Precisamos de um tempo

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Por que sempre que eu não esperava por ele, Oscar surgia na porta do meu apartamento do nada?

E lá estava ele.

Reparo que seu olhar parecia tenso e seus lábios pressionados. Eu realmente não sei o que dizer ou fazer. Minha boca se abre algumas vezes, mas é difícil encontrar palavras.

- Oscar... eu...

Minha divagação é interrompida pelo impacto dos nossos corpos. Os lábios de Oscar colam nos meus com uma enorme pressão, assim como suas mãos apertando meu rosto.

Arregalo os olhos com sua ação, dando alguns passos para trás. O que ele estava fazendo?

- Isaac! – Afasto nossos lábios procurando ar. – O que é isso?

- Só me deixe beijá-la, por favor. – Ele pede com as mãos ainda em meu rosto e eu não entendo nada.

- Feche a porta. – Peço a ele ao ver que os vizinhos do apartamento ao lado estavam no hall.

Assim que ele fecha a porta, eu consigo me afastar e respirar melhor. Toco meus lábios ainda sentindo-os formigar com o beijo de segundos atrás.

Meu peito doía de saudades. Meu corpo todo estava animado com sua presença ali e com seu pedido inesperado. Mas eu precisava usar o cérebro primeiro...

Ele anda de volta até mim e me abraça, repousando o rosto em meu ombro. Seu toque em minhas costas me acalanta e eu tento fazer o mesmo com ele, passando minhas mãos pelos seus cabelos e pelos seus ombros.

- Nena... – Ouço ele sussurrar baixinho enquanto passa a ponta do nariz pela pele do meu pescoço.

A fala de Anne durante o encerramento da gravação hoje me vem à cabeça. Ela havia dito que Oscar estava resolvendo problemas familiares. E agora ele aparece assim no meu apartamento...

- O que aconteceu, Oscar? Está tudo bem?

Ao afastar seu rosto, eu consigo ver um sorriso crescer em seus lábios. Ele acaricia minha bochecha e me puxa para um selinho. Mais um. Até que esses dois selinhos se transformam em um beijo.

Me permito beija-lo por um instante. A satisfação grita dentro de mim.

Nossas línguas se entrelaçam de saudade trazendo um gemido rouco do fundo da garganta de Oscar. Seu resmungo é música para meus ouvidos e eu me perderia facilmente nos seus braços.

Noto seu desespero em suas mãos que me apertam com força. Quando uma delas adentra minha blusa e tenta puxar para cima, eu decido parar.

- Me conte o que aconteceu. – Digo depois de afastar nossos lábios bruscamente.

- Virgínia me pediu um tempo...

Suas palavras saem rápidas demais e eu não consigo evitar a expressão de choque.

- O que? – Eu não podia acreditar. Ainda mais que Oscar havia dito essas palavras com um sorriso no rosto.

- Ela me pediu um tempo. Depois que contei a ela que nos beijamos fora de cena.

Oh, meu deus. Ele havia contado...

- Você... você contou a ela só dos beijos? Você sabe que não se trata só disso... não são só beijos, Oscar.

E isso era verdade. A traição era maior do que só beijos. Era o sentimento e a atração que estava rolando a um bom tempo. Não era justo resumir nossa relação a beijos sem significados nenhum.

- Se eu falei dos beijos e ela pediu um tempo, imagina se eu falar que na verdade eu amo você. Ela se separa e leva meus filhos pra Irlanda.

Eu achava que minha expressão de choque não podia aumentar. Fico em silêncio repassando suas últimas palavras em minha mente.

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