O Prisioneiro de Azkaban: Regulus Black, O Mestre de Poções (Livro 3)

Capítulo 37

A vida é algo tão louco, complicado e avassalador em alguns momentos que Remus tem quase certeza de que não poderia explicar mesmo se tentasse. Em um momento ele estava sentado em uma poltrona confortável da bela biblioteca em Grimmauld Place, um lugar aliás que ele nunca imaginou passar o dia quem dirá nos últimos meses, quando do absoluto nada o lugar é invadido por um furacão.

Furacão que ele carinhosamente chama de Pads, mas é mais conhecido como Sirius Black, gritando com o irmão mais novo — que também estava lendo em uma poltrona próxima —, tudo foi confuso, normalmente é quando os dois estão discutindo, misturando inglês e francês e dane-se quem estava por perto para tentar acompanhar.

Acusações foram feitas, algumas que pareciam tão estranhas que Remus não pode imaginar de onde Sirius as tirou. A principal: Regulus Black está apaixonado por ele. E na cabeça de Sirius o sentimento é recíproco.

Se Remus não estivesse tão chocado ele com certeza estaria rindo do absurdo disso. Ele acha que em algum nível poderia dizer que ele e Regulus se tornaram amigos, não foi fácil e com certeza eles não estão sentados apenas conversando sobre coisas pessoais e íntimas ou mesmo pedindo conselhos um ao outro, mas também não são hostis ou grosseiros um com o outro. Se você conhece Regulus Black sabe que isso é o mais amigável que ele pode ser.

Bom, é o que Remus pensava até reencontrar Regulus em Hogwarts e ver que o pequeno irmão de Sirius consegue realmente ser legal e amigável com as outras pessoas, não só com os outros Sonserina.

É impressionante, mas não consegue fazer com que a ideia de Sirius sobre Regulus e ele se torne compreensível. Então ele só ficou ali, quieto enquanto os dois discutiam aos gritos porque Black são inimigos de discussão e debates em um tom de voz normal quando isso é contra outro Black.

Mesmo que sua mente retornasse a todas as interações que teve com Regulus, Remus não via como Sirius chegou a essa conclusão. E por que de qualquer forma isso o irritava tanto? Um lado dele, aquele que sempre se odiou, imagina que é porque Sirius não quer que seu irmão se rebaixe a ter um relacionamento com alguém como Remus, um pobre lobisomem.

Outro lado o manda só calar a boca porque Sirius é seu amigo desde os onze anos e ele jamais o fez se sentir inferior. Pobre? Sim, Sirius e James eram pirralhos ricos no final do dia. Mas nunca fez isso parecer um defeito ou algo ruim realmente.

— Um cego consegue ver que você está apaixonado por ele — Regulus respondeu a outro grito.

A respiração deixou completamente os pulmões de Remus e ele não conseguiu formular nada em sua mente, porque isso só poderia ser um sonho louco, certo? Isso explicaria muita coisa, mas o mundo ao seu redor está muito nítido, ele pode ver detalhes — como as vinhas verdes no desenho do papel de parede branco — que ele nunca notaria ou realmente teria relevância o suficiente para estar em seu sonho.

Sirius alcançou um vaso que estava decorando o lugar e o jogou no chão deixando Regulus tão chocado que o mais novo deu um passo para trás, seu olhar para o irmão era se perguntasse se Sirius está louco, mais louco considerando que Regulus já o chamou de metade dos sinônimos de louco nos últimos minutos.

— Como posso me acalmar vendo ele roubar o amor da minha vida?

— O quê? — Remus sussurrou tão baixo que claramente não foi ouvido.

Sirius estava falando dele? Sirius realmente o amava? Depois de vinte e três anos de amizade, ao menos dezoito deles Remus passou apaixonado por Sirius, talvez ele tenha se apaixonado desde o primeiro momento mas era jovem demais para entender seus sentimentos. Ele nunca pensou muito nisso, já era assustador o suficiente entender que estava apaixonado por seu melhor amigo hétero, ainda mais quando ele tinha certeza que também era.