ᴀ ᴘɪsᴛᴀ

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O rapaz andava desesperado de um lado para o outro.

- Não temos pistas, não temos ideia de onde começar, o que vamos fazer? - se desesperou Cuphead.

- Desistir e voltar para casa? - sugere Boris recebendo do colega um olhar zangado em resposta.

- Já sei! Será que tem alguma mensagem secreta? - o garoto xícara supôs.

O pequeno sorriso no rosto de Félix murchou, ele se negou a verificar isso antes mas agora não tinha o que fazer, Cuphead pensou no óbvio ao contrário do que o felino imaginou que rapaz faria. Olhou para Oswald preocupado, não foi nada muito consolador ver que seu amigo estava impassível como sempre.

Félix sabia que mentir não ia adiantar afinal eles já tinham noção de que ele era o expert em aventuras ali.

- Precisamos de fogo, eu devo ter um isqueiro na minha bolsa - o gato proferiu.

Procurou algum isqueiro na sua inseparável bolsa, que ninguém sabia ao certo o porquê dele levar aquilo com ele independente do momento, retirou um isqueiro e verificou se a chama funcionava.

Poderia ter dito que não tinha nada para acender no momento, mas não conseguiu evitar sua curiosidade. Talvez tivesse algo mais interessante ali, mas preferia pensar que não daria em nada e manter sua ideia original de que era só um pedaço de mapa comum.

Pôs o papel sob o calor do fogo e pasmem! Algo começou a se revelar.
Um brilho dourado se revelou com a luz do fogo, mostrando uma tela pequena com a luz do fogo. Não era o que Félix esperava já que mensagens com tinta invisível normalmente não eram feitas com magia, mas foi igualmente surpreendente para ele, e também preocupante.

Em um reino doce estou junto aos governantes. Nunca acima! Nunca ao lado!

- Mais que porra é essa? - perguntou Cuphead que se aproximou, achando isso estranho.

- É uma dica - respondeu o Félix

- Talvez para o outro pedaço do mapa - cogitou Boris.

- É confuso... - disse o mais velho dos irmãos de porcelana.

- Essa é a intenção, por isso que ninguém encontrou até agora - explicou o felino.

- É, faz sentido - concluiu o garoto.

- Só precisamos desvendar a charada! - se animou Boris, ele gostava um pouco de charadas.

- Agora é tarde, vamos dormir - sugeriu Félix.

Os rapazes concordaram, enquanto Von Bon Bon não exitou em mostrar hospitalidade oferecendo quartos confortáveis, que felizmente não tinham camas feitas de doce. Cuphead não exitou antes de se jogar nos lençóis macios, preparado para uma tranquila noite de sono. Tudo ia bem, então fechou os olhos.

Era escuro, até que um pouco de luz surgiu e ele finalmente se deparou de pé em frente à uma versão sua, mas com algo estranho. Tinha olhos brilhantes, dentes afiados, um aspecto de loucura emanando de si mas a cor que Cuphead tinha no nariz e no canudo, que por algum motivo usava na cabeça, era diferentes, um tom de roxo.

- Quem é você? - perguntou confuso, no fundo sabia a resposta.

- Eu sou você.

- Não, não é.

- Nós dois sabemos que você não tem tanta certeza disso.

- Eu já disse que eu não sou você!

- Mas poderia ser... - sua outra versão afirmou alargando seu sorriso estranho.

- Isso não é verdade, eu não sei o que você é mas não parece nada bom.

- Talvez, depende do seu ponto de vista.

- O que você quer?

- É algo bem simples, vim te passar um recado. Você pode desistir agora e se entregar a nós ou morrer.

- Nós, quem?

- O inferno, seu lado maligno e o Devil é claro.

- Eu não tô muito afim.

- Que pena... mas eu vou te dar mais uma chance para reconsiderar.

Com um sorriso desconfortante apontou o dedo para ele, que de repente começou a emitir luz. Um disparo silencioso foi em direção a Cuphead, o derrubando no chão antes que pudesse reagir.

Ao abrir os olhos de novo, viu que sua contraparte estranha ainda estava afastada, mas agora era escuro novamente e não distinguia mais sua forma além dos olhos reluzentes, que agora estavam ao lado de um novo par de íris, que emitiam um brilho dourado hipnotizante.

- Então você se recusa? - perguntou o de olhos dourados, se aproximando.

- Pensei que tivesse deixado claro - retrucou o rapaz, sentindo de repente um peso sobre o peito, que aumentava mais enquanto o estranho se aproximava.

- Essa não é uma boa opção Cuphead, precisa se render, fugir, ir embora!

- Eu não vou fugir nem me juntar ao Devil! Eu não quero virar aquilo! - ele apontou para seu suposto "eu" os observando de longe.

A pressão em seu peito fica maior, sentia que havia algo em cima dele com as mãos em seu rosto, era fácil descobrir o que era tendo um par de orbes brilhantes o encarando de muito perto. Se sentia fraco e não conseguia se debater, sabia que aquilo era um mau sinal.

- Eu vou massacrar todos eles um por um, você não entende que pode mudar isso?

O rapaz o encarou sério. Aquela voz parecia preocupada e ao mesmo tempo soava como uma ameaça, e mesmo com a proximidade não enxergava a expressão em seu rosto.

- Se tentar alguma coisa eu vou ir atrás de você - ameaçou o de porcelana.

- Então eu não tenho opção... me desculpe, eu não queria isso Cuphead, mas você escolheu o jeito difícil então é isso que eu vou te dar - disse em um tom que parecia melancólico - pensei que fôssemos mais parecidos.

E antes que o jovem pudesse responder, o servente de Devil passou as mãos para seu pescoço. O ar não entrava mais em seus pulmões, queria se debater mas seu corpo estava paralizado enquanto sufocava. Entrou em desespero, sua voz não saia mais, mas de repente vieram batidas na porta.

A manhã era adorável, Cuphead acordou atordoado, sentia as mãos no seu pescoço como se realmente estivessem estado ali recentemente. Seu olhar perturbado não passou despercebido pelo irmão, que adentrou o quarto depois de se cansar de esperar pela resposta e julgou que o irmão ainda estivesse dormindo.

- Cup, tá tudo bem?

- Eu... acho que sim, só tive um sonho ruim.

Ao lado de fora do castelo em uma árvore de jujuba, estava a mesma sombra de olhos dourados, o olhando com uma expressão frustrada enquanto segurava uma garrafa com algo estranho dentro, um líquido, uma parte da essência do Cuphead armazenada sem forma, sem corpo. Aquele ser olhou o céu claro, não era fácil para ele se esconder naquele momento.

Ele colocou a garrafa perto de seus lábios, para que o que quer que estivesse lá dentro escutasse.

— Não fique bravo com isso... ele vai cair na real, um dia.

O líquido acaba vibrando, o ser começou a derreter e se dissipou como se nunca tivesse estado ali.

Nenhu amor vai ser inteiro se você não se amar primeiro
— Aline Pir —

ᖇᗩTÆᒪ O ᗪᗴՏᗴᖇTO ᗪᗴ IᑎKᗯᗴᒪᒪ _ 𝐂𝐮𝐩𝐡𝐞𝐚𝐝 𝐗 𝐁𝐞𝐧𝐝𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora