Good Enough

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omg, apenas 5 visualizações para 1k de leitura!! muito obrigada por lerem <3 xoxo

I've made mistakes

That I'm sure I'll make again

— Good Enough, Mudhoney

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Nova Iorque, 25 de agosto de 1990

Crescendo em um lar religioso, Nico ouviu, várias vezes, que Deus concedia dons para as pessoas. Como um talento, o dom era o que fazia a pessoa agraciada a receber a capacidade do conhecimento ou da sabedoria, por exemplo. Quando seus pensamentos eram elevados para esse assunto, seu eu mais jovem sempre se perguntava quando o seu dom iria ser desperto. Para seu infortúnio, a confirmação nunca veio, porque havia tantas preocupações, que descobrir o que era capaz já não era tão importante.

Todavia, Nico gostava de buscar nas pessoas quais eram seus dons. Sua mãe, por exemplo, tinha o dom de acalmar as coisas. Não importava o quão difícil era a situação, Maria sempre possuía uma palavra acalentadora que despertava boas emoções enquanto as ruins se esvaeciam, e a mulher fazia aquilo com tanta facilidade, que Nico mal tinha lembranças da dor de um joelho ralado ou de um hematoma na testa.

Seu pai, embora não fosse uma pessoa tão calorosa, era sábio em suas palavras, buscando um equilíbrio entre as coisas através de boas soluções. Por isso nunca questionou muito as decisões do homem, já que de modo algum aparentavam ser más decisões.

Quando Will atravessou a sua vida, não foi diferente. Logo percebeu que aquele menino barista era um sonhador, que fazia de tudo para alcançar seus objetivos, não havia ninguém mais prestativo do que ele e sua simpatia. O cantor gosta de acreditar que foi por essas coisas, entre outras, que ele se apaixonou, sendo estas os mesmos fatos que, agora, ele não consegue esquecê-lo.

Diziam que a primeira paixão é a mais difícil de ser superada, e Nico não poderia discordar menos. Não quando sua mente vagava até Will, o único que tinha a capacidade de enxergar Nico nu sem precisar desabotoar suas roupas. O único que havia percorrido por cada poro de seu corpo. O único que explorou cada centímetro de sua alma. Will era como a ponte entre a consciência e a vida, e a sua brusca partida era como o fim do oxigênio na vida.

E Nico tinha toda licença poética para dizer isso.

O caderno em branco o encarava de volta. Nico se recusava a escrever por semanas. Não conseguia escrever sobre o fim de uma história trágica. O seu apego por um passado em que um dia reluziu era mais forte que a possibilidade de escrever.

Eles eram nada.

Ou eles eram tudo.

Aquele era mais um dia em que Nico buscava pela paz, que torcia com todo o seu ser pela harmonia. Que a caneta escorregasse pelas linhas e saísse uma melodia. Se recusava não ficar amargurado, mesmo que não fosse a primeira vez que aquilo acontecia.

Desanimado, seus pés o levou para o telefone ao lado de sua cama. O número de Rachel era uma sequência gravada em seu cérebro, mas quando a infame mensagem da secretária eletrônica foi ouvida — "Alô? Você está falando com uma máquina. Minha dona não está precisando de uma enciclopédia, de uma nova janela ou de uma banheira. O carpete da sala está limpo e ela já fez doações de caridade este ano. Ela também não precisa tirar fotos para um álbum. Se você ainda está comigo, queira deixar seu nome e telefone, ela te telefonará assim que for possível." —, outro número tão conhecido por ele foi discado, e, dessa vez, teve resposta.

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⏰ Última atualização: Jun 23 ⏰

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Apoteótico | SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora