CAPÍTULO OITO

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Etar conectado a alguém nunca foi um mistério para mim, sou uma pessoa com fortes
ligações distintas, tudo começou com a Riley e então tudo em mim começou a se dissolver.
Eu era como um enorme cubo de açúcar, vagando em meio ao nada, esperando que algum
milagre me ajudasse a descobrir o que havia no meio de todos os grãos doces que me
compunham
Não imaginei que o meu milagre teria um e setenta de altura com cabelos castanhos, uma voz
doce e um abraço caloroso, mas ele era assim... ele é assim!
Riley veio como uma chuva milagrosa, me desmontou inteira, descobrindo o que eu tanto
escondia dentro da minha alma. Eu fui liberta, um trabalho que demorou muito para ser
concretizado, mas que valeu cada segundo. No entanto, havia um lugar no meu coração, uma
fechadura que por muito tempo não havia encontrado a chave de encaixe perfeito
Eu vi aquele menino atravessar a porta, sorrir para o pai e seguir adiante cumprimentando os
homens assentados no sofá. Os meus olhos brilharam de devoção, como ele estava lindo aquele
dia, nunca houve rédeas que me segurassem, mas agora existem e eu não gosto delas
Eu não sei o que fazer, ou como agir, pela primeira vez a indecisão está me consumindo e eu
não gosto dessa sensação.
-Está bem!
Gritei o fazendo parar de andar, estávamos em um dos corredores depois de minutos insistindo
que Josh me colocasse no chão. As pessoas a nossa volta cochichavam incessantemente, ele está
fazendo de propósito, ele gosta da atenção dobrada que está tendo graças as fofocas sobre nós
dois e fazer com que as pessoas vejam nossa "proximidade" é uma maneira simples de fazer a
atenção triplicar
-Você já tem dezoito Maya?
Ouvi uma voz feminina dizer enquanto era posta no chão, arrumei meu cabelo virando de
encontro a morena de pé. Reconheci o seu rosto de imediato, como Josh havia mencionado eu
invadi a sua primeira festa na faculdade e essas duas meninas em pé na minha frente estavam
nela. Foram simpáticas comigo
-Oi..
Falei com um sorriso
-Como você está? estão juntos?
Encarei o mesmo antes de responder com um sorriso envergonhado.

-Não.. eu tenho namorado
Elas ergueram as sobrancelhas pouco surpresas, me apoiaram a entrar naquele maldito jogo de
três anos e como eu elas não esperavam que ele pudesse não ter um fim. Escondi os lábios
assentindo que sim e desejando uma bomba de fumaça para simplesmente desaparecer
-Nós vamos dar uma festa na sexta, você está convidada
-Vai ser na piscina da faculdade, pode levar alguns amigos se quiser -Completou a segunda com
um sorriso simpático, tentando disfarçar a surpresa contínua -E é claro que dessa vez não vai ser
deprê
-Eu estraguei aquela festa, não foi?
-Para o carinha do seu lado com certeza, mas tiveram outras e ele soube se divertir, e agora você
também vai se divertir
-Você vai, não é?
Assenti que sim para a mesma e coloquei as mãos no bolso de trás da calça, antes que eu
pudesse dizer qualquer coisa a mais, minha melhor amiga me avistou no final do corredor e veio
correndo enquanto gritava
-Eu sou uma garota gama-gama!
Franzi o cenho tentando entender o que estava acontecendo, no seu rosto tinha marcas com
tinta rosa e no cabelo fitas da mesma cor junto a blusa escrita em negrito "Gamma-Gamma Girl"
-O que é isso?
-Sou uma garota gama-gama!
-Entrou para a fraternidade?
Perguntou o tio pouco curioso, eu também estava, quando ela arrumou tempo para entrar em
uma fraternidade? eu nem sei quais existem, com um sorriso eu a deixei ainda mais animada, não
estava entendendo muito bem mas estou feliz por ela.
-Entrei! -Sacudiu as chiquinhas e quando reconheceu as meninas ela ergueu a mão acenando -
Vocês são as meninas daquela festa que a gente invadiu -Elas assentiram que sim e Riley me
encarou -O que faz aqui?
-Eu estava indo para o meu quarto, aí! fomos convidadas para uma festa. Na sexta feira, você vai
querer ir? -Assim que perguntei ela me encarou com aquele sorriso padrão da Riley Matthews
animada
-Nossa primeira festa da faculdade!
-É.. você quer dançar não quer? -Assentiu que sim ainda sorrindo -Vamos lindinha..
Acenei para os três e segurei na mão da Riley enquanto dançávamos a caminho do seu quarto.
Me sentei na sua cama e notei um de meus quadros presos a parede, eu havia dado a ela de
aniversário, uma pintura que retrata o modo como vejo a nossa amizade. Não era uma imagem
concreta, mas esboços do que eu sinto em relação a minha melhor amiga, sorri ao lembrar do dia
em que fiz e admito que eu derramei uma lágrima quando terminei.. ele ficou realmente lindo, e
foi com ele que consegui minha bolsa na universidade
Os meus sentimentos são muito bem resguardados, eu os trato com muito cuidado e proteção,nunca se sabe o que as pessoas vão escolher fazer com eles e eu não os arrisco para qualquer um
segurar
Enquanto o admirava escutei a porta ser destrancada, a menina preto e branco me encarou com
os sapatos em mãos e uma cara um tanto travessa. Bianca sorriu pouco envergonhada erguendo a
postura e fechando a porta atrás de si, a questionando silenciosamente eu observei enquanto ela
colocava os sapatos ao lado do armário e se jogava na cama
-O que faz aqui uma hora dessa? -Perguntou passando o dedo por uma mexa de seu cabelo -
Amanhã temos aula prática, está animada?
-Eu não sei.. -A encarei -Tenho a sensação de que vou olhar para aquela tela em branco e de
repente meu cérebro também vai estar em branco, sem saber o que eu pinto
-Entendo -Disse séria -Você.. -Hesitou me fazendo encará-la -Você pode pensar naquele gato de
mais cedo e eu tenho certeza de que vai ficar inspirada -O sorriso de Bianca se esticou me
fazendo sorrir junto a ela, não é algo que eu jamais tenha pensado em fazer, admito que algumas
vezes tive vontade de saber o que sairia de mim se pintasse algo pensando nele... mas jamais o
fiz
Eu sei que não teria coragem de encarar a tela, vê-la ou lembrar dela, lembrar sabendo que o
que eu expressei é somente meu... quando deveria ter sido nosso
-Você deveria caçar mais o que fazer, sabia?
-Qual é Maya! -Sentou-se animada -Ele é um gato e eu tenho certeza que se tentasse fazer algo
pensando nele, seria uma imagem bem quente!
Começamos a gargalhar, o que me fez tapar a boca e deitar contra o travesseiro
-Quer saber.. -A encarei, esperando que terminasse -Eu vou fazer isso por você, não gosta
mesmo dele, tem namorado.. não vai ficar incomodada, vai?
-Não
Falei, mas eu estava incomodada, antes mesmo dela pintar eu já estava incomodada
-Ótimo, alguém precisa pintar pensando naquele menino, e eu vou ter que ser a primeira
Riley saiu do banho e nos encarou antes de deitar na cama ao meu lado, ficamos assim por um
tempo até que eu adormeci, a intenção não era dormir junto a ela hoje mas ela tem me trazido de
volta a realidade e é algo que eu tenho precisado esses dias. O alarme soou e em questão de
segundos eu rolei para fora da cama, me levantei depressa encarando a morena alta desmaiada,
segurei em seu lençol e o puxei a fazendo cair
Assim que ela se levantou a porta do banheiro se abriu mostrando minha amiga gótica, ela se
recostou no batente e nos encarou de braços cruzados
-Estou de saída
-Melhor, se não quiser se atrasar, a aula vai ser no ateliê
-Está bem
-Eu passo no seu quarto, para ter certeza de que não vai perder a hora
Assenti que sim e caminhei para fora de lá, minha amiga dos cabelos coloridos estava
dançando frente ao espelho super animada enquanto penteava os cabelos e se certificava de que a toalha não havia caído. Ao som de Katy Perry Hanna se esbaldava, bati a porta com um pouco de
força a fazendo dar um pulo e por a mão sobre o peito, sorri com o seu susto
A mesma abaixou o som e se aproximou com um sorriso
-O que foi? -Perguntei curiosa -Por que essa carinha animada?
-Eu vou a um encontro hoje!
Ergui as sobrancelhas e me sentei na beira da cama curiosa sobre quem era o tal pretendente,
ela ergueu as duas mãos se preparando para explicar
-Ele é um veterano, é muito bonito! -Parou para dar um gritinho histérico -Nós vamos assistir um
teatro na Broadway! Eu estou quase explodindo de felicidade, acha que eu devo me vestir como?
-Hanna.. -Segurei em seus braços -Ainda são sete da manhã, o teatro é de noite..
-Eu estou histérica demais não estou?
-Um pouquinho, vai dar tudo certo, agora se concentra que você ainda tem muitas horas de aula
pela frente antes desse encontro.
Hanna assentiu que sim e foi ao armário procurar uma roupa para assistir as aulas, depois do
meu banho expresso eu corri para colocar minhas roupas antes que Bianca aparecesse e visse que
ainda não estou pronta. Me encarei frente ao espelho uma última vez antes de prender o cabelo
em um rabo de cavalo simples, eu estava muito bem, a meia arrastão roxa combinava com o
vestido lilás em detalhes azuis turquesa e os saltos pretos
Um sorriso apareceu em meu rosto enquanto me admirava, eu sou mesmo muito bonita.. que
coisa
A porta se abriu e Bianca me encarou, seus olhos percorreram o meu corpo antes dela cruzar os
braços e sorrir maliciosa
-Olha só!
-O que foi?
-Não é nada, você só está muito bonita hoje, deslumbrante
-Eu estou assim sempre, só para começo de conversa menina preto e branco
Ela sorriu encostando as costas na porta e indicando que eu saísse, assim que passei pela porta
ela me encarou
-Vamos então menina loira
Caminhamos até o ateliê onde tinha alguns alunos, mas a professora ainda não havia chegado,
me sentei frente a tela branca e encarei Bianca por um tempo. Ela estava organizando suas tinhas
na mesinha ao lado e só haviam pretas, brancas e cinzas, diversos tons diferentes das mesmas
cores. Enquanto estava hipnotizada por seu sistema organizacional eu não notei quando a professora havia entrado em sala
Desviei minha atenção para a minha mesa e vendo o quão desorganizada eu sou, mas isso não me incomoda
-Mentira..
A ouvi dizer baixinho, encarei os fios pretos de Bianca e quando notei seus olhos presos a algo eu os segui. Encarei aquele rosto virado na minha direção, analisando cada detalhe do meu rosto
e o memorizando. Meu coração acelerou e eu só poderia estar delirando, não era mesmo possível
essas coisas acontecerem logo comigo, por que comigo?
-Bom dia alunos, como hoje é meu primeiro dia com vocês, desenvolvi uma atividade que me
desse a liberdade de saber como vocês se expressam, mesmo que se vendo em outro alguém -Sua
mão negra e pouco enrugada da idade se apoiou no ombro de Josh, enquanto a minha alisou o
meu rosto tentando saber se isso é mesmo real -Esse é o meu aluno preferido! -Apoiou a mão
livre sobre o peito, se gabando -Pedi que viesse aqui hoje para nos ajudar com essa aula, se
apresenta para minha turma querido
-Pessoal! -Ergueu a mão direita ao ar -Meu nome é Josh.. -Encarou meus olhos outra vez -É um
prazer ajudá-los com a aula de hoje
-Muito bem, muito bem! -Falou a senhora com um sorriso quando cochichos começaram a soar
de alguns dos alunos -Eu quero que vocês olhem para ele, mas não quero que esbocem o que o
Josh parece estar sentindo, não..
Encarei Bianca mas ela estava focada demais em deslizar os olhos por cada detalhe de Josh
para me dar alguma atenção
-Eu quero que vocês encarem os detalhes dele, as sobrancelhas, os olhos, e digam o que vocês
estão sentindo. O que as expressões causam em vocês, o que elas transmitem?
-Calor!
Arregalei os olhos encarando minha amiga que abriu um sorriso enorme fazendo todos na sala
rirem, até mesmo eu não aguentei, o encarei e dei de ombros como se não houvesse nada que
pudesse ser feito em relação a isso. E não havia mesmo de qualquer forma, as pessoas o achavam
bonito e isso não é algo que eu possa mudar
-Tudo bem! -Falou a Sra. Harrison tentando conter o riso -Vamos ao trabalho, lembrando que
não é preciso vê-lo na obra, mas o que é transmitido. E um artista de verdade como vocês sabem
como expressar o que o coração está sentindo!
As minhas mãos estavam trêmulas, e eu não faço ideia de por onde começar, suor deixou o
pincel escorregadio e por minutos a minha tela ficou em branco. Eu estou perdida, não sei como
começar a pintar o que por três anos eu escondi de tantas pessoas...
O que fazer em relação a isso caro coração amedrontado? Não há nada a fazer, apenas ajude-
me a fugir desse calabouço interminável.

CONTINUA 😚🤍

A longo prazo. o fim do acordo Onde histórias criam vida. Descubra agora