Pedro

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Oscar tinha um sono pesado.

Eu acordo na manhã seguinte com meu braço direito formigando. Reparo que Oscar dormia em cima dele, enquanto me abraçava como uma criança abraça um urso de pelúcia. Mas meu braço não era feito de espuma e minhas veias imploravam por liberdade.

Fico com receio de acorda-lo, já que ele dormia com uma expressão tão fofa, mas nem que eu tivesse chacoalhado seu corpo, ele teria acordado. Tiro meu braço de baixo de seu tronco e suspiro com o alivio. Permaneço imóvel por um segundo sentindo a sensação gostosa do sangue voltar a correr pelas veias.

Oscar ao meu lado resmunga algo inaudível e aperta mais forte seus braços envoltos de mim. Seguro o riso e alcanço meu celular que estava no móvel de cabeceira. Com o aparelho no silencioso, tiro uma foto sua dormindo.

- O que está fazendo? – Sua voz rouca me assusta enquanto eu sorria olhando para a foto tirada na tela.

Talvez ele não tivesse o sono tão pesado assim.

- Oh, porra! – O susto é tão grande que eu quase derrubo o celular na minha cara. – Quer me matar do coração?

Ele não abre os olhos ainda, mas seus lábios mostram um sorriso sapeca.

- Você sabe que não. Que horas são?

- 9 horas.

- Ótimo. Vamos voltar a dormir. – Oscar me puxa para perto, repousando seu rosto em meu pescoço.

Sua respiração me faz cócegas, mas eu não ligo. Ter ele ao meu lado era uma das melhores formas de acordar pela manhã. Eu queria tê-lo todo dia pra mim.

Seus planos de voltar a dormir são falidos quando seu celular toca. Mesmo no silencioso, eu o ouço vibrar na madeira do meu móvel de cabeceira.

- Patrón, seu celular está tocando. – Sussurro fazendo carinho em seus cachos.

- Você alcança? Veja quem é, por favor. – Ele resmunga com o rosto escondido em meu pescoço ainda.

Estico o braço novamente e pego seu celular. Na tela está escrito "love of my life".

Não evito a careta quando vejo o nome na tela.

- Oscar, acho que é Virgínia. – Assim que eu digo, ele levanta rapidamente o rosto e olha pro celular assustado. No próximo segundo, um sorriso preguiçoso se abre e ele deita novamente na posição que estava.

- Não é Virgínia. É um amigo...

- Amigo?

- É. O contato de Virgínia está salvo pelo nome dela no meu celular.

- E você não vai atender seu amigo? – Reparo que uma mensagem chega pelo celular do mesmo contato quando a ligação para. – Ele te enviou uma mensagem.

- Leia pra mim?

Eu estava curiosa sobre esse amigo então não reclamo em fazer.

- Almoço no Haikes às 13h. Sem desculpas. Quero saber o que você fez ontem. – Leio a mensagem.

- Uhum. – Ele resmunga preguiçoso.

- O que eu respondo?

- Combinado. – Ele diz e eu mando a mensagem.

- Esse é o mesmo amigo que me mandou parabéns pelo telefone durante uma ligação no meu aniversário?

- Uhum.

- Qual o nome dele?

Oscar demora um pouco para responder.

- Pedro. – Ele diz baixo.

Behind the scenesOnde histórias criam vida. Descubra agora