𝐋𝐨𝐫𝐫𝐚𝐢𝐧𝐞 𝐖𝐚𝐫𝐫𝐞𝐧 𝐏𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐎𝐟 𝐕𝐢𝐞𝐰
— Lorraine, tem certeza disso? — Eva me perguntou hesitante.
— Querida, não se preocupe comigo — Segurei em sua mão.
— É perigoso, e não quero que se machuque — Vi sua expressão assustada — Eu não suportaria te ver machucada, Lorraine.
Passei a mão por seu rosto, e a abracei.
— Fique tranquila. Volto em um minuto — Sussurrei em seu ouvido, e me separei de seu corpo.
Pedi uma lanterna a Drew, e entrei no armário do quarto de Andrea.
— Roger, me passe a caixa de músicas da April — O homem saiu, e logo voltou com o objeto.
Segurei aquela caixinha e analisei o interior daquele armário. Nas prateleiras haviam diversos brinquedos, o completando de ponta a ponta. Observei também que um lugar em específico estava cheio de poeira, e marcava a posição de um brinquedo que não estava ali.
Levei a caixinha de April até o lugar, e vi que aquele brinquedo completava a prateleira. Dei um passo para trás ao ver aquilo.
— Lorraine, está tudo bem? — Ouvi minha esposa perguntar.
— Sim, Eva — Respondi em voz alta.
Senti algo grudado no meu sapato, e me abaixei para ver do que se tratava. Era uma corda, e ela estava travada em algum lugar.
Comecei a puxar, e a cada parte que aparecia em meu campo de visão, me sentia em extrema agonia. Quando a corda finalmente se soltou por completo, olhei o material empoeirado, cheio de teias de aranha.
A ponta da corda me chamou atenção. Tinha um nó formado, como se estivesse pronto para enforcar alguém.
Suspirei assustada com a visão, e quando me virei para sair, o chão abaixo de mim cedeu.
— Lorraine! — Ouvi Eva gritar por mim.
Em questão de segundos meu corpo se chocou contra o chão. Senti dor em minhas costas e fiz uma careta com aquilo.
Olhei em volta tentando enxergar algo, mas o local em que estava era totalmente escuro.
Segurei a lanterna que caiu junto a mim, e iluminei o local. Identifiquei o lugar e vi que era o porão da casa. Um medo se apossou de mim naquele momento. Ouvi um barulho ecoar por alí, e logo soube que era alguém chorando.
Passei a luz da lanterna tentando procurar alguma coisa que explicasse aquele barulho, mas nada encontrei. O choro foi substituído pelo som da caixinha de música da April, mas logo o barulho para.
Peguei a caixinha caída ao meu lado e dei corda no objeto.Apontei a lanterna para trás, e posicionei a caixinha olhando para o pequeno espelho. Em seguida, vi uma mulher desconhecida chorar em cima de um corpo que parecia ser de um garotinho, que logo identifiquei ser Rory. Ele segurava uma faca suja de sangue enquanto repetia uma só frase, com o rosto sem expressão.
— Ela me obrigou.
De repente o choro cessou, e o lugar ficou em completo silêncio. Olho para trás e não vejo a mãe e seu filho. Viro meu rosto lentamente para frente, dando de cara com Rory.
— Ela me obrigou a fazer isso — O menino disse com voz assustadora.
De repente ele sumiu, e logo após outro barulho foi ouvido. Me arrasto no chão empoeirado tentando achar algo, mas me arrependo quando uma luz forte se faz presente no centro do porão.
Alí estava uma moça pendurada. Seu rosto estava coberto por seus cabelos, o que me impediu de vê-la. A única coisa que eu conseguia ver era seus pés descalços, e sua roupa branca completamente suja.
Me arrasto para trás novamente mas a mulher pendurada me segue. Começo a gritar em desespero por tal perseguição.
Ouvi batidas nas paredes e uma pessoa chamar por mim.
— Lorraine! — Era Eva, e sua voz transmitia seu desespero — Lorraine, me responde.
— Eva! — Gritei seu nome — Eu estou aqui.
Consigo me levantar e dou passos rápidos em direção a escada do porão, logo me vi correndo desesperada por ela. Bati a palma de minhas mãos trêmulas contra a porta e chamei por Eva.
Em seguida a porta se abriu revelando minha esposa me olhando assustada. Me joguei em seus braços chorando, e ela nos sentou no chão me abraçando forte.
— Eu sei o que ela fez, Eva — Disse com voz falha — Ela possui a mãe para que mate seu filho. Ela visita a Carolyn toda a noite, por isso os hematomas em seu corpo — Eva me olhou assustava — A entidade está se nurtrindo da Carolyn.
O local ficou em silêncio, e Carolyn olhava toda a cena sem uma sequer expressão em seu rosto. De repente a casa estremesse, e os crucifixos espalhados caem no chão.
Ouvimos a respiração acelerada de alguem, e seguimos o olhar para Nancy, a filha do casal Perron. Uma parte de seu cabelo estava flutuando, e a menina se assustou com aquilo que estava vendo.
— Nancy?! — Roger chamou por sua filha.
A menina estava paralisada, e olhava para seu cabelo com os olhos arregalados. Quando menos esperamos ela foi jogada com tudo na parede.
Nancy caiu no chão um pouco confusa pelo que tinha acontecido. Algo que não conseguíamos ver começou arrastar a garota pelos cabelos, e logo ela começou a gritar em desespero.
Roger correu em direção a sua filha, e Eva me soltou tentando ajudar o homem.
A mulher se jogou no chão, e agarrou as pernas da menina. Roger correu para a cozinha e voltou com uma tesoura, cortando o cabelo da filha e a livrando de ser arrastada pela entidade novamente.
Eva soltou a garota que correu para seu pai chorando, e a mulher fechou os olhos com a respiração desregulada.
Carolyn se aproximou olhando para seu marido e filha, ainda sem expressão em seu rosto. Levantei do chão e fui até Eva a ajudando ficar de pé.
— Eu acho que estou passando mal — Eva sussurrou para mim, e logo a levei para o sofá pedindo para Drew buscar um copo d'água para ela.
(...)