Man of Golden Words

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Where would I live, if I were a man of golden words?

Or would I live at all?

— Man of Golden Words, Mother Love Bone

***

Nova Iorque, 17 de agosto de 1990

As lojas de discos eram mais charmosas quando não possuíam discos e vinis com seu rosto, e os do resto da banda, estampado nas vitrines. Nico chegou a essa conclusão enquanto fazia uma caminhada noturna. Havia um peso invisível em seus ombros, como se em cada passo estivesse carregando correntes sólidas e sua mente escorria o cansaço.

Thalia ainda estava em sua casa, havia saído para comprar alguns analgésicos, decepcionando qualquer um que esperasse que um rockstar tivesse qualquer tipo de drogas ao seu redor. Claro que Nico já teve seus frenesis, ele tinha que ser todos os clichês ao menos uma vez, ainda mais quando se está no começo de tudo e cheirava algumas carreiras enquanto assinava o contrato que mudaria sua vida.

Perifericamente, Nico conseguia sentir os olhares recaírem sobre si. A vizinhança era conhecida, pessoas ricas e reservadas, que o julgava e proibiam os filhos de assistirem à TV caso os Savage Kings estivessem nela, mas pelo menos, não incomodava. Nico não conseguiria contar as vezes em que os velhos pais com o espírito do antigo rock sendo contidos por suas esposas de aproximar de sua pessoa, e tudo que ele deixava para trás era o sorriso sarcástico de como quem não precisasse do consentimento delas para nada. Os seus sorrisos de insatisfação era o prêmio final.

O cantor também ignorou o olhar de pena e preocupação que o farmacêutico lhe dera enquanto entregava os comprimidos, como se no próximo dia ele estampasse a foto de capa dos jornais, mas Nico apenas revirava os olhos enquanto saia do local e colocava os remédios no bolso de sua jaqueta. Se ele quisesse remédios para certos fins, tinha os contatos certos para ligar e que não importaria em vender além de certa quantidade.

Quando finalmente chegou em seu apartamento, ficou surpreso por Jason ainda estar lá. E ainda parecer um cachorrinho que havia acabado de cair da mudança. Menos agressivo, provocativo, e sóbrio até os limites da lei. Embora estivesse incomodado — e curioso, porque Jason nunca o procurou sem que houvesse nada em seu sangue — com a presença do guitarrista, preferiu o silêncio do que expulsá-lo dali.

Jason tinha Thalia deitada em seu colo com a almofada de Nico servindo de travesseiro. Acariciava os curtos fios da irmã enquanto Nico ia até a cozinha pegar um copo de água para ela.

— Beba — ordenou.

Thalia levantou dando certos resmungos pela dor que o movimento havia causado, mas bebeu sem pestanejar, e depois voltou a deitar.

— Se quiser, pode se deitar na cama — ofereceu Nico somente a Thalia.

Embora não quisesse ser rude em respeito a amiga, deixou bem claro que Jason não era bem-vindo ali.

— Eu vou... depois — disse ela.

Nico assentiu e foi para o outro sofá.

— Até quanto tempo para Annabeth descobrir isso? Isso se ela já não sabe — Nico perguntou.

— Não é o momento para perguntas, di Angelo! — vociferou Jason.

— Cale a merda da boca, Grace! — ele berrou de volta.

— Não comecem vocês dois, seus merdinhas! A minha cabeça está explodindo! — Thalia grunhiu.

O di Angelo se conteve, mas lançava olhares afiados para o outro.

Apoteótico | SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora