Oscar não ligou no outro dia.
Eu fiquei com tanta vergonha do que tinha acontecido anteriormente que também não tive coragem de lhe mandar uma mensagem. Eu esperava que ele fosse o primeiro a contatar, mas isso não ocorreu. Se ele estaria também envergonhado com a situação? Era o que eu imaginava.
Fui trabalhar naquele dia com os pensamentos presos nele, claro. Mas me esforcei para isso não me atrapalhar.
Eu não deixaria um problema da minha vida pessoal atingir meu trabalho. Era difícil sim, mas eu tentei transformar toda angústia que eu estava sentindo com a situação, em energia no palco. Por sorte o espetáculo que dançávamos era dramático e forte.
Então dancei naquela noite o espetáculo de Frankenstein perfeitamente. Dei meu melhor e fui até elogiada pelo diretor. O verdadeiro "faça do limão uma limonada".
Por dentro? Eu estava acabada, mas fazia meu melhor para manter as estruturas externas inabaláveis.
Dois dias depois e ainda não havíamos nos falado. Apesar de querer, permaneci sem mandar uma mensagem perguntando como ele estava. Depois do primeiro dia sem contato, achei estranho mandar uma mensagem só no segundo dia. Me arrependi de não ter falado com ele antes e permaneci assim.
Porém, eu logo receberia notícias suas de outra forma e não seria por telefone.
No horário do almoço, saí do estúdio do Los Angeles Ballet caminhando em direção ao restaurante mexicano próximo que eu gostava. Fazia um tempo que eu estava com uma vontade imensa de comer uma porção de guacamole e resolvi me dar ela de presente hoje no almoço. Eu precisava de um ânimo extra para seguir com o dia e aguardar o contato de Oscar sem terminar de roer todas minhas unhas.
Ainda caminhando próximo ao teatro, eu ouço um carro buzinar para mim. Olho para os lados e vejo um veículo preto, com os vidros fechados. Não o reconheço por isso apenas continuo andando na calçada.
O carro buzina novamente e quando eu olho, o vidro se abaixa.
É Pedro lá dentro, para minha total surpresa.
Ele me chama com a mão e logo volta a subir o vidro.
O que ele fazia aqui?
- Oi! – Sorrio entrando no carro e sendo recebida por um rápido abraço seu, entre os bancos.
O ator vestia uma t-shirt e uma bermuda de forma bem casual. Seus adoráveis cachos caíam em sua testa e ele logo tenta puxa-los para trás após o abraço.
- Como está, pequeña bailarina? Gostei do cabelo – Ele cutuca meu coque.
- Trabalhando duro. Quando você vai me ver dançar nos palcos? – Tento disfarçar meu humor quebrado com uma simpatia forçada. Eu gostava de Pedro. (Bom, quem não gostava?). E por isso eu não queria descontar toda minha frustação com o amigo dele no pobre chileno.
- Quando eu for convidado. – Ele faz uma careta fofa de ofendido e eu bato em seu ombro.
- Você não precisa disso. Me diga quando quiser vir e eu consigo ingressos VIP pra você.
- Uau, agora sim! Eu virei com certeza.
Nós damos risada e ele apoia as costas no banco do carro, permanecendo em silêncio. Seus olhos me investigam e eu sei que ele espera que eu seja a primeira a perguntar.
- O que aconteceu? – Pergunto de uma vez. Algo só poderia ter acontecido para Pedro vir até aqui ao meu trabalho.
- Como sabe?
- Desculpa, Pedro, mas qual outro motivo você estaria aqui esse horário...
Ele suspira e passa a mão nos cachos antes de me explicar a situação.
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Behind the scenes
Storie d'amoreÉ dentro do set de gravação de um filme que dois atores protagonistas vivem o romance da ficção na vida real. Quais eram os limites do envolvimento profissional? O sentimento acaba quando a diretora grita "corta!"? Oscar e Antônia tinham certa dific...