Laços inesperados; o amor entre a guerra.

CAPÍTULO 36

SORAYA

EU NÃO AGUENTO MAIS!

— Soraya, por favor, pare de atiçar minha ira e seja mais compreensiva. Você tem sua vaga na g13 e pode estacionar seu carro lá. Obrigada desde já pela sua atenção — dizia em uma carta que recebi.

Meu condomínio é do bloco C e POR QUE CARALHOS EU TENHO QUE ESTACIONAR NO BLOCO G?

Peguei meu telefone e fui no contato do querido. Ele acha que vou aceitar assim tão fácil? Vou continuar estacionando onde eu quero.

Soraya: — Bom dia, Gustavo. Sinto informá-lo que vou continuar estacionando meu carro na vaga em que eu ponho meu veículo. Não faz sentido eu ter que estacionar nas vagas do bloco G sendo que minha casa está localizada no bloco C-1. Passar bem.

Não aguento mais.
Simone teve que viajar para MS neste fim de semana e eu escolhi ficar em casa tentando resolver isso, mas estamos nos falando por whatsapp e nas ligações.
Inclusive, está na hora dela me ligar… Bom, vou ligar.

Soraya: — Amor?

Simone: — Bom dia, paixão! Como dormiu?

Soraya: — Bem, mas sabe o que eu recebi? — Peguei a carta e mostrei — Isso mesmo. O desgraçado do Gustavo está reclamando por eu ter que estacionar nas vagas do bloco C. Simone, EU MORO NO BLOCO C!

Ela começou a rir e depois me observou.

Simone: — Amor, troca de condomínio. Você só está arrumando problemas com esse pessoal.

Soraya: — Não consigo fazer isso agora nem se eu quisesse muito!

Simone: — Se o problema foi dinheiro, eu resolvo pra você.

Soraya: — Não… Eu já te falei que não quero que você se preocupe com isso!

Simone: — Soraya, você precisa e eu posso resolver. A gente aproveita e escolhe um lugar juntas.

Soraya: — Hein?

Simone: — A gente compra logo um lugar nosso. Pronto, resolvido. Quando eu voltar para Brasília, resolvemos isso, ok?

Ela quer morar comigo?

Soraya: — Você está falando de morar juntas?

Simone: — É, né? Já casamos, então é natural escolhermos um lugar para morar depois de casadas.

Sorri igual uma boboca e ela ficou observando minha cara. Ou melhor, a tela do telefone.

Soraya: — Bom… Podemos ver isso depois, tá? Me diz, vai voltar hoje ainda?

Simone: — Estou arrumando minhas coisas para voltar. Está tudo bem aí? Alice, como ela está?

Soraya: — Ai, queria até te falar… Hoje tem uma festinha na casa das amigas dela, sabe? E a mãe da Pilar me convidou para participar de um momento entre as mães… É uma festa para os velhos.

Simone: — Hum, isso é bom, não? É de que horas?

Soraya: — Às 19… Você consegue chegar nesse horário?

Simone: — Não sei, carinho. Mas você vai?

Soraya: — Não queria ir sozinha. Falei com ela, perguntando se você poderia ir, ela confirmou, mas você está longe…

Simone: — Ah, paixão. Você sabe que eu precisei vir, mas se eu pudesse ficar com você o dia inteirinho, eu ficaria — sorriu — Talvez eu chegue muito cansada, então vá sozinha ou chame seu irmão, uma amiga, de repente.

Soraya: — Simone, minhas amigas nem em Brasília moram.

Simone: — Alguém da faculdade. Você não tem amigas lá?