ᴏ ᴄᴏᴍᴇᴄ̧ᴏ ᴅᴀ ᴀᴠᴇɴᴛᴜʀᴀ

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Há muito tempo atrás existiu uma sociedade de feiticeiros em um pequeno vilarejo, na terceira ilha de Inkwell. Os cidadãos eram sempre gentis, mas tinham problemas com a falta de chuva destruindo suas plantações, o que fez o roubo uma prática comum para se sobreviver, até que os feiticeiros sábios chegaram e ajudaram, trazendo água para os cidadãos e renovando suas colheitas.

O lugar era chamado de Starry Sky.

Tudo ia bem, as plantações eram saudáveis, e a felicidade do povo retornou com a ajuda de seus feitiços maravilhosos. Até que inesperadamente, a aldeia começou a ser atacada por vermes de areia gigantes, a terra começou a morrer, a água secava e as plantas sumiam.

Os feiticeiros tentaram de tudo mais só conseguiram distraí-los para todos os ainda vivos saíssem imediatamente, enquanto região da aldeia foi tomada pela a areia, sol, e um deserto se espalhando.

As pessoas conseguiram um novo lar, mais com a extensão repentina do deserto com suas pragas, não era muito seguro, e por isso, os feiticeiros mais poderosos se sacrificaram usando todas as suas energias pra criar uma barreira de água encantada que cortasse aquela ilha do restante do arquipélago e repelisse os vermes.

Assim criaram o que foi chamado de "Water shield", que mantém todos seguros da escuridão de Ratæl.

Há boatos de que a região onde fica Ratæl é amaldiçoada desde que Lúcifer foi expulso do céu, tendo sido jogado brutalmente nessa terra direto para o subsolo. E ali se tornou a entrada para o submundo, ou melhor, inferno, onde todas as anomalias estão presas, sendo criadas e enviadas pelo próprio Diabo.

- Assim eles levam todas as desgraças com eles... - Félix se interrompe após sentir um toque em seu ombro que atrapalhou sua concentração na leitura.

- É um prazer imenso vê-lo novamente depois dessa semana, Sr. Félix - uma voz familiar cumprimentou.

- Oh! Boa tarde, Oswald.

- Você está lendo esse livro pela milionésima vez, parece que ainda gosta bastante do conto de Ratæl.

Félix solta uma risada baixa, envergonhado.

- É interessante, esse livro conta toda a desgraça que nossos antepassados passaram e como a terceira ilha foi isolada do restante do arquipélago.

- Entendo - disse Oswald se sentando ao lado de seu companheiro - mas não é só isso que está na sua cabeça, ainda preocupado pela ideia do Cuphead?

- Mais ainda depois da Sheba ter alimentado a falta de noção do rapaz - confirmou e então fechou o livro, o deixando sobre a mesa.

Oswald suspirou.

- Sabe como é, jovens não gostam de ficar só estudando, precisam explorar, se aventurar pra saber coisas novas, é normal, a gente teve essa fase lembra?

- Eu sei mas... isso é totalmente absurdo, tinham tantas coisas para ver e explorar mas ele decidiu ir no deserto? E mais! Como vamos sair da barreira? É totalmente impossível.

- Nada é impossível por aqui, sempre tem um jeito.

- Vai ser difícil de saber esse "jeito"

O silêncio confortável ficou entre ambos, enquanto Félix continuava a ler com seu parceiro recostado ao seu lado sem dizer uma única palavra.

As horas se passaram até uma linda noite estrelada surgir, mas a pequena família no chalé mais distante e isolado daquele arquipélago não estava disposta a apreciar a beleza da noite depois de terem tido uma longa discussão.

- Isso é muito perigoso, meus filhos, eu já disse isso várias vezes... mas já que não tenho o que fazer para impedir só peço que tomem cuidado, e enviem cartas dizendo como estão.

- Sim senhor, não se preocupe, vou mandar muitas cartas! - respondeu o seu neto mais novo, Mugman - E vou ficar de olho nesse encrenqueiro.

- Eu não sou encrenqueiro, seu infantil intrometido!

- Você devia me agradecer por não te deixar ir morrer sozinho, e eu tenho mais responsabilidade do que você!

- Sem brigas, ou eu vou cortar as pernas dos dois imbecis fora e ninguém vai sair daqui pra fazer porcaria nenhuma! Pelo menos não ter o desgosto de ver os meu únicos parentes vivos irem cometer suicídio sem eu fazer nada - resmungou o velho indo para sua poltrona, escutar o velho rádio.

Os dois irmãos ficam em silêncio se olhando com raiva mas acabam de acalmando. Seu avô já estava infeliz demais com a situação, não precisava de mais problemas.

- Cuphead, me traga uma dose de cachaça, preciso me acalmar depois de tanto aborrecimento - senhor Kettle pediu.

- Sim senhor - o rapaz obedeceu.

A manhã seguinte foram apenas despedidas, o velho tentava se manter firme com a partida dos netos e repetiu mil vezes para Félix e Oswald que não deixassem Cuphead fazer nenhuma besteira no meio do caminho.

- Sim senhor Kettle, nós já entendemos, eles vão ficar mais seguros com a gente do que sozinhos com o Cuphead - o gato afirmou mais uma vez.

- Disso eu sei, mas põe juízo nele.

- Vou tentar.

— Eu estou escutando, sabiam? E é claro que eu tenho juízo — falou Cuphead, com uma bolsa nas costas e mais duas nas mãos.

— É pra escutar mesmo! Não é sempre você tem isso não, meu filho, então espero que sair por aí tentando se matar arrastando o seu único irmão com você enquanto abandona o velho aqui, ajude em alguma coisa.

— Vovô... confia em mim.

— Eu confio... só estou preocupado, e com um mal presentimento sobre isso tudo, era melhor ficar aqui que é mais seguro, não quero que o Devil encontre vocês e faça o mesmo que fez com os seus pais.

— Eu já tentei isso, sr. Kettle, mas você acha que ele escuta? O que restou é seguir ele, e aproveitar essa loucura pra viajar um pouco — disse Félix, já pensando em desistir.

— Eu concordo — disse o mais novo dos irmãos.

— Até tu, Mugman? — indagou Cuphead, indignado — Vocês tem que saber que isso vai para história, e como sempre o Félix vai registrar tudo no caderno dele para fazer um livro.

— Óbvio, dinheiro é a única coisa nessa maluquice toda que me faz continuar arriscando a vida — afirmou Félix.

— Acho que sou o único normal daqui... — disse Oswald já pronto pra ir.

— Temos que ir logo, vai ser uma longa caminhada — falou o Boris, já pensando em desistir ou melhor, sair correndo.

Depois de uma despedida, o grupinho de amigos sai caminhando sem rumo, até que Félix começa a guiá-los para a única parte a mostra mostra no pedaço do mapa.

Era Sugarland, o reino dos doces. E se aquela era a única pista, para lá que eles iriam.

As melhores coisa da vida são: as pessoas que amamos — os lugares onde tivemos — e as memórias que fizemos.

ᖇᗩTÆᒪ O ᗪᗴՏᗴᖇTO ᗪᗴ IᑎKᗯᗴᒪᒪ _ 𝐂𝐮𝐩𝐡𝐞𝐚𝐝 𝐗 𝐁𝐞𝐧𝐝𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora