CAP. UM

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Era tudo escuro, sem vida, uma tortura privada, um pesadelo infinito, até mesmo os barulhos dos galhos se chocando com o vento era assustador

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Era tudo escuro, sem vida, uma tortura privada, um pesadelo infinito, até mesmo os barulhos dos galhos se chocando com o vento era assustador.

As únicas coisas que se moviam no gigantesco jardim eram os homens armados, atentos a qualquer invasão repentina — Não que tivessem chances, mas estavam ali — estavam prontos para uma briga, e esse era o problema, o que acontecia era guerra, não brigas de mão armadas.

O vento frio me fez encolher os ombros, erguendo meus olhos para o céu — a única parte bonita daquela vista morta — estava completamente estrelado naquela noite, próximo a lua, se encontrava Sirius, o mais brilhante, ofuscando todas as estrelas em sua volta.

Mamãe costumava me contar sobre as constelações e como foi a única coisa que não mudaram nas décadas vividas, Anora me dizia para ser como uma constelação, abrigando coisas bonitas e duradouras, brilhando no cair da noite, e sendo admirada por todo o distorcido mundo que vivíamos.

Eu não podia ser constelações, para a infelicidade de Anora Holtzmann, eu estava apagada no meio da escuridão, esperando apenas pelo momento em que toda a minha família espera, a morte.

Alguém bateu na minha porta, afastando os pensamentos ruins e indesejáveis, eu não olhei para trás, apenas continuei balançando os pés, fora da proteção da sacada só meu quarto, onde eu estava sentada, o parapeito era fino demais para me dá segurança, e por muitas vezes, minha mãe gritava comigo por eu correr o risco, mas eu não me importava, se eu caísse, acreditava que estaria fazendo um favor.

Mas para quem exatamente? Para mim? Talvez fosse, por que eu não aguentava mais viver aprisionada.

— Ahvi, por Deus! — Lerone exclamou, sua voz estava distante mas pude ouvir seus passos apressados para me alcançar — Sabe como ficar aí é perigoso menina.

— Sabe o que eu acho disso — Parei de olhar a única árvore frutífera do jardim para poder encontrar os olhos preocupados da mulher que era responsável pelo meu bem estar.

— Adora correr perigo — Ela segurou minha mão para me incentivar a descer — Mas nem todos devemos correr

— Bobagem — Franzi o nariz quando meus pés descalços tocaram o chão frio.

Era uma ironia completa que assim como todo o país de Velour, aquela casa fosse sem vida e os corredores fossem assustadores, principalmente a noite, mas era claro, os demônios mortos no porão subiam para atormentar a todos durante a madrugada, e tudo isso, era culpa do meu pai.

Eu só desejava não ter sangue Holtzmann, e não me importava com o que falavam desses meus pensamentos.

— Estão todos esperando para jantar, desça logo — Avisou Lerone, enquanto me entregava meus saltos de fivela.

Afirmei com a cabeça e me calcei, antes de sair do quarto verifiquei meu vestido da cor verde água e meu cabelo umas duas vezes, por que a princesa da família não podia ter nenhum erro.

Me Encontre Na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora