Capítulo 5: Fechadura Tampada

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     Dumon Silapin. Meu coração ainda parecia parado quando vi alguém saindo do armário de vassouras. Por um instante, na verdade, quase pude sentir que o maldito órgão não queria sequer tentar. Tive apenas um segundo para definir o que achava daquela situação. Era uma figura conhecida, o maior pintor do Império surgiu em meio ao caos da noite com um sorriso esperto no rosto e o típico ar esnobe. Alto, esguio, a pele morena e os olhos de um castanho escuro eram a fisionomia típica do povo de Kallith em sua forma mais aprimorada. De fato, Dumon era conhecido por ser belo e gostar de coisas belas e ricas, elegantes, como a roupa que usava no momento. Mas era o perigo escondido no olhar e nos gestos suaves, a atenção total disfarçada no ar desinteressado, a leve crueldade na forma como analisava as pessoas, que me fazia colocar as mãos prontas para um feitiço a qualquer momento.

     Liene sumiu, questão de poucos minutos. Em um instante eu saí da porta do quarto ouvindo que ela tinha uma visita, então decidi pedir a alguém um chá antes de acompanhá-la para o baile e não encontrei ninguém. Nos 10 minutos que procurei por qualquer alma viva, suas damas de companhia foram nocauteadas ao chão, Liene desaparecera e nem sinal de quem havia realizado o ato.

     A voz dentro do quarto era de Malila Silapin, então, ali, olhando Dumon enquanto ele não virava para me ver, tive que decidir entre suspeitar dele e da família, ou acreditar que sua mãe também foi levada.

     — Você! — Observei enquanto ele perdia parte da pose e piscava para mim como se não esperasse me ver ali. — O que faz aqui? Responda agora e não mova um músculo.

     — Estou apenas esperando por uma pessoa, Vossa Alteza não precisa se preocupar. — Um sorriso largo cobriu seu rosto me deixando surpreso por um instante. Silapin's não costumam sorrir. Dumon nunca sorria.

     — Posso saber de quem se trata?

     — Vossa Alteza não precisa ter ciúmes, não há ninguém mais importante.

     Parei por alguns instantes, o choque do momento quebrando toda a postura que eu ainda tentava manter. Olhei culpado para ele enquanto desenhava no ar, as mãos as minhas costas, os símbolos da verdade cobrindo o ambiente enquanto torcia para que ele não notasse.

     — O senhor não faz ideia do que está acontecendo, não é? Não faz ideia de que pessoas sumiram.

     — Não. — Se a magia não me avisasse da veracidade de suas palavras, suas reações seriam o bastante. Levemente mais pálido, o sorriso sumindo do rosto, o olhar alarmado. Não precisei falar nada para que ele corresse, pegando meu braço enquanto passava por mim, e me levasse de volta ao quarto.

     — Ela sumiu. — Eu disse quando ele parou diante da porta olhando para o caos adiante. Sua postura era calma, serena até, porém pude ver o desespero passar por um instante em seu olhar. — Podemos nos unir. Se nos dividirmos podemos encontrá-la, não temos nada a perder.

     Ele me ignorou entrando na pequena sala e analisando tudo, avançou parando diante da porta do quarto e colocou um quadro caído de volta na parede.

     — Liene não sairia daqui sem fazer barulho ou lutar, ela foi levada por alguém que confia. — Ele ainda estava de costas olhando para as empregadas. — Elas foram as pessoas que lutaram, pela disposição dos móveis e a bagunça.

     — A única pessoa que ouvi aqui dentro antes de tudo isso acontecer foi a sua mãe. — Ele retesou o corpo e virou para trás devagar. — Isso coloca você como suspeito novamente. O que veio fazer aqui essa noite?

     — Estava aproveitando o evento para entrar e visitar duas pessoas importantes para mim. Liene era uma delas.

     — Como pode ser? Ela nunca falou absolutamente nada sobre você, sua mãe é a única que ela tem contato na sua família. — Foquei novamente na magia, esperando uma resposta que demorou a vir.

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