CAPÍTULO 13

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SORAYA

Será que ela aceitaria?
Ai… Tá, confesso que tô doidinha pra dar pra ela.
Mas só isso mesmo.
Nossa, mas ela tem um jeito que puta que pariu, é incrível como ela é capaz até de mexer com a cabeça de um gay igual o Pedro.

Pedro: — Até eu que sou gay duvidei quando ela conversou comigo.

Ele estava ao meu lado esperando a resposta dela.

Soraya: — Tá digitando…

Vi a palavra “Digitando” sumir algumas vezes…

Simone: — Seria bom continuar com a aula, mas não agora. Tenta por em prática o que eu te falei primeiro e depois avançamos.

Dei um murro no sofá e mordi meu lábio inferior.

Soraya: — Vagabunda!

Pedro: — Tá sedenta, hein?

Digitei e mandei mensagem.

Soraya: — Mas eu já pratiquei, agora preciso da continuação.

Simone: — Eu não vi você praticando nada.

Soraya: — Eu mostro, não tem problema.
Soraya: — Estou em casa e você sabe o endereço.

Desliguei o telefone enquanto Pedro vibrava.

Pedro: — UUUUUUUUUUUUUI! — ficou feliz — Finalmente essa mulher vai dar, não aguentava mais ver você ranzinza pela casa — Levantou do sofá e fui até a cozinha.

Ela respondeu.

Simone: — Estou com visitas, não posso deixá-la sozinha. Você também sabe o endereço daqui.

Soraya: — A visita pode ficar com sua mãe…

Respondi e esperei resposta. Mas que coisa, ela está se fazendo de difícil?

Simone: — Estou indo.

Minha vontade era de gritar de felicidade, sabe? 
Apesar de não gostar dela. Deixando isso bem claro.

Ah, eu vou esconder isso de quem? Eu gosto dela, é uma pessoa boa… Af, agora tô… apaixonada? Será pra tanto?

Fui tomar banho, secar o cabelo e usar um vestido preto que tenho decotado e grudadinho no corpo. Usei meu perfume e saí do quarto.
Na mesma hora que vou para a sala, ela bate na porta.
Abri, observei e sorri levemente.

Simone: — Eu não tenho muito tempo, Soraya.

Agarrei a mão dela e fomos para o escritório. Abri a porta, “joguei” ela dentro e fechei a porta.

Ela observava o pulso enquanto eu caminhava até ela, encarando todo o corpo dela.

Simone: — Ai! desse jeito você não vai conseguir pegar nenhuma-

Eu só segurei sua cabeça e beijei sua boca.
Isso mesmo.
Soraya Thronicke beijou Simone Tebet.

Não sinto suas mãos em meu corpo como ensinou-me, tampouco sua mão em minha nuca, mas ela corresponde ao beijo, movendo sua língua, sua boca macia e a face. Nossas bocas se mesclam, o tom carmim de sua boca na cor rosada dos meus lábios.

Enfim sinto suas mãos em minha cintura, apertando-me, sentindo-me e me segurando com firmeza.
Depois, uma de suas mãos sobe e segura meus cabelos, nossa! Nunca imaginei que seria tão bom uma mulher me pegar desse jeito e me beijar.
Ela sai do beijo, eu atiço, mas ela segura minha garganta com cuidado.

Simone: — Eu não posso demorar.

Soraya: — Mas você não vai — acariciei sua nuca — a menos que queira.

Simone: — Eu não te dei essa liberdade… — sorriu.

Soraya: — Tava demorando… — Agarrei os fios escuros e voltei a beijá-la.

Ela me agarra e me faz sentar na mesa de madeira escura, me deixando um pouco mais alta que ela, mas me mantendo confortável o suficiente para sentir seus ombros e seu trapézio. Os agarro e arranho, cravo minhas unhas em sua derme branca e aveludada, mas ela sai do beijo e se afasta um pouco.

Simone: — Terei que voltar.

Soraya: — Dez minutos, Simone…

Simone: — Eu não posso.

Agarro o colarinho de sua camisa e a aproximo do meu corpo.

Soraya: — Eu não quero que pare.

Ela subiu a mão pela minha coxa esquerda e observou o meu decote. Subiu as pálpebras e olhou-me no fundo dos olhos.

Simone: — Eu tenho que voltar. Falei para Alice e Nicanor que voltaria rápido.

Soraya: — Você não precisa voltar agora. Você sabe que não precisa.

Desço meus palmos pelos lados do seu corpo, observo seu rosto, o queixo com um furinho e um sinal ao lado, ela aproxima sua boca, me deixando na vontade de senti-la de novo, e de novo, e de novo…

Soraya: — Você não precisa ir agora — sussurro.

Ela continua calada, observando meus olhos com um leve sorriso de canto.
Passo a língua pelos meus lábios e sinto seu dedilhado pelo lado da minha coxa esquerda, subindo meu vestido devagar, mas sem tirar do meu corpo.

Simone: — Eu não posso demorar.

Soraya: — Dez minutos, só dez minutos…

Ela tira os dedinhos da minha coxa e segura meu quadril. Seus lábios seguem ao encontro dos meus mais uma vez, e eu aprecio seus movimentos. Abro um pouco minhas pernas para dar espaço ao seu corpo, ela se aproxima e me faz declinar para trás, fazendo-me espalmar as mãos na mesa para ter equilíbrio e não cair.

Sua boca macia acaricia meu lábio de baixo, sua cabeça despenca para o lado direito enquanto eu me movo pelo esquerdo. O beijo encaixa e nossas línguas trabalham. Não consigo pensar muito, sequer focar em tocar seu corpo, só me concentro em beijá-la.
Somente em beijá-la.

Soraya: — Só me beije, Simone — disse, saindo do beijo — Somente me beije.

Simone: — Te beijar?

Soraya: — Isso, me beije — Seguro sua nuca e a aproximo de mim, mas ela faz birra.

Simone: — Não é assim tão fácil, querida — segurou meus pulsos.

Soraya: — Quê?

Simone: — Quando estivermos livres o dia todo, quem sabe.

Soraya: — O dia todo?

Simone: — Eu não sou um homem, Soraya — sorriu e abriu a porta do escritório — Até depois — Saiu, fechando a porta.

Nossa senhora da bicicletinha sem freio.
Mas, que beijo, que… Que sensação ótima! Eu não sei se é porque era ela ou… se era só pelo fato de que eu precisava desse beijo e desse momento. Juro, eu fui aos céus! Nenhum dos homens que eu cheguei a me envolver me deixou tão tensa como ela. Nenhum me pegou da maneira que ela me pegou, nenhum foi sequer capaz de segurar em minha garganta daquele jeito. Que delícia!

Nossa, mas… O dia todo? o que ela quis dizer de ter o dia todo livre? ela aguentaria o dia todo? Misericórdia.

Acho que nenhum homem me fez sentir o que eu senti nesse beijo, a tensão, os pensamentos e tentar ter controle do que eu poderia ou não fazer.

Saio do escritório, ela já não estava mais na casa.
Recebo mensagens, mas não era as que eu queria. Adoraria que ela mandasse mensagem dizendo “Amanhã eu estou livre o dia todo”, mas amanhã tem aula.

Alessandro: — Está disponível hoje a noite?

Não.
Pra você, não.

Alessandro: — Quer sair comigo? Jantar em um restaurante bom e, de repente, onde mais você quiser ir.

Soraya: — Eu não vou transar com você, Alessandro.

Alessandro: — Não precisa transar para sair comigo. Eu posso ser muito galinha, mas com você eu sigo à risca as recomendações.

Soraya: — Desculpa, eu realmente não tô bem para sair. Mas obrigada pelo convite. Quem sabe na próxima semana.

Laços inesperados; o amor entre a guerra.Onde histórias criam vida. Descubra agora