CAPÍTULO VINTE

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A preparação no dia anterior me causou muito mais crises de ansiedade do que eu esperava, o

meu quarto se tornou um ateliê de pintura. O chão estava coberto com um plástico

transparente agora manchado com gotas de tintas, telas de pintura espalhadas pelo quarto

enquanto outra em branco estava bem a minha frente, passei as últimas horas pintando e

esvaindo tudo que meu coração estava sentindo

Minha primeira exposição em um museu, não era nada formal, apenas uma universitária com

talento mas... E se for um fiasco? E se as pessoas zombarem de mim? E se eu for considerada

amadora demais para me titular uma artista? O que eu vou fazer da minha vida quanto a isso?

A arte é tudo para mim, é o meu respirar, o meu caminhar e o meu falar. Estar frente a uma tela

em branco me permite marcar com a tinta palavras em forma de desenhos específicos... Às vezes

pequenos borrões unidos um ao outro e criando um emaranhado de confusão, uma linda

confusão

Enquanto meu fôlego começou a se perder, eu senti como se estivesse sendo controlada, e eu

estava, pois meus sentimentos pegaram as rédeas de minhas mãos e começaram a manipulá-las.

-Maya! -Escutei, paralisei, encarei minhas mãos pouco trêmulas e manchada com o vermelho da

tinta fresca junto a três outras cores. Me virei para a esquerda, os olhos ardendo e o nariz

possivelmente avermelhado -Para onde você foi?

Riley estava de pé, com as sobrancelhas franzidas e o semblante preocupado, eu prometi não

guardar mais segredos desde a delegacia. Ela é a minha melhor amiga e não é justo ajudarmos

aos outros e não deixar que eles nos ajudem, então como prometido eu desmoronei, ela envolveu

seus braços por meu corpo sem se importar com as tintas que poderiam sujá-la

Larguei os pincéis e a puxei para mais perto, possivelmente sujando suas costas com aquela cor

vibrante. Depois de me permitir afogar o rosto em seu pescoço e molhá-lo com minhas lágrimas

ela me afastou, me sentei na cama e respirei fundo antes de encarar seus olhos castanhos

-Maya, o que foi?

-Eu estou com medo Riley, o que.. -Hesitei com um soluço -O que eu vou fazer se der tudo

errado?

-Der errado? Maya você é incrível, não pode dar errado

-Tá, mas e se der?

-Se por algum motivo as pessoas que visitarem o museu não gostarem da sua arte, se alguém a

criticar, bom.. quero que saiba que das duzentas pessoas que visitarem o museu e dizerem não à

sua pintura, mais outras oito bilhões não tiveram a chance de ver... e talvez essas sejam as mesmas que aprovaram você na faculdade

-Por que?

-Nem todas as pessoas no mundo sabem apreciar uma boa arte Maya

-Eu estou cansada lindinha

-Vamos, deite um pouco, está tarde -Ajeitando o meu travesseiro ela me ajudou a me deitar e

A longo prazo. o fim do acordo Onde histórias criam vida. Descubra agora