The guy on the Chiefs.

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Julho

Santa Clara, Califórnia — 02:00am.  

ᘛᘚ

Isso era tão adolescente...

Seu dedo indicador deslizou suavemente ao longo da borda da taça de cristal, traçando uma espiral mágica em torno do vidro arredondado até encontrar sua haste, que ela envolveu com a ponta da mão e a ergueu na altura dos lábios, onde o líquido adocicado escorreu, inundando seus sentidos com a mistura do sabor da uva e do álcool, aquecendo-a internamente.

Então, em meio à um piscar lento de cílios, revelando os primeiros vestígios de cansaço, talvez pelo gasto enérgico do dia ou pelo efeito dos cálices de vinho branco ingeridos, seu olhar retornou à tela do celular, explorando a página digital aberta em busca de algo novo, algo além do conhecido: um jogador de futebol americano, um rosto bonito.

Eventualmente, as madrugadas se tornaram suas companheiras íntimas, testemunhas silenciosas de suas inspirações e desilusões, momentos de criação e nocivas decisões precipitadas. E nesta em específico, isolada em um quarto de hotel à luz da lua, sua mente ainda agitada pelas horas de show, ela sentiu o calor tentador da impulsividade escalar todo o seu sistema nervoso.

Era o momento perfeito para tomar uma atitude estúpida.

E assim ela o fez, com os olhos fechados, se entregando à ilusão de que não fora ela quem decidiu, mas sim uma força superior. Um toque no ícone das mensagens diretas, e assim uma janela em branco se abriu, revelando o username engraçadinho dele em letras grandes ao lado do símbolo azul de verificação.

No entanto, quando o teclado se ergueu na tela, disponível para a digitação, ela hesitou, sem saber o que escrever.

Oh, que ironia! Logo ela, considerada uma das maiores compositoras de sua geração, sem palavras diante de um simples homem.

Porra. Isso era mesmo muito adolescente.

Bem, mas em sua defesa, ela se tornara uma armadura enferrujada pela passagem do tempo. Seis anos aprisionada em um relacionamento fechado - ao menos de sua parte - e meses imersa em um refúgio resgatado de uma antiga história. Ela mal se lembrava como se comunicar com um homem que estava, visivelmente, interessado nela.

Se as pessoas que a rotularam como uma vagabunda ao longo de seus mais de quinze anos de carreira soubessem que Taylor Swift se via perdida sobre o que dizer para um cara, elas não acreditariam. Afinal de contas, esta era a especialidade dela. Falar sobre homens, se relacionar com eles e depois relatar sobre como eles eram grandes idiotas.

Na penumbra de seu quarto, conforme o brilho da tela do celular desvanecia-se lentamente, à beira do repouso, Taylor mergulhava em reflexões conflituosas, fantasiando sobre onde aquela atitude poderia levá-la. Seu estômago embrulhou dolorosamente em reação às imagens imediatas e automáticas projetadas em seu cérebro, evocando memórias indesejadas martelavam sua mente dia após dia, levando-a de volta ao ponto de partida de suas angústias. A razão de seu simbólico estado vegetativo, como se tivesse se tornado apenas um corpo lobotomizado.

Ela se percebeu como concha oca, habitada por um vazio impenetrável. Nenhuma emoção humana conseguindo envolvê-la inteiramente, enfraquecidas após uma enorme sobrecarga. Em sua busca implacável por algo que a fizesse alcançar o ápice das sensações, Taylor gastou tudo de si mesma, até que não lhe restou nada. Exaurida, a mulher havia se transformado exatamente no que a acusavam nas ruas: um maldito robô, programado para vestir uma máscara de sorrisos e executar sua função nos estádios lotados ao redor do mundo.

the alchemy  | season 1Onde histórias criam vida. Descubra agora