03 de maio — 13:12
Sexta-FeiraAndei de um lado para o outro naquela sala de espera sentindo que estou na beira de um colapso. Tem um bom tempo que levaram Zahara desmaiada lá para dentro e até agora não me deram notícias nenhuma dela, na tensão dela desmaiada no meu colo esqueci meu celular na casa, não tenho como avisar ninguém e agora é melhor deixar como está, não sei o que está acontecendo e falar para eles sem uma notícia de fato só vai piorar as coisas.
Eu estava me arrumando para trabalhar, deixei ela dormindo e me assustei ouvindo os gritos e o sangue, minha cabeça está com um nó, não consigo pensar no que pode estar acontecendo e o silêncio me deixa mais em pânico ainda.
— Licença, eu sei que já vim aqui muitas vezes mas tem certeza que ainda não tem notícias dela? — Perguntei pela sétima vez, a mulher baixinha já não aguenta mais ver a minha cara nessa recepção.
— Não, senhor. Ainda não fomos informados do estado da paciente mas assim que tivermos notícias irei informá-lo. — Bufei impaciente agradecendo e voltei para onde estava.
Passou mais meia hora, eu estava a ponto de sair procurando sozinho informações quando o médico que atendeu ela apareceu. Levantei rápido me aproximando dele e de cara deu para perceber que alguma coisa tinha acontecido, a cara que o homem fez, o sorriso fraco cauteloso me deixou logo em alerta.
— Ela está bem?
— Vai ficar. — Franzi o cenho. — Vou levá-lo para vê-lá e explico melhor toda a situação. Ela está dormindo por conta dos medicamentos, deve acordar em breve.
— Tudo bem. — Murmurei respirando fundo. Segui o doutor até o quarto e me aproximei da maca passando os dedos nos cachos bagunçados da branquela. O rosto ainda estava meio pálido. — O que aconteceu? — O olhei.
— A paciente sofreu algum momento de estresse forte nesses últimos dias?
— Estresses normais do dia, só hoje que foi um dia bastante agitado para ela, aconteceu muitas coisas... mas o que isso tem a ver com o desmaio? O sangue?
— Pelas falas do senhor acredito que não tinham conhecimento da situação atual da sua namorada...
— Situação atual? — O cortei agoniado com tanta enrolação. — Me desculpa, doutor, mas poderia ir logo para o assunto? Não sei se percebeu mas estou ficando mais agoniado do que antes.
— Certo, me desculpe. — O mesmo coçou a garganta suspirando. — Zahara estava grávida de três semanas, o feto ainda era muito recente e os fortes momentos de estresse acabaram acarretando um aborto espontâneo. Tentamos de tudo para manter a gestação mas os primeiros três meses são essenciais para uma gravidez, é necessário evitar essas situações e manter repouso, eu sinto muito.
Ouvir aquelas palavras foi como um soco no meu estômago, ouvi um zumbido em meu ouvido e precisei sentar. Grávida? Seríamos pais?
— Tragam um copo de água para ele, por favor. — Sua voz estava longe, eu estava tentando raciocinar o que aconteceu mas dói, e muito. — Beba, está pálido. — Me entregou. Levei o copo com as mãos trêmulas até os lábios e tomei um gole. — Entendo que é uma situação delicada e mais uma vez eu sinto muito, mas precisa ser forte, Zahara ainda não sabe.
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Nosso jeito de amar
RomanceZahara saiu de um noivado arruinado por uma traição, focada em seu trabalho como professora não imaginava que um vizinho novo faria sua vida, agora calma, voltar a ser agitada. João Victor retornou para sua cidade natal depois de cinco anos, com a...