O vento em Medelín estava fresco.
Mas apesar de estar com os braços e pernas de fora, o vento não me incomodava. O cimento da escadaria que eu me sentava também estava geladinho, o que me causava uma sensação gostosa.
Eu acho que estava ali fazia uns 30 minutos. Deveria ser por volta de 1 da manhã e as ruas da cidade colombiana não estavam muito agitadas naquela área. Na verdade, eu não via nenhum carro passar ali já fazia um tempo.
No silêncio reconfortante, o barulho de passos se aproximando se destaca, me fazendo prender a respiração. Talvez ficar sozinha nas ruas de Medelín de madrugada não fosse uma boa ideia...
Onde eu estava com a cabeça?
Pra minha sorte, logo reconheço o rosto do homem que se aproximava. E seu sorriso também.
- Te achei! – Oscar se aproxima e se senta ao meu lado na escadaria. – Está planejando um roubo?
Não entendo sua pergunta e então ele aponta para o grande prédio que estávamos sentados na frente.
- É a Casa da Moeda de Medelín. Não percebeu?
Nego com a cabeça e encaro melhor o prédio. Percebo agora que ele era lindo, todo branco com um ar meio clássico, com grandes colunas brancas.
- Então... – Ele continua falando, atraindo minha atenção. – Você beijou mesmo uma garota.
Sério que ele queria falar sobre isso?
Tomo o último gole da bebida do meu copo e me apoio mais nos degraus, me deitando de lado no local.
- Eu já posso fazer parte da comunidade LGBT? – Pergunto com humor e ouço uma gargalhada alta de Oscar.
Eu gostava da sua risada. Gostava de falar besteiras só pra fazer ele rir.
- Não sei... você gostou?
- Do que?
- Do beijo.
- Não. Ela não tinha barba. – Chego à conclusão e vejo que ele me encara.
- Você não precisava... ter beijado ela.
- Você disse que seria uma boa ideia! – Exclamo indignada e apoio minha cabeça em minhas mãos.
- Uma boa ideia você flertar com uma menina. Não enfiar a língua na garganta de qualquer uma! – Ele se defende olhando pro outro lado.
- Não é qualquer uma. Jorge que escolheu.
- Ela ficou perguntando de você depois...
- Hmm. – Resmungo percebendo que sua voz saía enciumada. – E você está com ciúminho.
Olho em sua direção, e ele balança a cabeça negando e escondendo um sorriso.
- Se levanta daí. – Ele diz batendo de leve na minha coxa exposta.
- Não.
- Dá pra ver sua calcinha. Ela é preta.
Arregalo os olhos e volto a me sentar direito ao seu lado.
- Pervertido... – Resmungo lhe tirando uma leve risada. – Deu certo pelo menos?
- O que?
- O beijo, ué. Virgínia acreditou? Aliás, cadê ela?
- Ela já foi dormir. – Oscar se aproxima de mim, colando nossas pernas juntas. – E parece que sim. Depois que você saiu ela disse "elas formam um belo par".
Não seguro a risada da sua fala e aproveito nossa proximidade para apoiar minha cabeça em seu ombro.
- Ela desconfiava mesmo de nós? Por que?

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Behind the scenes
Roman d'amourÉ dentro do set de gravação de um filme que dois atores protagonistas vivem o romance da ficção na vida real. Quais eram os limites do envolvimento profissional? O sentimento acaba quando a diretora grita "corta!"? Oscar e Antônia tinham certa dific...