre ela
Mesmo que, ao meu ver, não faça mais diferença o que ele pensa ou deixa de pensar sobre ela.
Uma vez que nos tornamos amigas e ela sabe o que sinto por ele, ela viu o que eu sinto por ele
assim como quase toda a faculdade na exposição da senhora Harrison
Depois de nos alimentarmos de verdade e não apenas de beijos e carícias, fomos finalmente
embora, no caminho ele pôs as mãos nos bolsos e se desesperou por esquecer a carteira. Prometi
esperar enquanto ele voltava às pressas para procurá-la, algumas pessoas passavam caminhando
com roupas de ginástica, outras passeando com seus cães, me assentei em um dos bancos
enquanto encarava a Nova York de sempre
Duas pessoas sentaram ao meu lado, assim que ergui o meu olhar questionando a proximidade
das duas, minhas mãos começaram a sua frio. Mariana e a ruiva abriram um sorriso malicioso,
enquanto a da minha direita, Mariana, se aproximou um pouco mais a outra alisou o dedo por
meu cabelo
E então de repente todas as pessoas que passavam caminhando pareciam ter sumido, estávamos
apenas nós três
-Olá..
Me levantei para ir embora quando a ruiva segurou os meus braços ficando atrás de mim,
encarei Mariana com as sobrancelhas franzidas, questionando se ela era mesmo capaz de fazer
aquilo
Não me restavam dúvidas, mas não custa nada perguntar
-Vamos ver.. acha que ele ainda ficaria com você, caso fosse um pouco diferente?
-Eu não sei quanto a mim, mas sei que independente do que faça ele nunca vai te enxergar como
você enxerga ele
Antes que eu disse qualquer coisa a mais, sua mão colidiu com o meu rosto, senti minha
bochecha arder me dando a sensação de que sua unha me deixou uma marca. Ela não sorriu,
estava com raiva e eu não estava disposta a ceder. Ergui meu pé chutando o seu estômago, me desvencilhei da amiga e comecei a correr para
longe, eu poderia ter crescido com pessoas valentonas das ruas. Mas venhamos e convenhamos,
elas são duas e por mais que pareça eu nunca tive aulas de karatê com o Jackie antes
No caminho, eu não sei como, mas uma delas simplesmente apareceu na minha frente. Os seus
cabelos ruivos balançaram quando ela me cercou, bem ao meu lado direito Mariana apareceu
com um tijolo na mão, o que me assustou de verdade, o que ela pretende com isso?
No entanto, quando ela tentou atingi-lo contra mim, eu abaixei a tempo de fazer com que ele
não só passasse direto mas atingisse uma parede toda de vidro da faculdade. O alarme soou alto o
suficiente para me fazer tapar os ouvidos, poucos metros na nossa direção um guarda começou a
correr até nós, as duas desapareceram em um estalar de dedos
Para a minha infelicidade eu não o conhecida, o que me fez ser algemada e levada à delegacia
da faculdade enquanto era acusada de vandalismo.. quem diria que seria esse o meu futuro na
faculdade
Assim que chegamos ele me colocou sentada em um dos bancos enquanto falava com a mulher
no balcão, os dois atravessaram uma porta me deixando lá com as mãos algemadas dentre as
pernas. Os minutos se passaram e quando percebi estava a quase uma hora assentada, um barulho
chamou a minha atenção e eu ergui meu olhar encarando aqueles rostos conhecidos atravessarem
a porta de vidro
Meus pais e os pais de minha melhor amiga se apressaram na minha direção, junto com todos
os meus amigos e até mesmo o Josh estava junto. Topanga caminhou com seu terno e sua bolsa
debaixo do braço, ela parou a minha frente e apoiou sua mão sobre a minha
-Você está bem? Eles fizeram alguma coisa com você?
Neguei com a cabeça, ela assentiu e se levantou outra vez
-Não se preocupe querida, eu vou resolver isso
Meus pais conversaram comigo, e meus amigos também, menos a Riley que ficou de pé em um
canto receosa sobre como se aproximar. Topanga chamou meus pais, ficamos apenas eu e Josh
assentados enquanto todos os meus amigos estavam de pé conversando entre si, ele passou sua
mão por meu cabelo e selou um beijo na minha testa antes de me abraçar
-Me desculpe, por deixá-la sozinha.. -Suspirou acariciando o meu cabelo -Não acredito que isso
realmente aconteceu
-Está tudo bem, eu estou bem
-Nunca me perdoaria se não estivesse
Me afastei o encarando
-Eu estou, está tudo bem
Sorri o mantendo calmo, eu sei como é se sentir culpado por coisas que poderiam ser evitadas,
mas a culpa não muda os fatos. Tudo que precisamos fazer é aceitar da melhor forma possível
-Vou pegar um copo de água para você
Assenti outra vez, depois de alguns segundos ela finalmente criou coragem para sentar ao meu
lado. Ficamos em silêncio um tempo, Riley colocou uma caixa ao seu lado e respirou fundo
enquanto encarava a porta de vidro junto a mim.

-Não acho que eu mereça ser perdoada por você, eu falhei miseravelmente em tentar fazer o que
eu pensava ser o certo quando o certo é ver você.. e lembrar que somente nós importamos, foi
assim por tanto tempo, eu não sei o que me fez mudar
Me mantive calada
-Você estava certa Maya
A encarei, dando liberdade para que ela fizesse o mesmo
-Ainda tínhamos muitos conflitos pelo caminho, eu só nunca imaginei que fossem tão sérios
quanto está sendo.. mas sabe de uma coisa? Eu nunca desisti de você antes, e eu não vou agora,
nós vamos dar um jeito
-Por que?
-Por que somos amigas, as coisas complicaram, você jogou sorvete em mim, mas ainda vamos
ser amigas
-Por que é isso que pessoas sensatas fazem?
-Exatamente.. -Seu sorriso estava curto, me fazendo encher os olhos com lágrimas -Por que não
me contou como estava se sentindo com o reencontro de vocês?
-Eu estava perdida Riley, e não queria dar a você o trabalho de me encontrar.. de novo
-Eu vou sempre estar aqui para salvar você -Falou com as lágrimas também marcando o seu
rosto -Maya.. você me perdoa?
-Eu perdoo
Ela me envolveu com seus braços me fazendo recostar a cabeça em seu queixo
-Eu ainda sou a sua patinha favorita?
-Não achei que gostasse de ser patinha
-Não gosto, mas ainda quero ser
-Você sempre será minha favorita Riley, e sempre será minha patinha
Nos afastamos e ela se virou, pegou a caixa e colocou em seu colo, olhei na parte de cima da
caixa que era transparente. Franzi as sobrancelhas e a encarei
-Uma torta de limão?
-Para você e as suas amigas da cadeia - Falou me fazendo abrir um sorriso.

CONTINUA 😚🤍

A longo prazo. o fim do acordo Onde histórias criam vida. Descubra agora