CAPÍTULO DOIS

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Por muito tempo eu me encarei no espelho e perguntei ao meu reflexo, na esperança de que ele me desse alguma resposta, uma que eu pudesse segurar nas mãos e ver um futuro nelas.
As palavras soavam de encontro ao objeto límpido na parede de meu banheiro, mas ele não me respondia, durante meses nenhum de nossos amigos tocaram no assunto. Naquele dia na casa da Riley onde eu e ele nos despedimos, onde Zay propôs que eu tivesse um futuro ao lado dele.
Eu enxerguei aquilo com muita dificuldade, mas estava disposta a ir contra tudo que meu
coração acreditava para que eu pudesse enxergar a minha vida ao lado de alguém que não seria posto atrás das grades por estar comigo. O amor é algo difícil de compreender, mas a verdade é que nem todas as pessoas nós amamos de imediato, podemos aprender a amar. E eu aprendi como amar Zay, ele foi uma pessoa que me fez enxergar a vida com outros olhos, é claro que na maioria das vezes eu negava os desejos de meu coração e apenas corria pelas ruas procurando aquela janela que vira tantas cenas e resolvera tantos problemas, a janela em que chorei junto a minha melhor amiga quando algum ser humano sem quaisquer sentimentos a fez
negar a sua essência. Eu a encarava e logo me apressava para subir as escadas e encontrá-la
sentada em sua cama.

-Oi..

Riley me encarou com os olhos castanhos e as covinhas sobressaltadas, me assentei na janela e apenas esperei, quando provavelmente minhas bochechas ficaram vermelhas e meus olhos cheios d'água ela se aproximou com as sobrancelhas franzidas e sentou ao meu lado.

-Maya, o que houve?

Eu não consegui falar, esta situação se estendeu por bastante tempo, até eu finalmente conseguir naufragar quaisquer resquícios dos meus sentimentos o máximo que pude. Quando me permiti sentir aquilo que Zay estava me propondo, tudo finalmente se foi, ainda não contei a Riley o motivo de minhas lágrimas naquele dia. Nós somos parte uma da outra, mas isso ela não entendia, isso ela não conseguia aceitar por algum motivo, então a deixei de fora desta parte da minha vidam Decidi que não valia mais a pena introduzi-la em uma situação que havia finalmente encontrado um fim, passei os meus últimos dias de viagem apenas pintando como uma louca.
Em alguns momentos Shawn ficava de pé ao meu lado enquanto esticava uma rosquinha emminha direção depois de me ouvir negar diversas vezes voltar a mesa e simplesmente me alimentar
É claro que minha mãe interviu na situação quando começou a ficar um pouco crítica, ela
apareceu por trás de mim e simplesmente segurou os meus braços me direcionando a mesa. Tirou de minhas mãos o pincel e colocou uma caneca de achocolatado no lugar, me rendi as suas vontades visto que ela estava certa sobre eu estar me alimentando muito mal, como ela mesma
disse.
-Se não vai comer as pinturas, então é melhor começar a comer comida de verdade, oxigênio não enche a barriga de ninguém

-Está bem!

Falei erguendo as sobrancelhas
A nossa viagem em família foi simplesmente a melhor experiência que eu pude viver ao lado de minha mãe, por anos eu não enxerguei aquele sorriso realmente feliz. Shawn a fazia feliz e consequentemente me fazia feliz também. No entanto, a realidade nos chamou de volta para as nossas vidas complicadas. Zay cumpriu a promessa de me ligar todos os dias, e ironicamente não eram todas as vezes em que via o seu nome na tela que eu atendia o telefone. Haviam momentos em que eu queria apenas estar ali sobre a grama esverdeada pincelando as telas que faliram o bolso de Shawn. Assim que atravessei a porta da sala, gritos me fizeram encolher os ombros e franzir as sobrancelhas, as pessoas no qual considero como minha segunda família estavam todas com os
braços para o alto enquanto me parabenizavam pela entrada na faculdade. Sorri para o cartaz que
não tinha apenas o meu nome, mas também o de Riley, e pela quantidade exagerada de purpurina e lantejoulas estava nítido que ela quem havia feito. Apontei o dedo para a cartolina lilás no alto da sala e sorri largamente.

-Maya e Riley?
Ela assentiu diversas vezes enquanto sorria de volta
-MAYA E RILEY? VOCÊ PASSOU?
-Eu passei!
-Vamos estudar juntas?
-Vamos estudar juntas!
Nós seguramos uma no braço da outra enquanto pulávamos disparadamente e gritavamos uma para outra, ao nosso redor as pessoas ficaram em silêncio apenas esperando que os nossos gritos histéricos simplesmente cessassem.

A longo prazo. o fim do acordo Onde histórias criam vida. Descubra agora