One step, not much, but it said enough.

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Setembro

Kansas City, Missouri — 02:55pm.

ᘛᘚ

O tempo, esse artífice relativo, dançava ao sabor das emoções. Enquanto para alguns ele avançava em sua marcha habitual, para Taylor, em Kansas City, os dias voavam como em um piscar de olhos. Naquele quarto dia, mesmo sem feitos grandiosos, ela sentia que vivera intensamente. A presença de Travis era um elixir, um sopro que a envolvia, preenchendo-a completamente, embriagada pela química viciante que os unia, imersa numa bolha de encanto e desejo.

Juntos, não precisaram de grandes aventuras para criar memórias. Assistiam a filmes, jogaram cartas e tabuleiros, cozinharam e nadaram na piscina. A cantora, longe dos riscos da rua, preferia a intimidade serena ao lado do jogador. Haviam alcançado uma harmonia onde até o silêncio era confortável, cada um perdido em seu próprio mundo, ainda assim, desfrutando da mútua companhia.

Em suas conversas, mergulhavam nas profundezas da vida, compartilhando histórias de infância e planos profissionais. Descobriram uma paixão conjunta pelo cinema, divertindo-se com isso. Travis a fazia rir com facilidade e corava timidamente ao ser elogiado por ela.

Quando falaram sobre o período da faculdade, Taylor percebeu uma sombra de hesitação nos relatos de Travis, um véu de mistério que ele parecia não querer desvendar. Embora a curiosidade a tentasse a buscar respostas na internet, ela respeitava a decisão dele de manter certos segredos.

Ela também se aventurou por territórios emocionais, compartilhando sobre seu processo criativo, revelando como suas experiências pessoais influenciavam sua arte. Logo, a conversa se transformava em uma reflexão filosófica, onde expunha suas bases líricas, navegando entre sentimentos e inspirações.

Era uma tarde de sábado serena. Após alguns mergulhos na piscina, encontravam-se acomodados nas poltronas do gazebo, no pátio externo da mansão de Travis. Bem, acomodados seria o termo técnico, mas na verdade, estavam atracados um no outro. O tight-end, sentado com as pernas estendidas e os pés repousando na mesa de ferro, acolhia a cantora, que se deitava parcialmente sobre seu corpo, suas pernas encolhidas, com uma delas apoiada em cima das coxas dele.

Taylor segurava seu celular em uma mão, ancorado no peito do homem, que também lia o conteúdo exibido na tela. Ela compartilhava com ele algumas anotações aleatórias de suas letras, explicando o intricado processo de desenvolvimento. Travis lia alguns trechos em voz alta, empolgado por ter sido admitido naquele mundo tão íntimo e particular dela. Encantado, ele admirava a riqueza de detalhes mesmo em algo abstrato, as notas de rodapé que ela deixava com referências a melodias ou elementos da língua inglesa, demonstrando uma intelectualidade cultural impressionante.

De repente, ele se deparou com uma citação de Aristóteles. Tentou pronunciá-la, mas uma das palavras travou em sua mente. Gaguejou duas vezes antes de simplesmente desistir e se calar.

— Oh, as alegações sobre atletas não saberem ler... - Taylor murmurou com pena fingida, em tom provocativo, soltando uma risada tênue, na esperança de ser acompanhada pelo jogador de futebol. Mas tudo o que recebeu dele fora uma resposta que veio foi tingida de frustração.

— É por causa da minha dislexia - murmurou, o olhar baixando para o próximo trecho no bloco de notas, sem notar Taylor se retesando completamente em seu colo.

— O quê? - ela inclinou a cabeça, buscando o rosto dele, inspecionando vestígios de humor que indicassem que aquela era uma mentira. Ele apenas deu de ombros, confirmando a revelação, e assim fazendo o coração da loira se apertar de culpa. — Travis, eu não sabia, me desculpa. Foi uma piada estúpida, desculpa por ter sido ofensiva.

the alchemy  | season 1Onde histórias criam vida. Descubra agora